quarta-feira, 15 de agosto de 2012

"Os Mandarins", de Simone de Beauvoir. Repercussão da provável aliança L’Espoir-SRL; discussões no comitê do movimento

De volta ao escritório, Henri recebeu a visita de Lachaume (que normalmente aparecia ali para falar com Vincent). Lachaume, sem maiores rodeios, protestou contra o que vinham dizendo sobre “L'Espoir se enfeudar ao SRL”. Henri disse que ainda não havia nada definido... As reclamações de Lachaume eram sobre o SRL estar cada vez mais vinculado ao movimento anticomunista... Mas Henri questionou sobre a realidade dos fatos, já que Dubreuilh dizia as mesmas coisas que ele, mas ao mesmo tempo em que Lachaume “cobria L”Espoir de flores”, demonizava o outro. O rapaz argumentava que o meeting e o suporte do jornal tornariam o SRL muito forte, e isso desorganizaria o PC... E prosseguiu afirmando que o SRL já se declarara contra o PC anteriormente.
Henri perguntou se o movimento tivesse um tamanho insignificante, e permanecesse à sombra do PC, não seria tolerado... Lachaume desconversou, disse que estavam de olho no SRL e que o apoio do jornal o tornaria muito perigoso... Henri disparou que Scriassine tinha razão quando dizia que não havia como trabalhar com o pessoal do PC... Lachaume insistia que L’Espoir deveria permanecer independente, no entanto seu intento era apenas o de manter o PC como principal movimento de vanguarda... Ele finalizou dizendo que o SRL jamais conseguiria conquistar o proletariado, e que trabalho sério Henri poderia realizar junto ao PC. Farto daquilo, Henri o dispensou dizendo que precisava encerrar um artigo.
Dubreuilh havia sido procurado pelo comunista Lafaurie, que tentou dissuadi-lo da ideia do meeting... Henri concordava que o SRL não deveria retroceder... O início da “primeira primavera dos tempos de paz” estava marcado por essas inserções políticas... Em meio ao comitê para tratar desses assuntos, Henri ouvia as opiniões de seus camaradas... Lenoir defendia a posição dos comunistas contra o meeting; Savière concordava que o PC era tirano e isso devorava o movimento de esquerda; Samazelle não via desacordos, apenas as questões práticas deviam ser esclarecidas por ambas as partes. Ele era o mais eloquente e defendia um meeting em que os discursos não agredissem ao PC... Henri alimentava certa desconfiança em relação a Samazelle, considerava-o um politiqueiro, e não sabia a qual dos lados o moço penderia no caso de ataques vindos do PC. Observou que Bruneau e Morin eram tipos “sinceros, mas hesitantes”... Bem parecidos com ele mesmo que, nos dizeres de Lachaume, transpira suas intenções políticas sem abrir mão do individualismo.
O comitê do SRL votou favoravelmente à realização do meeting... Samazelle se aproximou de Henri e disse que seria bom para o SRL que o comício desse certo, e que o jornal faria a diferença... Ele estava cobrando uma resposta de Henri, que o advertiu que já havia mostrado que precisava de “alguns dias”... Mas as palavras do outro eram as de alguém que cobra insistentemente uma tomada de decisão... Henri cumprimentava a todos enquanto refletia sobre os laços de amizade que mantinha ali... Notava cada vez mais que os vínculos dependiam da concretização da aliança que esperavam de L’Espoir.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/08/os-mandarins-de-simone-de-beauvoir_16.html...
Leia: Os Mandarins. Editora Nova Fronteira.

Um abraço,
Prof.Gilberto

Páginas