sábado, 11 de agosto de 2012

Tempo de Esperas, de Fábio de Melo (PE.) – Alfredo percebe-se “ressuscitado”

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/08/tempo-de-esperas-de-fabio-de-melo-pe_8.html antes de ler esta postagem:

Do que Abner ensinou em sua última carta, Alfredo demonstrou alegria ao compreender que não devemos tornar a crença em Deus um fardo de questionamentos que exigem esclarecimentos definitivos.
Em sua resposta ao professor, confessou que mudara o modo de enxergar a fé de sua mãe.
Houve certa ocasião em que Alfredo quis saber de sua mãe se ela poderia apresentar comprovações da Ressurreição de Jesus Cristo. Ela respondeu que, se houvesse provas, não haveria significado algum em “ter fé”. O moço concluiu que “respostas inteligentes nos provocam novas perguntas, mas respostas sábias nos calam”.
Agora refletia sobre o conhecimento acadêmico que possuímos... Ele se apresenta relativo porque é sempre embasado em teses que o sustentam, porém a todo o momento é confrontado por hipóteses e estudos que geram ratificações, retificações, ou até negação das “certezas”. A sua dúvida (e a contribuição epistemológica que ela eventualmente proporciona) se tornava insignificante perante a fortaleza erigida, e expressa, pela fé de sua mãe... Uma mulher simples, que segue crendo sem necessitar de comprovações científicas...
O pai de Alfredo é budista, não é cristão como a sua mãe, e, diferentemente dela, manifesta constantemente a sua “visão de mundo” decorrente de sua opção religiosa. Alfredo vê consonância em ambos, que sonham com um mundo onde a bondade prevaleça.
A carta revela um Alfredo muito mudado. Não há como compará-lo ao vacilante acadêmico das primeiras cartas enviadas ao professor. Ter levado em consideração os conselhos de Abner, além de seu engajamento no projeto do jardim, o transformaram num “novo homem”. As opções de Clara ao partir com o florista não eram mais motivos de indignação. Ele, mais que nunca, concordava que “há vitória onde as pessoas só enxergam derrota”.
Não é só isso. A correspondência com o professor proporcionou-lhe o aprendizado que, em sua opinião, agora todos poderiam conferir em sua ética. Ele se tornou um tipo preocupado em, a cada dia, “resgatar-se”, que “renascia a cada semente que germinava”...
Finalizou com um “aquele que estava morto agora vive”.
(...)
Em sua resposta, Abner demonstrou toda a sua alegria ao destacar que o plantio do jardim já produzira em Alfredo o efeito positivo. A fluidez da vida, assim como o que ocorre com as sementes, é marcada por morte e ressurreição.
O professor ensina que a todo instante o milagre ocorre à nossa volta, mas não dispensamos tempo para contemplá-lo... A sabedoria está em demorarmos na contemplação daquilo que, para a maioria, é insignificante e passageiro. Esclarece que ele também teve de aprender muito, pois boa parte de sua vida deu-se sem que se atentasse a isso. Também já fora um tipo apressado “em mostrar realizações”. Disso resultou apenas a colheita dos “restos de dores, amores feridos, decepções” e dos “restos de felicidade”.
A continuidade de sua existência é alimentada pela vida que se “esconde na miudeza de cada instante”. Para o professor, Alfredo percorria as mesmas descobertas... Seu amor por Clara já não era um peso... Ele já vinha experimentando a mesma sensação em relação à fé de sua mãe... Onde ele enxergava apenas ingenuidade, agora admitia profunda sabedoria.
Abner finalizou afirmando que o rapaz ainda poderia vivenciar novas e encantadoras descobertas em seu futuro.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/08/tempo-de-esperas-de-fabio-de-melo-pe-o.html
Leia: Tempo de Esperas. Editora Planeta.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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