terça-feira, 11 de novembro de 2014

“Androides sonham com ovelhas elétricas?”, de Philip K. Dick – Deckard e sua empatia em relação a certos androides; para Resch, o amigo tinha um trauma que podia ser resolvido sexualmente; polêmica utilização dos humanoides nas colônias; J.R. Isidore e suas expectativas no retorno para casa

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2014/11/androides-sonham-com-ovelhas-eletricas_10.html antes de ler esta postagem:

O resultado do teste a que Resch se submeteu confirmava que não havia nada de “antinatural ou inumano” em seu comportamento.
Isso podia ser um sinal de que Deckard estava com problemas?
Ele mesmo pôde atestar com o Voigt-Kampff que, eventualmente, manifestava empatia por androides... Por alguns androides... Mais especificamente os belos exemplares femininos, como Luba Luft.
(...)
Aquilo ocorria com frequência? Deckard nada sentira em relação ao Polokov ou ao Garland quando foram “aposentados”... E pensou que não sofreria nenhum trauma se tivesse de eliminar Resch, caso o seu teste resultasse em positivo para androide.
Deckard pensou sobre o instante em que utilizou o elevador do museu acompanhado de duas criaturas (Resch, o humano; Luba, a humanoide)... Naquele momento seus sentimentos não correspondiam ao que “seria natural e deveria ocorrer”...
É claro que não podia deixar de considerar que a condição e talentos existenciais de Luba pareciam exercer atração significativa sobre ele (Mozart, A Flauta Mágica, a bela voz lírica...)... Mas isso, definitivamente, não poderia provocar abalos sentimentais em um caçador de recompensas.
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Parece que em tom de brincadeira, Resch sugeriu que apenas a atividade sexual poderia aliviar o drama que Deckard estava enfrentando... Ele afirmou isso e completou dizendo que Luba era mesmo atraente...
Os dois tiras sabiam que humanos não podiam se envolver emocionalmente com androides... E muito menos os que ganhavam o sustento caçando-os... Resch lembrou que nas colônias havia humanos que tinham androides como amantes... Conhecedor da legislação, Rick garantiu que aquela prática era absolutamente irregular... Mas ambos concordaram que a lei era rigorosa ao tratar das variações e abusos cometidos... Todavia não havia punição que apavorasse os que recorriam aos andys para satisfazer seus apetites sexuais.
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Resch gracejava e ao mesmo tempo provocava o colega... Disse que não havia diferença entre amor e sexo quando o foco do pensamento era uma mulher (ou uma “imitação androide”)... Garantiu que Deckard precisava superar a sua angústia... O melhor que tinha a fazer era satisfazer a sua necessidade de momento... É claro que, depois de “resolvido”, como bom caçador de recompensas, devia “aposentar” a andy.
Deckard ouviu aquelas palavras e concluiu que o outro era o bom caçador de recompensas. Em relação a si mesmo, não tinha condições de fazer a mesma avaliação.

(...)

Não é nessa postagem que ficaremos sabendo dos procedimentos adotados por Rick Deckard para solucionar o seu drama.
Seguindo a trama traçada por Dick, retornaremos ao dia de J.R. Isidore... Vimos que ele surpreendeu ao vidfone quando teve de tratar da morte do gato Horace com a senhora Pilsen... Sabemos que ele pretendia reencontrar a jovem Pris, com quem pretendia jantar.
(...)
Em seu voo de retorno para casa após a jornada de trabalho, Isidore só tinha pensamentos para Pris Stratton... Será que ela o esperava enquanto assistia ao programa do Buster Gente Fina? O mais provável seria encontrá-la apavorada. Passos e diminutos ruídos no corredor a impacientariam.
J.R. não sentia confiança de que seria bem recebido pela estranha e atraente garota... Mesmo assim conseguiu uma porção de “iguarias como tofu, pêssegos maduros e um bom, macio e malcheiroso queijo”... Gastou o salário equivalente a duas semanas de duro trabalho numa mercearia clandestina.
Ao menos de sua parte, a expectativa era imensa.
Leia: Androides sonham com ovelhas elétricas? Editora Aleph.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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