Talvez
seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/03/decamerao-de-giovanni-boccaccio-quarta.html antes de ler esta
postagem:
O jovem monge foi autorizado a sair... O abade pensou
sobre as providências a tomar em relação à gravidade do delito... Pensou sobre
a possibilidade de chamar os demais religiosos para que testemunhassem a prova
contra o rapaz... Mas ponderou que talvez fosse melhor ele mesmo averiguar a
situação com a mulher, pois ela bem podia ser esposa ou filha de algum homem ao
qual não pretendia envergonhar perante a comunidade.
Cuidadosamente ele se
dirigiu à cela do infrator. Entrou e trancou novamente a porta com
naturalidade... O velho abade observou a moça atentamente por alguns instantes e aos
poucos foi sendo tomado de “desejos ardentes”... Então pensou que não estaria
errando se aproveitasse o “presente enviado por Deus”. A situação era oportuna,
pois ninguém sabia que a mulher estava ali... Pensou mesmo que “pecado oculto é
pecado meio perdoado”... Ninguém saberia do episódio que provavelmente não
ocorreria novamente.
A situação que seguiu foi de pleno êxito do abade que havia mudado de
planos... A moça entrou em desespero... Mas gentilmente ele pediu que ela não
chorasse... E entreteve-se com ela... O jovem monge não seguiu para o bosque
conforme o velho abade imaginava. Ele permaneceu escondido e viu que o outro
entrou em seu quarto... E viu e ouviu através de um orifício tudo o que lá
aconteceu.
O abade retirou-se do
quarto do jovem monge, onde deixou a moça trancada. Ele voltou para o seu quarto
e calculou que poderia continuar desfrutando de sua aventura amorosa sem que o
rapaz o incomodasse... Ao notar que o jovem retornava, mandou chamá-lo para falar-lhe
graves palavras (provavelmente referentes ao problema da lenha) e mandá-lo ao
cárcere.
Ao ouvir a reprimenda do
abade, o jovem monge argumentou que ainda estava se habituando à disciplina da
Ordem de São Bento... Disse que sabia dos jejuns e vigílias que todos deviam
fazer, mas desconhecia o “ter de se mortificar pelas mulheres”... Insinuou que
tinha acabado de flagrar o outro... Completou dizendo que desejava ser perdoado
para não ter de proceder como ele.
As palavras do moço
foram suficientes para o velho abade reconhecer que o rapaz, além de saber dos
seus planos, testemunhou tudo o que fizera... Então ele sentiu-se envergonhado
e não teve coragem de impor ao subordinado o castigo que ele mesmo merecia...
Assim, o perdoou.
E
não foi só isso. Acertaram um acordo "informal"... Por inúmeras vezes deram um jeito de a moça retornar ao
mosteiro.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/04/decamerao-de-giovanni-boccaccio-quinta.html
Um abraço,
Prof.Gilberto