Talvez
seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/03/simon-bolivar-de-gabriela-pellegrino.html antes de ler esta
postagem:
Bolívar, como tantos filhos de abastadas
famílias criollas, partiu para a Europa, onde completaria os seus estudos.
Contava 14 anos quando iniciou sua carreira militar... Em 1799 viajou com
destino a Madri, tendo passado por México e Cuba. O jovem carregava a
frustração de um relacionamento amoroso mal resolvido... Foi mesmo incentivado
à viagem pelos tios tutores. Na Espanha conheceu um novo círculo de pessoas
influentes com as quais frequentou a corte de Carlos IV...
Casou-se com Maria Teresa
de Toro... As complicações políticas que envolveram Estebán Palacios (seu tio
anfitrião) o fizeram retornar à Venezuela, onde, depois de 8 meses, Maria
Teresa faleceu vitimada pela febre amarela.
Bolívar preferiu retornar para a Espanha... Em Cádiz reencontrou o pai
de Maria Teresa, que também era Venezuelano. De lá seguiu para a França, onde
ocorriam agitações revolucionárias... Em Paris conviveu com Alexander Von
Humboldt e Aimé Bonpland, que haviam realizado expedição científica pelo rio
Orinoco, na Venezuela.
Em Viena, Bolívar encontrou
Simón Rodríguez (seu antigo preceptor)... Partiram para a Itália, onde
assistiram a coroação de Napoleão Bonaparte (1804)... Essa “nova coroação do
imperador” despertou em Bolívar sua aversão à Monarquia e, ao mesmo tempo,
contribuiu para efetivar suas convicções republicanas.
Em 1807 retornou para a
Venezuela... No ano seguinte as tropas francesas ocuparam a Espanha... Essa
situação nos remete ao contexto em que havia sido decretado o Bloqueio
Continental de 1806... Mas é certo que a Coroa espanhola também estava
fragilizada devido à disputa entre Carlos IV e o filho, Fernando... Este
assumiu o trono (como Fernando VII), mas devido à invasão francesa, abdicou em
favor de José Bonaparte... Na América, os Cabildos de várias localidades
formaram Juntas de Governo, de modo a preencher o “vazio de governo” e
solucionar as questões administrativas, além de solucionar problemas políticos
locais.
* O Cabildo era um Conselho
criado pela Espanha para garantir a organização político administrativa em
cidades e vilas das terras coloniais. O Conselho regulava o cotidiano dos
colonos e fiscalizava, como o afirmado à página 42, as propriedades públicas (terras
comunais e ruas...). Cada vez mais os Cabildos passaram a ser constituídos por
pessoas da elite porque os cargos públicos se tornaram ocupados por gente que
tinha condições de comprá-los da Coroa. As elites das várias regiões usaram a
instituição para exercer pressão sobre as autoridades espanholas nos
Vice-Reinos ou mesmo em Madri.
Na Espanha houve
resistência à invasão estrangeira. Não poucos esperavam a restauração da Coroa
espanhola... Em Sevilha foi criada uma “junta central” que concentrava essa
intenção, mas ela foi dissolvida em 1810 como resultado dos avanços das tropas francesas
em Andaluzia. No lugar da Junta formou-se um governo regencial com a missão de
elaborar uma Constituição ao país. Assim, foram eleitos deputados na Espanha e
também na América.
Em 1812 foi aprovada a Lei
que previa a restauração da Monarquia e, nesse caso, inspirada pelos ideais
iluministas, limitava os poderes do rei... Mas no que se referia às colônias na
América, a Constituição era conservadora, pois mantinha restrições comerciais e
de representação política dos criollos.
Obviamente essa situação
desagradou aos representantes que atravessaram o Atlântico para as Cortes
(Assembleia Constituinte). Mas é certo que as limitações impostas à Monarquia
impulsionaram o desejo de autonomia nas colônias, onde (aos poucos) as diversas
Juntas de Governo articularam a intenção de emancipação.
Para muitos, como é o
caso de John Lynch, as proposições emancipacionistas em meio às colônias
espanholas se alinhavaram em fins do século XVIII, quando ocorreram as “Reformas
Bourbônicas”, ao tempo de Carlos III (1759-1788). Os Habsburgos haviam sido
substituídos e os reis Bourbons procuraram centralizar o controle sobre as
colônias na América... “Sentimentos Americanistas” foram despertados entre os
colonos que se mostraram insatisfeitos com as pressões fiscais, administrativas
e comerciais... Os episódios marcados pela invasão francesa aqueceram a
animosidade, que resultou em luta pela independência.
Há
outros, como Tulio Halperin Donghi, que entendem que é claro que as reformas do
tempo de Carlos III provocaram ressentimentos, mas o processo emancipacionista
se explica mesmo pela invasão de 1808 e o “cativeiro de Fernando VII”... Para
esses, os ideais de libertação despontaram aos poucos e foram alavancados após
o Bloqueio Continental de 1806.
Continua em https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2013/03/simon-bolivar-de-gabriela-pellegrino_26.html
Leia: Simón Bolívar. Fundação Memorial da América Latina.
Um abraço,
Prof.Gilberto