Luba Luft vestia-se de modo deslumbrante... Passeava com desenvoltura pelo museu... Trajava “calças justas brilhantes e uma espécie de top dourado e resplandecente”.
Quando Deckard e Resch se aproximaram, ela contemplava a tela Puberdade, que retrata “uma jovem, mãos cruzadas, sentada a beira de uma cama”. A figura retratada apresenta “uma expressão de confusa surpresa conjugada a um novo e crescente espanto impresso em seu semblante”. (vale conferir as reproduções na internet)
(...)
Estava claro que o tipo já se dava por vencida.
Rick perguntou se Luba gostaria que ele lhe comprasse o quadro...
De sua parte, Resch se
mostrava decidido a dar cabo da andy de uma vez por todas... A lembrança do
vacilo em relação a Garland tornou-o resoluto... Não era por acaso que no mesmo
instante em que depositava uma das mãos sobre o ombro de sua vítima, procurava
esconder o tubo de laser na outra.
Mergulhada em sua contemplação, Luba respondeu que a
tela não estava à venda... Depois, retornando à realidade, emendou que não
esperava encontrar Deckard, pois o tinha como aprisionado pelo departamento chefiado
por Garland... Rick apresentou Resch e esclareceu que o policial Crams era um
androide... Disse que também Garland era androide, e que sabia que ela e todos os
demais haviam partido de Marte na mesma nave.
Deckard foi despejando tudo o que havia descoberto. Falou sobre o
departamento de polícia que ela havia contatado... Explicou que, na verdade, o
edifício localizado na Mission era apenas uma “agência organizadora” que
mantinha o grupo de andys em contato e trabalhava para a sua proteção... Rick
também falou que todo o esquema funcionava com estrutura tão bem definida que a
contratção de um caçador de recompensas humano (referia-se a Resch) contribuía
para a segurança dos foragidos.
É claro que todas essas coisas não eram novidade para
ela.
(...)
No mesmo instante, Luba redarguiu sobre a condição de Resch. Foi firme
em sua afirmação garantindo que ele não era humano, mas um androide como ela...
Sem demonstrar abalo, Phil Resch manifestou que sua condição seria verificada
no devido momento (referia-se ao teste que Rick aplicaria).
(...)
Os três seguiram para o elevador do museu... Luba os acompanhava sem
oferecer resistência... Pelo menos era o que aparentava, mas Deckard sabia que
os andys eram assim mesmo... Em seus momentos derradeiros não pareciam se
agarrar a qualquer possibilidade de permanecer existindo... Deckard sabia que,
de repente, eles podiam explodir em fúria...
Todavia a situação indicava que, em meio à multidão, Luba não ousaria reagir...
Também estava claro que não poderiam aposentá-la ali, pois o pânico seria
generalizado, e os humanos não podiam saber em hipótese nenhuma que havia
androides circulando entre eles... A eliminação teria de ocorrer no interior do
hovercar.
(...)
No momento em que passavam
por uma loja temática, o rosto de Luba se iluminou... Ela pediu para Rick
comprar-lhe uma reprodução de Puberdade...
Ele atendeu à solicitação de sua presa.
A lojista informou que não
possuía cópias avulsas, mas por 25 dólares ele podia adquirir um livro que
reunia obras de Munch... Sem dúvida, um belo presente. Deckard não pestanejou,
entregou as notas à mulher e passou o livro a Luba.
Resch reagiu ao ato
benevolente do comparsa dizendo que “nem por um milhão de anos” o departamento
reservaria verba para aquele “tipo de despesa”...
Rick ressaltou que o
dinheiro saíra de seu próprio bolso...
Na sequência pediu para que se apressassem na
descida para o pátio de estacionamento.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2014/11/androides-sonham-com-ovelhas-eletricas_6.html
Leia: Androides sonham com ovelhas elétricas? Editora Aleph.
Um abraço,
Prof.Gilberto