segunda-feira, 24 de novembro de 2014

“Androides sonham com ovelhas elétricas?”, de Philip K. Dick – Deckard adquiriu uma cabra nubiana graças aos três mil de recompensa; Iran demonstra animação e afeto ao reconhecer o esforço do marido; o vizinho Barbour aproveita a ocasião para mais um ironia

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2014/11/androides-sonham-com-ovelhas-eletricas_88.html antes de ler esta postagem:

Contemplar os animais expostos e conversar com um vendedor era de empolgar... Com os três mil obtidos como recompensa pelas aposentadorias de Polokov, Garland e Luba Luft, Rick podia iniciar uma cotação... Vimos que a parada na região onde se concentravam as casas que negociavam espécies bípedes e quadrúpedes funcionou como válvula de escape para as angústias do dia.
(...)
Deckard observou uma bela cabra e quis saber se se tratava de uma fêmea. O vendedor explicou que aquela era um exemplar “negra nubiana” oferecido a preço especial... O tipo quis saber como seria a negociação e, logo que Rick respondeu que pagaria em dinheiro, fez uns rabiscos num papel para mostrar-lhe...
Rick reclamou do alto valor e anotou no mesmo papel a quantia que se dispunha a pagar... O vendedor não considerou a proposta e sentenciou que era muito baixa para uma cabra jovem, que ainda tinha muito tempo de vida pela frente.
Nova troca de propostas aconteceu, então Deckard topou a oferta e em pouco tempo estava assinando o contrato de compra. Os três mil passaram para as mãos do vendedor e o engradado que abrigava a cabra foi acondicionado em seu hovercar.
(...)
A compra deu-lhe satisfação... Enfim possuía algo que muito ambicionava: um animal de porte e verdadeiro. Pela segunda vez era proprietário e podia dedicar a sua estima a uma criatura natural.
Mas a transação de soma tão elevada também fez com que algumas de suas preocupações anteriores retornassem... Viu que precisava manter o emprego, que precisava agir com mais eficiência na caçada aos andys restantes de sua lista... E precisava dar fôlego à confiança que havia ficado abalada depois da conversa com Resch.
(...)
No caminho para casa, pensou que Iran ficaria nervosa depois de saber que teria responsabilidades aumentadas por causa da nova cabra... Sem dúvida, a maior parte dos cuidados com o animal ficaria ao seu encargo.
Ao descer com o hovercar no terraço, Deckard pensou sobre o que diria à esposa... Teria de justificar a aquisição... Diria que sua condição profissional exigia a mudança da ovelha elétrica para a cabra natural. Era uma questão de prestígio.
Resoluto, retirou o engradado do veículo.
(...)
Iran preparava o jantar. Deckard a cumprimentou e ela quis saber o motivo do atraso. Ele a convidou a segui-lo até o terraço...
A mulher adivinhou que o marido trazia uma surpresa que só podia ser um “animal de verdade”. Pelos corredores, foi dizendo que ele não devia ter se antecipado e que o mais adequado seria consultá-la... Reclamou que tinha o direito de participar das decisões.
Como que a consolar a esposa, Deckard disse que sua intenção era surpreendê-la... Iran não se sensibilizou e, em vez disso, foi disparando que a extravagância só podia ser o resultado do pagamento de recompensas.
Ele explicou sobre a eliminação dos três andys e ressaltou que precisava adquirir o animal para dar sentido ao seu esforço profissional.
Apesar da escuridão do terraço, Deckard conduziu a esposa na direção exata do engradado.
Ele acionou os holofotes e Iran pôde contemplar a cabra... Ela circulou o engradado e demonstrou grande admiração... Perguntou se era mesmo verdadeira... A mulher estava encantada.
Deckard respondeu que tinha certeza de que o animal fosse real, principalmente porque havia uma pesada multa (duas vezes e meia sobre o valor investido) para os casos de fraude.
Ele se empolgou e disse que poderiam ter leite e queijo...
Iran queria saber se podiam desamarrar o animal. Ele esclareceu que por alguns dias ela seria mantida presa... Uma simples questão de adaptação.
(...)
O ânimo de Iran tornou-se ternura explícita... Lembrando-se de antiga canção de Joseph Strauss, do tempo em que haviam se conhecido, começou a dizer que sua vida era “amor e prazer”... Colocou a mão no ombro do marido e o beijou.
Ela estava feliz... Ele agradeceu e a abraçou.
Iran sugeriu descerem para agradecerem a Mercer... A cabra precisava de um nome... Também deviam arranjar uma corda para amarrá-la.
Enquanto se preparavam para descer pelo elevador, foram interpelados por Bill Barbour, que os cumprimentou e elogiou a cabra.
Barbour sugeriu que, se ela gerasse cabritinhos, ele aceitaria trocar um potro de sua Judy por um “casal de cabritos”.
Leia: Androides sonham com ovelhas elétricas? Editora Aleph.
Um abraço,
Prof.Gilberto

Páginas