Pobre Isidore... Empolgou-se quando percebeu que poderia trazer Pris para perto do aconchego de seu apartamento solitário... No enredo que principiou a formatar era ele o responsável pela proteção que a garota precisava... E não é só isso! Entendia que a proteção dos amigos Roy e Irmgard também seria de sua responsabilidade.
Vimos que ele já se imaginava de férias, condição em que poderia dedicar-se completamente à segurança da garota. Com ele por perto não haveria dúvidas, os três “estrangeiros” poderiam ficar tranquilos... Já tinha em mente que conseguiria convencer Milt a projetar uma arma específica para ele...
(...)
Empolgado, J.R. disse que o
mecânico do hospital talvez providenciasse algo com o qual ele poderia eliminar
“caçadores de recompensas”.
O entendimento que ele construiu sobre o que poderia
ser um “caçador de recompensas” era um tanto confuso, como não poderia deixar
de ser: alguém sem rosto, mas portando uma arma poderosa e uma lista com os
nomes daqueles que pretendia eliminar; um tipo sem emoção que, sendo
assassinado, era “substituído por outro similar”...
Mas Isidore não entendia como é que a polícia ainda não havia tomado
nenhuma providência... Por outro lado, ele sabia que o seu dever era o de
denunciar aqueles tipos com os quais conversava. Na televisão informavam
constantemente que imigrantes ilegais deviam ser entregues à polícia...
Algo lhe dizia que estava se envolvendo em confusão e
que Pris e os amigos deviam ter feito coisas erradas... Apesar disso, pesava-lhe
na consciência a atividade dos caçadores de recompensa que viviam de
assassinar... Ele não aceitava porque se tratava de um procedimento que ia
completamente “contra o mercerismo”.
(...)
Pris fez um comentário desagradável...
Ela disse que “o cabeça de galinha” gostava dela. Irmgard protestou e
pediu que não o chamasse daquele modo... E completou o seu desagravo dizendo
que ele também podia se referir a ela com nomes ofensivos...
Roy interrompeu a falação esclarecendo que já era momento de instalar os
grampos. E como se estivesse encaminhando deliberações, sentenciou que ele e
Irmgard ficariam naquele apartamento enquanto Pris seguiria para as instalações
de Isidore... Foi falando as frases automaticamente e quase deixou escapar um “cabeça
de galinha” quando se referia a J.R.... Foi por pouco.
(...)
O grandalhão entrou em ação... E era com rapidez e precisão que fazia as
operações necessárias ao sistema de comunicação que havia planejado...

Isidore achou engraçado
enxergar aquele tipo como uma “estrutura de metal, uma plataforma de polias e
circuitos e baterias e torres mecânicas e engrenagens”. Não sabe por que isso
aconteceu, e se esforçou para não disparar uma gargalhada.
Irmgard não concordou
com as palavras de Pris a respeito de Roy e sentenciou que se se salvassem
seria graças à dedicação dele.
Pris perguntou se todo aquele esforço valeria a pena... Depois concordou
em se transferir para o apartamento de J.R.
O “cabeça de galinha”
gaguejou bastante para dizer que protegeria a todos...
Foi Irmgard Baty quem se aproximou dele, agradeceu e
disse que seu gesto era uma prova de que ele era o “primeiro amigo” que faziam
na Terra... E fez questão de acrescentar que esperava retribuir-lhe a gentileza.
(...)
Isidore entendia que eles podiam demonstrar sua gratidão naquele mesmo
instante... Ele perguntou se o casal havia trazido alguma “ficção pré-colonial”,
pois ele gostaria muito de ler.
É claro que Irmgard não entendeu o que era “ficção
pré-colonial”... Pris notou a inconveniência e explicou que ele se referia às “revistas
antigas”. Então Irmgard respondeu que, como já havia explicado, não puderam
trazer muita coisa em sua fuga até aquele sítio.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2014/11/androides-sonham-com-ovelhas-eletricas_20.html
Leia: Androides sonham com ovelhas elétricas? Editora Aleph.
Um abraço,
Prof.Gilberto