O chefe havia se colocado contra a iniciativa dos dois caçadores de recompensas, que pretendiam mostrar um ao outro como funcionavam os instrumentos de trabalho. Deckard seria analisado por Resch, e este se submeteria ao exame Voigt-Kampff.
Garland não aprovava a empolgação de Resch, que gostaria de testar todo o pessoal do departamento, inclusive ele próprio.
Enquanto Phil Resch saiu para providenciar o equipamento do teste Bonelli, o Oficial Garland permaneceu em sua sala com Deckard...
(...)
Sabemos que ele apontou o seu tubo de laser na direção
de Deckard, que permaneceu tranquilo ao garantir que se fosse assassinado os
exames mostrariam que ele era um humano normal... Certamente Resch exigiria que
o Oficial fosse submetido aos testes.
Mais tranquilo, Garland explicou que conhecia todos os indicados nas
fichas trazidas por Deckard... Eram todos andys vindos de Marte. Também ele era
um andy que havia chegado à Terra com o grupo maior.
(...)
Deckard percebeu o que ocorria... Aquele “departamento
paralelo à realidade” estava infestado de humanoides. Resch não sabia de sua
condição e na sua posição de “caçador de andys” pensava que fosse humano. Suas
suspeitas sempre recaíam sobre outros, como Polokov e o chefe Garland.
(...)
As análises que fariam para apresentar seus equipamentos em operação
revelaria a verdade... Garland disse isso a Deckard, que quis saber qual seria
a reação de Resch ao descobrir que não passava de um robô.
O oficial não sabia responder... Ele poderia matar a todos
indistintamente, poderia se matar... Era muito difícil saber.
Deckard quis entender a condição a que eles haviam se submetido... Por
que se arriscavam tanto? Garland disse que só o fato de imigrarem para a Terra
já os colocava em situação temerária... Por aqui não eram considerados nem como
animais! Minhocas e insetos eram mais desejáveis do que todos eles juntos...
(...)
Talvez houvesse uma saída... Garland disse que o melhor para todos seria Resch não saber que era um andy... Talvez fosse mais interessante o teste apontar apenas ele mesmo como androide... Isso daria razão às suspeitas de Resch, que o eliminaria.Depois dessas considerações, Garland pensou que também a situação de Deckard não era das melhores...
Ao analisar por que a situação havia chegado àquele ponto, o “oficial humanoide” disse que devia ter desconfiado de Polokov... Aquele tipo havia chegado antes ao planeta e se infiltrado na WPO soviética. Podia ser que Polokov possuísse unidade cerebral mais avançada que os demais... Também isso era difícil saber. Era certo que correram (isso incluía Crams) grande risco ao submetê-lo ao exame laboratorial.
(...)
Rick quis saber por
que a partir do departamento não conseguira se comunicar com a esposa...
Garland explicou que todas as linhas vidfônicas eram grampeadas e encaminhadas
a escritórios do próprio prédio. Estavam apartados do resto da cidade, que não
tinha a menor ideia do que ocorria por ali.
(...)
Eventualmente, alguém que representasse risco para eles (como havia sido
o caso de Deckard), era encaminhado para o departamento, onde tratavam de impedir
que o perigo se tornasse real...
Como vimos, dessa vez a
situação tomou rumo inesperado.
(...)
Pouco antes do retorno de
Phil Resch, Deckard disse a Garland que os androides pareciam ter esse “defeito”
de não se importarem uns com os outros nos momentos de maior perigo...
Garland concordou e sugeriu que o “talento
específico” que faltava para eles talvez fosse a “empatia”.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2014/11/androides-sonham-com-ovelhas-eletricas_3.html
Leia: Androides sonham com ovelhas elétricas? Editora Aleph.
Um abraço,
Prof.Gilberto