Quando Phil Resch retornou ao escritório de Garland, o chefe foi logo apontando contra ele.
Instintivamente, Resch e Deckard lançaram-se ao chão. A rapidez e precisão de Resch foi incrível porque enquanto caía, apoderou-se de seu tubo-laser e disparou atingindo a cabeça de Garland... Na sequência gabou-se por saber prever corretamente as decisões dos androides.
Resch quis saber o que Garland havia dito durante o tempo em que se ausentou... Deckard falou que ele havia confessado que era um andy... Ia completando as informações sobre o próprio Resch, também robô... Mas se conteve e disse que o ex-chefe tinha certeza de que o subordinado o identificaria... Além disso, completou, era certo que o prédio estava “infestado de androides”.
(...)
Phil Resch passou a se preocupar unicamente em sair
com segurança dali. Explicou que algemaria Deckard e que, assim, poderiam sair
sem maiores complicações... Com a ponta do sapato tocou o corpo do andy...
Novamente fez referência ao fato de, antes mesmo de abrir a porta, ser dominado
pela convicção de que seria atacado... Admirou-se por Deckard não ter sofrido
nenhuma agressão.
Sobre isso, Rick explicou que o foco de Garland permanecera em Resch,
todavia ele o havia ameaçado com o tubo laser.
(...)
A conclusão de Resch foi a de que Rick precisava
retornar à Casa de Ópera e acabar com a srta. Luft... Ele concordou, mas deixou
claro que isso só poderia ser feito se o “comparsa” o tirasse dali em
segurança.
(...)
O tipo quis saber se Deckard pensava nos androides como “coisas”. Ele
respondeu que “antigamente, sim”, mas conforme o tempo passou percebeu que não
tinha mais essa necessidade, quer dizer, podia prosseguir em sua atividade
profissional sem maiores escrúpulos de consciência.
Os dois posicionaram Garland em sua poltrona. Pelo interfone, Resch
informou que o chefe não pretendia ser incomodado na próxima meia hora...
(...)
Saíram pelos corredores em direção ao elevador que os levaria ao
hovercar de Resch... Nenhum dos tipos fardados pelos quais cruzaram lhes deu a
menor atenção... Resch ainda comentou que se Garland possuísse um “sistema de
aviso de morte”, o desfecho do episódio seria outro.
Depois ele quis saber se o departamento de polícia onde Deckard
trabalhava o aceitaria... É claro que precisaria arranjar uma nova ocupação.
Essa pergunta não era de
fácil resposta para Deckard. Para não provocar decepção no outro, respondeu que
não haveria motivo para que o seu departamento o recusasse, mas ressaltou que
havia o inconveniente do “quadro de caçadores” completo...
(...)
Deckard não se sentia
bem... Estava angustiava porque Resch conseguiu libertá-lo daquele “departamento
paralelo”, onde poderia ter sido assassinado... Sentia que devia, por dever e
ética, dizer-lhe a verdade a respeito de sua condição humanoide (pelo menos
naquele momento ele estava convencido a este respeito).
Enquanto pensava
sobre isso... Ouvia Resch dizer que durante três anos havia sido dirigido por
androides em seu trabalho... Nunca desconfiara o suficiente para que tomasse
alguma providência...
Rick quis contemporizar afirmando que talvez não fosse tanto tempo
assim... Bem podia ser que aquelas máquinas tivessem se infiltrado
posteriormente... Mas Resch garantia que desde o princípio Garland havia sido o
seu superior.
Deckard disse que o oficial
afirmou que o grupo de andys havia chegado ao planeta “ao mesmo tempo”...
Certamente fazia apenas alguns meses que haviam se instalado no “departamento
paralelo”...
Resch insistiu em sua
teoria... Talvez existisse um Garland “verdadeiro” que foi substituído pelo
humanoide. Também podia ser que tivessem impregnado nele um “sistema de memória
falsa” e daí viria a confusão...
Essa última consideração o
deixou ainda mais reflexivo... Finalmente sentenciou que aquele tipo de sistema
não tinha efeito em humanos...
Apenas androides apresentavam “memórias falsas”.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2014/11/androides-sonham-com-ovelhas-eletricas_4.html
Leia: Androides sonham com ovelhas elétricas? Editora Aleph.
Um abraço,
Prof.Gilberto