sábado, 8 de novembro de 2014

“Androides sonham com ovelhas elétricas?”, de Philip K. Dick – o corpo de Luba é encaminhado para exame; Resch será o próximo testado; charutos e nervosas considerações sobre arte; o equipamento Voigt-Kampff é montado mais uma vez

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2014/11/androides-sonham-com-ovelhas-eletricas_7.html antes de ler esta postagem:

Enquanto Resch permaneceu com o corpo morto de Luba Luft no elevador, Rick Deckard foi até uma cabine telefônica solicitar um veículo da polícia para levá-lo ao Palácio de Justiça, onde seria encaminhado o exame de medula...

                                                                             É interessante observar que o texto repleto de situações e artefatos futuristas não exclui os aparelhos telefônicos que demandam moedas para completar ligações telefônicas.

Depois de concluir o telefonema, Deckard voltou a pensar na “cantora soberba” que os apreciadores da música clássica perderam... Mas Resch tinha razão, ela representava um perigo à sociedade...
Perto de Resch formou-se um aglomerado... Um dos curiosos cobriu o corpo da andy com um casaco... Deckard se aproximou com as suas recentes reflexões... Ele concluía que o teste que aplicaria em Resch não podia esperar... Pensava mesmo que o tipo também era um humanoide e que, tanto quanto Luba, também precisava ser eliminado.
(...)
Ao chegar mais perto, foi dizendo que esperava que o teste desse positivo... Resch reagiu falando que aquela sentença só podia revelar o ódio que ele nutria em seu coração... E acrescentou em tom de provocação que, quando o havia libertado do prédio da Mission Street, não parecia querê-lo mal... É claro! Sua vida estava sendo salva!
Deckard quis explicar... Ele percebera que a atitude de ambos frente à missão de eliminar um andy era bem distinta... Disse que Resch parecia gostar de matar e que, para isso, precisava apenas de um pretexto... Foi assim com Garland e Luba Luft, e poderia ser com ele próprio. Finalmente quis saber como seria se fosse reprovado no Bonelli...
Resch esclareceu que tomaria conta da situação... Queria dizer que se suicidaria. O tipo fumava um charuto após o outro.
(...)
A viatura policial chegou e deu encaminhamento no caso do humanoide que jazia no elevador... Um dos tiras reconheceu Deckard e acenou para ele.
Resch sentenciou que podiam partir para o exame que os dois ansiavam realizar... Antes de chegarem ao hovercar que estava no estacionamento do terraço da Casa de Ópera, ficou acertado que ele entregaria seu tubo laser a Deckard... Rick quis saber como é que, em caso de resultado positivo, ele se mataria... Resch explicou que seguraria a própria respiração.
Sem dúvida aquele modo de morrer não era o que Deckard poderia supor o menos doloroso, mas Resch garantiu que conhecia o método e, além do mais, não acreditava que seria reprovado no exame Bonelli.
(...)
Já no hovercar, Resch disse tinha preferência em ser submetido ao teste que ele aplicava nos suspeitos que perseguiu enquanto trabalhou para o “departamento paralelo”... Mas aconteceu que Deckard deixou claro que “não saberia como obter resultados” e, além disso, teria de confiar no examinado para interpretar com precisão as indicações do aparelho.

Então, mais uma vez o equipamento Voigt-Kampff teve de ser montado... Resch queria apenas que Rick lhe dissesse a verdade. Falou sobre isso enquanto acendeu mais um charuto.
Ele demonstrava seu nervosismo... Perguntou se Deckard apreciava realmente a arte de Munch, e em especial aquele Puberdade... De sua parte, preferia Picasso porque não gostava do realismo na arte. Deckard esclareceu que quando Puberdade foi pintado (1894) só havia realismo, e por isso ele devia reconsiderar seus juízos...
Resch quis prosseguir falando sobre o quadro em que a criatura “segurava as orelhas e gritava”, mas Rick já estava terminando de montar o equipamento de teste que havia retirado de sua pasta.
Phil Resch exclamou de admiração ao notar a sofisticação do teste Voigt-Kampff... Deckard esclareceu que seis ou sete questões seriam suficientes, e passou-lhe o disco adesivo para que colasse na bochecha. Explicou também que não deveria movimentar o globo ocular, que seria mantido focalizado por uma luz.
Resch pareceu entender como funcionava a leitura do aparelho... Entendeu que a dilatação da pupila não contaria para a verificação das “flutuações no ato reflexo”. Ele estava tenso e pediu perdão por falar demais...
Deckard respondeu que podia falar o que quisesse...
Em seu íntimo pensou que, de qualquer modo, Resch estava mesmo rumando para a cova.
Leia: Androides sonham com ovelhas elétricas? Editora Aleph.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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