Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/04/simon-bolivar-de-gabriela-pellegrino_17.html
antes de ler esta postagem:
Todos sabemos que
ainda hoje Simón Bolívar continua tema de debates quando o assunto é a América
Latina e as propostas para o seu desenvolvimento econômico e social...
Recentemente Hugo Chávez deu o nome de “Bolivariana” à revolução social que
liderou a partir dos anos 1990. A Constituição venezuelana aprovada em 1999 deu
ao país o nome de República Bolivariana
da Venezuela.
A
ideia central das mudanças encaminhadas por Chávez está na inclusão social das
camadas menos favorecidas da população... Buscou-se legitimar o processo
através da “Democracia Participativa”, em vez da “Democracia Representativa”...
A argumentação de Chávez e de seus partidários era a de que o ideário de
Bolívar foi completamente desvirtuado pelas elites do país... Isso explica, de
acordo com os chavistas, os motivos de a América Latina não ter completado sua
libertação com justiça e unidade... Então, a partir da liderança de Hugo
Chávez, esperava-se retomar as propostas do libertador, estreitando os laços
com as nações vizinhas.
A autora salienta que
Bolívar e seus ideais foram, em diversos momentos, assumidos como ícones
daqueles que procuraram liderar processos políticos em toda a América Latina...
Germán Carrera-Damas publicou em 1969 um estudo sobre essa temática... Ele
aponta que o culto a Bolívar teria se iniciado ainda em 1842 por ocasião do
traslado de seus restos mortais para Caracas... Nessa época, o presidente do
país era José António Paez (o líder dos llaneros ao tempo dos conflitos
emancipacionistas), que buscou unir a elite do país em torno do ideário
bolivariano.
As
obras de Juan Vicente González (conservador) e Felipe Lazarrábal (liberal) são
caracterizadas por colocar Bolívar no centro das aspirações nacionalistas... O
culto ao herói se solidificou durante as décadas de 1870 e 1880, quando foi
celebrado o centenário de seu nascimento... Ao tempo do “governo liberal” de
Guzman Blanco foram publicadas antologias que reuniam documentos produzidos por
Bolívar na época das guerras emancipacionistas... Esse material foi incorporado
a livros escolares e contribuiu para a formação da mentalidade de unidade
nacional em torno do herói.
A
solidificação do mito se fez também durante governos ditatoriais... Foi o caso
do longo período (1908-1935) marcado pelo governo do ditador Juan Vicente Gómez,
quando as cartas de Bolívar foram compiladas no “extenso Epistolário”... O
herói foi utilizado também para unir os opositores do marxismo, e isso é
ressaltado em relação ao governo Eleazar López Contreras (1935-1941)... Ao
tempo da Guerra Fria, Bolívar foi resgatado, sobretudo como símbolo de defesa
da Democracia... Mas a obra do espanhol Salvador Madariaga (1951) apresentou
uma biografia do libertador na qual ele desponta como um tipo vacilante e
facilmente influenciado pela amante Manuela Sáenz... Além disso, o herói é
revelado cometendo vários erros militares, e vacilante em relação à República,
uma vez que “flertava com a Monarquia”. Evidentemente os bolivarianos perseguiram
o material.
Os marxistas perceberam em Bolívar um aglutinador da
causa revolucionária. Em 1969 foi publicado Bolívar
e La guerra revolucionaria, do venezuelano J.R. Nuñez Tenorio... Certamente
o seu conteúdo se relaciona mais diretamente ao ponto de vista que Hugo Chávez
explorou.
Nikita Harwich realizou um estudo sobre a
produção historiográfica envolvendo Bolívar... Não deve ter sido difícil concluir
que a paixão acabou pautando as perspectivas que alicerçaram as pesquisas... A
autora cita ainda Epistolário de Simón
Bolívar, trabalho de Fabiana Fredrigo que desenvolve reflexão acerca das
relações de Bolpivar com seus preceptores e generais e, de modo crítico, “lança
luz sobre as estratégias” utilizadas pelo libertador para ser reconhecido pelas
gerações futuras como indispensável “protagonista das independências latino-americanas”.
Leia: Simón Bolívar. Fundação Memorial da América Latina.
Um abraço,
Prof.Gilberto