sexta-feira, 14 de novembro de 2014

“Androides sonham com ovelhas elétricas?”, de Philip K. Dick – a valorizada literatura de ficção “no mundo fictício”; interesse de J.R. pelos textos que empolgavam Pris; Roy e Irmgard, amigos de Pris, batem à porta

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2014/11/androides-sonham-com-ovelhas-eletricas_13.html antes de ler esta postagem:

Enquanto J.R. preparava os ingredientes que havia trazido, Pris principiou a falar a respeito de sua condição solitária no planeta... Seus amigos estavam sendo perseguidos e era bem provável que nenhum mais estivesse vivo... A humanoide não tinha dificuldade em se passar por humana diante de Isidore, que estava fascinado por ela e sensibilizado por seu drama existencial.
Pris dizia que as colônias em Marte eram lugares terríveis para se viver. Ela sabia que só suportou tanto tempo porque recorreu aos remédios que um de seus chegados, Roy Baty, fornecia. Definitivamente, Marte não era o ambiente favorável à ocupação humana tal como os escritores de ficção de antes das viagens espaciais imaginaram.
Ela dizia que colecionar selos e ler livros e revistas de ficção da Terra era o passatempo preferido dos habitantes dos assentamentos. Vimos que J.R. tinha dificuldade em entender como é que podia haver uma literatura que tratasse de situações futuras.
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Pacientemente, a moça explicou que muitos escritores se baseavam em sua imaginação (P.K.D. foi um dos mestres do gênero)... É claro que cometeram alguns equívocos, como supor que Vênus fosse tomado por selva repleta de “monstros enormes e mulheres usando brilhantes protetores peitorais”.
Ela quis saber se Isidore se interessava por mulheres assim, “com longos cabelos louros trançados e protetores peitorais reluzentes do tamanho de melões”... Ele respondeu negativamente.
Pris disse que a companheira de Roy, Irmgard, era um tipo de cabelos louros e de baixa estatura, e no geral correspondia à descrição das “venusianas” dos ficcionistas...
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Ela voltou a falar sobre o modo de viver em Marte e disse que havia um forte contrabando de “ficção pré-colonial, revistas, livros e filmes antigos”... Esse material era de grande interesse dos colonos, que confrontavam os conteúdos com o que Marte havia se tornado na realidade. As “visões” dos ficcionistas projetavam um ambiente muito melhor, com “colonizações bem-sucedidas”, canais...
Isidore deu a entender que já havia ouvido falar sobre “aqueles canais de Marte”... Pris se empolgou ao recordar suas leituras de ficção e falou sobre criaturas de outras estrelas habitando Marte... Seres de inteligência avançadíssima... E também as histórias sobre a Terra numa realidade em que não se imaginava o caos e a Grande Poeira.
O “cabeça de galinha” deu a sua opinião... Achou que aquela literatura podia deixar as pessoas angustiadas. Perguntou se Pris trouxera algum exemplar... Achou que para chegar a uma conclusão melhor devia ler alguma das histórias... A garota explicou que os habitantes da Terra não apreciavam o gênero ficção, tanto é que não se davam conta de que autofoguetes transportavam bibliotecas inteiras da Terra para Marte sem serem notados... Nas colônias espaciais aqueles textos eram vendidos por verdadeira fortuna.
(...)
Estavam nessa conversa sobre a literatura de ficção quando foram interrompidos por uma forte batida na porta. Pris apavorou-se e tentou lembrar se havia passado a tranca na porta. Isidore pôde sentir o pânico que se apossou da pequena.
(...)
Roy e Irmgard Baty se anunciaram. Diziam que haviam conseguido o cartão da amiga... Pris não acreditou e silenciosamente rabiscou um bilhete pedindo para Isidore ir até a porta... No mesmo papel ele perguntou o que diria... Pris escreveu-lhe que era preciso saber se eram realmente seus amigos.
É claro que Isidore não teria como saber ao certo se os que chegaram eram Roy e Irmgard... Mesmo assim fez o que Pris lhe pediu e abriu a porta. Viu uma pequena de bela feição (loura e de olhos azuis) comparável a Greta Garbo... Ela estava de acordo com a descrição que ouviu... Com ela estava um tipo alto “de olhos inteligentes mas monótonos”, de “apetite brutal”... Este, então, podia ser o Roy.
Suas vestes contrastavam. A moça parecia em dia com a moda, calças estreitas e “botas brilhantes e cano alto”; o tipo, por causa da roupa que vestia, tinha aparência quase vulgar.
Leia: Androides sonham com ovelhas elétricas? Editora Aleph.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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