quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Tempo de Esperas, de Fábio de Melo (PE.) – “ter fé é viver em estado de abertura para que Deus aconteça”

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/08/tempo-de-esperas-de-fabio-de-melo-pe.html antes de ler esta postagem:

Alfredo demorou a enviar nova carta para Abner. Suas aulas retornaram e o rapaz se via cada vez mais engajado em diversas atividades relacionadas ao jardim... Envolveu-se de tal forma que, naquele ambiente, perdia a noção do tempo e ficava sem saber ao certo qual fragmento do dia vivia.
Escreveu sobre como se divertiu no recorte da grama e sua plantação... Contou que por aqueles dias dois vizinhos se aproximaram e colaboraram com ele. Um deles era dado a narrativas que chamavam a sua atenção... O pai tornou-se um parceiro e se dispôs a criar um sistema de irrigação para o gramado...
O moço tratou também de um episódio em que notou a mãe mergulhada em profunda reflexão... De repente ela disse que “não é à toa que Deus começou o mundo plantando um jardim”. Aquilo fez Alfredo pensar sobre a serenidade da mãe... Ele sentiu que precisava de conforto semelhante... Precisava de Deus?
Relatou que gostaria de vivenciar a mesma crença do professor, mas para ele não era fácil... Talvez tivesse nascido ateu... Talvez não fosse capaz de crer...
Finalizou lamentando não poder comentar a última carta do amigo... Confessou que havia chorado ao conhecer mais sobre a história de Abner e Flora. Depois revelou que ainda sentia muita falta de Clara... Para ele, o seu “verdadeiro eu” fora subtraído de si com a partida da amada.
Em sua resposta, Abner parabenizou mais uma vez o rapaz pela aplicação devotada ao jardim. Explicou que o cotidiano trato da terra e sementes reforçaria a sua condição de “eternizar o momento presente”. O tempo não o reprimiria mais... E o cultivo do jardim poderia proporcionar o seu resgate, já que ele afirmara que Clara levara consigo o seu “verdadeiro eu”.
O professor destacou que temos a necessidade de exercitar a reflexão sobre se (até que ponto) estamos ou não “ausentes de nós mesmos”. Estamos sempre correndo riscos porque não cuidamos muito do que falamos, vemos, ouvimos ou lemos... Essas ações podem nos levar a ausentar-nos daquilo que somos... Então “precisamos retornar” e isso se faz com sincera autoavaliação...
Como tenho me comportado? O que tenho dito? Minhas leituras contribuem para o Bem de que necessito em meu convívio com os outros? Meus atos tornam-me íntegro? No processo de autoavaliar-me torna-se necessário “juntar os cacos”, recompor-me para (eventualmente) não permanecer corrompido.
Abner ateve-se principalmente às considerações que Alfredo fez sobre Deus e Religião. O professor registrou que ele próprio fora incrédulo e que pensava que o ateísmo caracterizaria o “bom filósofo”... Porém chegou à conclusão de que Deus existe. Apresentou sua interpretação. Quis mostrar que, em se tratando de Fé e Religião, as perguntas são mais pertinentes do que a “busca por respostas”...
Escreveu sobre sua experiência registrando que numa certa ocasião em que lidava com alfaces, sentiu uma repentina vontade de chorar... Considerou a fragilidade das plantas e sua total dependência em relação a ele, o jardineiro... Encarou o episódio como um fenômeno que se relacionava a motivo oculto, completamente desvinculado de razão.
O professor dispensou algumas linhas para definir os tipos de teólogos que conhece... E registrou que não se deve temer a incredulidade... “Ter fé é viver em estado de abertura para que Deus aconteça”.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/08/tempo-de-esperas-de-fabio-de-melo-pe_11.html
Leia: Tempo de Esperas. Editora Planeta.
Um abraço,
Prof.Gilberto 

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