quarta-feira, 17 de abril de 2013

“Símon Bolívar”, de Gabriela Pellegrino Soares, em “Coleção Fundadores da América Latina”, coordenada por Maria Ligia Coelho Prado – os interesses particulares e o desmantelamento da Gran Colombia; insurreições e atentado; renúncia e testamento; o fim

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/04/simon-bolivar-de-gabriela-pellegrino_8.html antes de ler esta postagem:

Vimos que as iniciativas militares de Bolívar e seus generais resultaram em libertação da América espanhola. Porém, a ideia de construir uma Gran Colombia unificada tornava-se cada vez menos possível. As turbulências políticas e econômicas conspiravam contra o ideal da unidade... Na Venezuela, os llaneros continuavam protestando contra a autoridade de Caracas. José Antonio Páez liderava esse pessoal. Bolívar considerava que a prática (liberal) do general Santander, que presidia interinamente a Gran Colombia, favorecia a insurgência.
Então retornou a Bogotá em novembro de 1826 para retomar a presidência. Centralizando os poderes político e militar, Bolívar procurava reverter a situação... Em janeiro de 1827 conseguiu a rendição de Páez, mas também nesse caso sofreu críticas dos colombianos que o consideraram muito condescendente com os rebelados. Em setembro deste ano voltou à capital, onde se desdobrou para sanar a crise vivenciada por várias províncias... No começo de 1828, o general José Padilha liderou os pardos em Cartagena num movimento em que manifestavam apoio a Santander. Essa nova agitação foi resolvida com o auxílio das elites colombianas... Mas não há como negar que a condição política de Bolívar se tornava muito vulnerável. Tanto é que em setembro desse mesmo ano sofreu um atentado que, apesar de malogrado, abalou sua confiança nos projetos políticos ambicionados (sobre esses episódios, talvez também seja interessante ler http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/04/simon-bolivar-de-gabriela-pellegrino.html).
Notamos que a cada crise que ocorria, Bolívar respondia concentrando mais poder. Porém, na mesma medida, os enfrentamentos que se sucediam mostravam-se mais radicais... Não é por acaso que em 1829 os venezuelanos decidiram-se pela separação em relação à Gran Colombia. Justificava-se que a Venezuela era muito diferenciada em relação aos “costumes, climas e produções”. E o argumento que sustentava a emancipação era o de que as “leis que convinham à Nova Granada e a Quito” não se ajustavam aos venezuelanos.
A 13 de maio de 1830, também o Equador rompeu com Bogotá... Aí também se notavam diversas insatisfações, sendo que a principal reclamação era de ordem política. Dizia-se que os interesses locais eram desprezados pelo governo central... E dessa forma a unidade política que Bolívar esperava construir foi se limitando apenas à Nova Granada, onde os problemas persistiam... Ali, a elite dominava a burocracia e era através dela que permanecia se favorecendo em detrimento dos esforços de recuperação da economia e da necessária reconstrução após as lutas emancipacionistas.
Bolívar não suportou as pressões políticas... Muitos de seus antigos aliados se tornaram insatisfeitos e passaram a liderar conspirações... O “libertador” resolveu que o melhor que tinha a fazer era renunciar à presidência (março de 1830) e partir para o exílio.
Neste ponto, mais uma vez, a autora recorre aos escritos de García Márquez para relatar a condição existencial de Bolívar, que seguiu para Cartagena das Índias... Nosso personagem dormia poucas horas por noite e a maior parte do período que seria para o seu repouso passava sofrendo alucinações, tosse ou em delírio... À tarde notava-se o quanto estava deprimido, pois enquanto os companheiros cochilavam, ele se demorava em sua solidão a contemplar os “cumes elevados da serra”.
Envelhecido, vivera situações dramáticas que resultaram em seu protagonismo (atravessou quatro vezes o Atlântico; percorreu longas extensões a cavalo durante as lutas de libertação; enfrentara as situações mais adversas...). Em certa ocasião foi alertado pelo general Pedro Alcántara Herrán a respeito da necessidade de elaborar um testamento... Foi em San Pedro Alejandrino que tomou as providências a esse respeito, ditando a José Laurêncio “notas um tanto descosidas que expressavam tanto os seus desejos como os seus desenganos”...
As palavras registradas em O General em seu labirinto são diretas e exprimem inegável lamento ao fim de sua vida: “a América era ingovernável, quem serve a uma revolução ara no mar, este país caíra sem remédio em mãos da multidão desenfreada para depois passar a tiranetes quase imperceptíveis de todas as cores e raças”... Além desses, “muitos outros pensamentos lúgubres que já circulavam dispersos em cartas a diferentes amigos”.
No dia 17 de dezembro de 1830 Simón Bolívar morreu na Quinta de San Pedro Alejandrino, onde era hóspede. Tinha 47 anos.
Continua em https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2013/04/simon-bolivar-de-gabriela-pellegrino_23.html
Leia: Simón Bolívar. Fundação Memorial da América Latina.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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