quinta-feira, 16 de agosto de 2012

"Os Mandarins", de Simone de Beauvoir. Vincent participa de gangue assassina

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/08/os-mandarins-de-simone-de-beauvoir_15.html antes de ler esta postagem:

Depois do comitê do SRL, Henri Perron seguiu de carro para o escritório de Vigilance, onde Dubreuilh afirmou existirem manuscritos para leitura e posterior contato com os autores. Henri lembrou que fazia tudo isso muito apressadamente, sendo assim, admitia que não realizava satisfatoriamente suas tarefas. No escritório encontrou-se com Nadine, que passou-lhe os vários envelopes, cadernos e livros para serem analisados. A moça resolveu que ficaria com o texto do jovem autor Peulevey. Gostaria de ler e, como marcaram um encontro para as dez da noite, depois entregaria mais este texto a Henri.
Nadine gostaria de encontrá-lo antes, no Marconi, onde os amigos festejariam a queda de Berlim. Henri lamentou não participar, principalmente porque a casa contava com novos discos de jazz... Tinha compromisso com Tournelle à tarde, pois devia satisfações ao velho das Viernas (de Portugal).
Despediu-se de Nadine pensando sobre os prazeres que acabara de dispensar (conversa com os amigos, bebida ao som do jazz...). Talvez passar a noite com Nadine no hotel localizado à frente do jornal compensaria a intensidade de seu “dia sério”. Antes da conversa com Tournelle começaria o editorial no jornal... Ao estacionar, notou a alta quilometragem no odômetro do carro, 2327, o que significava que alguém deveria ter percorrido 225 quilômetros na última noite. Pensou em quem poderia ser e concluiu que Vincent devia ter estado com o carro (Lambert estava na Alemanha; Luc estivera no jornal)... A questão era saber o que o teria feito percorrer 225 quilômetros... Na sala de redação encontrou o rapaz.
Subitamente, Henri recordou-se de uma matéria do France-Soir sobre o assassinato do doutor Baumal, um suspeito de ter trabalhado para a Gestapo, mas estava livre de processo judicial, benefício concedido pelo tribunal. Este Maumal vivia em Attichy, localizada a aproximadamente 100 quilômetros de Paris. Henri notou que Vincent havia sorrido ao ouvir, no Bar Rouge, o comentário dele mesmo sobre o artigo do France-Soir... Assim relacionou o comportamento de Vincent à quilometragem do carro.
Henri convidou-o para beber algo e iniciaram a conversa... Ele foi logo querendo saber se o rapaz havia pego o carro. Vincent respondeu que não, e disse que Henri só poderia estar enganado a respeito dos algarismos... Além disso, a desconfiança gerava um mistério sem a menor importância...
Os dois retiraram-se para o terraço, de onde era possível observar telhados da cidade... Henri disparou que sabia que Vincent estivera em Attichy... De fato, o moço fazia parte de uma gangue... Henri o agarrou e disse que aquilo era extremamente lastimável... Vincent iniciou sua defesa dizendo que Baumal trabalhava sempre que chamado a reanimar os que eram torturados e desfaleciam... Fez isso durante dois anos. Henri mostrou-se contrário à iniciativa dos que caçavam pessoas como Baumal... Disse que em 1943 até se justificava matar colaboracionistas, mas agora havia que se proceder diferentemente... Vincent argumentou que a depuração era uma comédia... Henri rebateu, e disse que os atos de Vincent também eram uma comédia... O moço se defendeu dizendo que ações como aquelas deviam ocorrer mais frequentemente... Mostrou indignação ao dizer que vira Lambert passeando ao lado do pai recentemente, aquele traidor... Henri explicou que ele mesmo havia aconselhado Lambert a procurar o pai, com quem queria reconciliar-se. Disse ainda que atitudes como as do grupo de Vincent afugentavam as pessoas do engajamento comprometido com a paz.
Então Vincent perguntou se o certo era filiar-se ao SRL... Henri disse que atirar contra “patifes mal conhecidos” não era mais nobre do que o comportamento da direita... Vincent citou Lachaume para justificar as críticas ao SRL, e Dubreuilh para justificar as críticas ao PC...
Vincent disse que não mais usaria o carro. Henri disse que isso era o que menos importava... Vincent quis saber se ele não iria ao Marconi, pois todos gostariam de sua presença... Henri deu a desculpa de que tinha muito serviço...
Então seguiu lamentando o fato de nem ele, nem o jornal ou o SRL, poderem oferecer alternativa de engajamento ao rapaz, que seguia se embriagando após cada assassinato que cometia (já somava 12 execuções).
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/08/os-mandarins-de-simone-de-beauvoir_17.html...
Leia: Os Mandarins. Editora Nova Fronteira.

Um abraço,
Prof.Gilberto

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