sexta-feira, 17 de agosto de 2012

"Os Mandarins", de Simone de Beauvoir. Henri Perron conversa com Tournelle; vê-se como “desprezível cidadão de uma potência de quinta categoria”

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/08/os-mandarins-de-simone-de-beauvoir_16.html antes de ler esta postagem:

Vemos Henri chegando ao Quai d’Orsay (à margem esquerda do Sena, cais entre a torre Eiffel e o palácio Bourbon – Assembleia Nacional Francesa, anexo se encontra o Ministério das Relações Exteriores) ainda muito triste depois de sua conversa com Vincent. Chegava para o encontro com Tournelle. Este recomendou paciência ao das Viernas. Disse que a sua carta seria levada em consideração... A correspondência seria analisada e sua secretária estaria à disposição para receber e entregar papéis... Henri prosseguiria como intermediário. De sua parte, este concordou que o pessoal de das Viernas podia estar iludido em relação à França, mesmo assim aceitava que eles tinham razão ao pretenderem a eliminação de Salazar. Achava que, de alguma forma, era necessário contribuir...
A grande questão é que o próprio Tournelle, um dos primeiros a organizar a Resistência, não alimentava esperanças de qualquer ajuda que a França pudesse dar... Sequer podia fazer algo por si mesma... Henri destacou que no exterior viam o país com certo crédito, mas Tournelle reforçou sua opinião levando em consideração que a França não representava mais nada, ainda que o país tivesse sido convidado a participar da Conferência de São Francisco (abril de 1945, quando representantes das nações iniciaram as discussões sobre a Carta das Nações, importante documento para a História da formação da ONU)... Recorda que os militantes da resistência queriam “salvar a honra do país”, dando-lhe condições de poder falar com os aliados “de cabeça erguida”. Mas em sua opinião todo aquele esforço parecia ter sido em vão... Os dois se despediram. O tom desanimador da conversa não teria repercussão nos meios em que frequentavam e muito menos nos artigos de Henri.
Henri seguiu lamentando a situação de das Viernas, aquele que esperava que a salvação de seu país viesse de outro... Mas, infelizmente, a França não tinha condições de prestar socorro. Então via-se como “desprezível cidadão de uma potência de quinta categoria”... “A França nada pode fazer”... Refletiu sobre as ruas de Paris, enquanto contemplava o fluxo do Sena, o movimento ao redor, prédios, escritórios... Incrível, a guerra poupou Paris... Ao menos poderia pensar sobre a importância de seu jornal e seus artigos... Mas nem isso alterou seu ânimo. Avaliou sua produção textual como “letra morta” que as pessoas apenas dão uma passada de olhos, amassa e atira ao cesto de lixo... Fim da História!
Já no escritório, vinham-lhe outras questões... Então haveria importância em permanecer independente? Nesse caso Dubreuilh e Samazelle teriam razão... Por que não aceitar imediatamente? Um simples telefonema selaria a questão... Vacilante, Henri desiste de acionar o aparelho telefônico e retorna ao seu artigo... Subitamente o telefone toca.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/08/os-mandarins-de-simone-de-beauvoir_18.html...
Leia: Os Mandarins. Editora Nova Fronteira.

Um abraço,
Prof.Gilberto

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