sábado, 6 de abril de 2013

“Ei! Tem alguém aí?”, de Jostein Gaarder – considerações finais – Parte II

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/04/ei-tem-alguem-ai-de-jostein-gaarder.html antes de ler esta postagem:

Joakim encontrou Mika dependurado de ponta cabeça numa macieira do quintal... “Estar de ponta cabeça”, “em cima ou embaixo” dependem de pontos de vista... Isso é relativo. O diálogo franco entre os dois possibilita essa compreensão. Os saltos gigantescos e as demais atitudes de Mika espantam Joakim num primeiro momento, mas ele aprendeu algo que nenhum adulto jamais havia ensinado... Reverenciar perguntas...
(...)
Então, de pergunta em pergunta, reflexão após reflexão, foram se conhecendo e tratando dos mais diversos temas... Mika aprendeu sobre o nosso planeta e os humanos, e Joakim aprendeu sobre Eljo e os mumbos... Os dois se encantavam com o maravilhoso “universo” que representavam... Um via que o outro era exemplar que carrega em si muito dos elementos primordiais que forjaram a vida em seus mundos.
Perceberam que, embora diferentes, eram dotados de semelhanças... Notaram que possuíam os mesmos sentidos e concluíram que possuí-los pode ser vantajoso em qualquer parte do universo... Estamos tão acostumados a utilizar os nossos sentidos que nem damos conta de sua importância... Os mumbos possuíam o sentido de “ler o pensamento de seus interlocutores”, seu sangue não era como o dos humanos e eles não possuíam umbigo, já que nascem de ovos... Conversaram longamente sobre essa condição diferenciada. E principalmente sobre o milagre da vida em ambos os planetas.
(...)
Obviamente o fictício mundo de Mika é obra de Gaarder... A narrativa sobre o aprendizado dele sobre as coisas de nosso planeta (surgimento da vida nos oceanos, a evolução dos micro-organismos, anfíbios, répteis e os grandes dinossauros que tanto chamaram a atenção do garoto espacial) poderia tornar-se enfadonha ao leitor... Mas é exatamente a “revisão” proporcionada por ela que nos faz refletir sobre o encanto de viver e fazer parte da natureza deste mundo. As duas crianças notam a vulnerabilidade de seus planetas, percebem-se responsáveis por eles, por sua preservação e também pela espécie a que pertencem.
Joakim foi aprendendo que tudo no planeta e no universo tem alguma conexão... Somos bem pequenos e carecemos de compreensão maior sobre o todo que nos envolve... A pergunta que fez sobre em quê o outro crê mereceu reverência... Algum deus teria feito tudo? Mika pediu que o amigo considerasse sua resposta “apenas uma resposta”, pois a pergunta era muito mais importante... Completou referindo-se a tantas maravilhas que ocorrem ao planeta, e indagou se não teria sido a ação de determinada força que teria atraído os organismos para fora dos oceanos e dado a eles olhos e cérebro para ver e pensar... Mika tinha muitas dúvidas, mas imaginava que os que não creem nisso devem ter um “sentido importante” a menos.
O encontro entre os dois garotos foi de muito aprendizado, foi o encontro de “dois mundos”... Uma aventura, já que Joakim não podia permitir que a tia Helena se encontrasse com Mika e fez de tudo para não causar transtornos extras...
Quem era este que veio do espaço? Ele era apenas uma criatura que estava sonhando e logo que acordasse desapareceria da realidade terrestre? Era um menino que pertencia ao imaginário de um sonho de Joakim? O fato é que ele desapareceu enquanto Joakim dormia, pois ao ser despertado pela tia Helena que vinha com a alegre notícia sobre o nascimento do irmãozinho (outra coincidência), este notou que o amigo espacial não mais estava por ali... Mika se foi... O irmãozinho de Joakim nasceu, e foi batizado com o nome de Mikael...
Pronto... O adulto Joakim escreveu um belo texto à pequena Camila... Depois ele finalizou com a revelação sobre o nascimento do irmãozinho (ou irmãzinha) dela... Sobre isso, ainda fez considerações sobre o encontro dos bisavós da menina há muitos anos nas montanhas de Jotunheim... Ninguém poderia prever, ele explicou, mas a existência da menina se relaciona diretamente àquele momento... Contemplar o bebê recém-nascido (aquele que estava para nascer e que era irmãozinho, ou irmãzinha dela) é como “fitar as estrelas lá do alto”. Imaginamos Camila se esforçando para finalizar o longo texto, mas feliz pela história de muito aprendizado.
Leia: Ei! Tem alguém aí? Companhia das Letrinhas.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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