segunda-feira, 22 de abril de 2013

“Os Mandarins”, de Simone de Beauvoir – Trarieux fala sobre a crise financeira de L’Espoir; Dubreuilh se mostra indignado com a insistência do burguês milionário em interferir na gestão do periódico; Samazelle participava dos projetos de Trarieux

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/04/os-mandarins-de-simone-de-beauvoir_22.html antes de ler esta postagem:

Depois que Samazelle disse que se o SRL não conseguisse adesão significativa no período de um ano “perderiam a batalha”, Trarieux manifestou sua opinião em contrário... Falou que não haveria derrota. Robert manteve-se calado enquanto ouvia o outro dizer que a criação do SRL ocorria no momento adequado, que o proletariado percebia que o Partido Comunista não representava mais os interesses do operariado, e que “burgueses esclarecidos” (como ele) aceitavam a “liquidação de sua classe”. Depois Robert questionou... Disse que aquelas expectativas não eram totalmente certezas... Trarieux respondeu que não valia a pena contentar-se com o pouco e que não era interessante limitar as ambições políticas... Robert, um tanto amargurado, falou que o que importava mesmo era a necessidade de permanecerem esforçados em seus intentos.
Sobre isso, Trarieux respondeu que havia muito a se explorar. Declarou que a tiragem de L’Espoir era irrisória em relação às necessidades políticas do SRL... Anne disse, sem rodeios, que a baixa na tiragem de L’Espoir se explicava pela filiação de Trarieux ao SRL. Mostrando descontentamento com a intromissão dela, o anfitrião disparou que faltava dinamismo ao L’Espoir... Robert argumentou que o periódico possuía um grande público... Samazelle tentou explicar que o fato devia-se ao entusiasmo que tomou conta dos potenciais leitores após a libertação da França ao final da guerra... Trarieux falou de Perron e elogiou suas qualidades de excelente escritor, mas lamentou o fato de ele não ser um tipo de negócios e nem representar nenhuma iniciativa política... Aproveitou para criticar Luc também.
Robert limitou-se a concluir que a adesão de Perron ao SRL fez com que tanto a direita quanto os comunistas se afastassem,  e somava-se a essas perdas significativas o fato de não possuir meios financeiros para prosseguir adequadamente com L’Espoir... Trarieux concordou com as palavras de Robert e ainda “receitou” que se Samazelle estivesse à frente do periódico sua tiragem duplicaria em pouco tempo... Robert respondeu que Samazelle não estava em questão... O milionário anfitrião insistiu e propôs acertar com Henri Perron o resgate de L’Epoir em nome de Samazelle. Dubreuilh nada tinha a dizer... Falou apenas que o outro deveria experimentar colocar a ideia em prática... Trarieux continuou arquitetando uma mudança para L’Espoir e cogitou comprar as cotas de Luc, ou um terço das cotas de cada um dos amigos... Robert argumentou que Trarieux devia entender que Henri e Luc criaram o jornal, então era natural que definissem sobre como ele deveria ser gerido.
O burguês manifestou que não se resignava e que a vontade que tinha era de provar que aquilo podia ser diferente... Falou que os interesses do SRL deviam ser muito mais importantes... Sendo assim, os sentimentos de Luc e Henri Perron pelo L’Espoir, ainda que respeitáveis, deviam ser submetidos ao “projeto político maior”.
Samazelle mostrou sua preocupação, pois já conhecia a proposta de Trarieux de fazer com que Henri o agregasse ao L’Espoir como condição para que todas as suas dívidas fossem sanadas por ele. Em caso de recusa, Trarieux empurraria Henri à falência... Robert garantiu que Henri preferiria a falência a ceder à chantagem de Trarieux... O burguês milionário mostrou que estava decidido a lançar outro jornal com a direção de Samazelle... Este, por sua vez, disse imediatamente que não contribuiria com aquela manobra. Robert completou dizendo que o hipotético novo jornal nada teria a ver com o SRL e que, além disso, a iniciativa significaria a exclusão de Trarieux. O outro desconversou e contou que não tinha intenção de prosseguir naquele projeto, que deveria servir apenas para pressionar Henri Perron... Ele insistiu para que Robert pensasse na necessidade de dobrar a tiragem do jornal para que o SRL obtivesse sucesso político.
Robert respondeu que em sua opinião o erro de Henri e Luc era insistir em trabalhar com poucos recursos financeiros. Falou que o dinheiro de Trarieux mudaria a situação... O burguês revelou que, com a injeção de capital, Luc e Henri teriam de aceitar a participação de Samazelle na direção do jornal... Dubreuilh disse nervosamente que Trarieux havia se comprometido a apoiar L’Espoir sem exigir nada em troca...
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/04/os-mandarins-de-simone-de-beauvoir-o_24.html
Leia: Os Mandarins. Editora Nova Fronteira.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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