quarta-feira, 24 de abril de 2013

“Os Mandarins”, de Simone de Beauvoir – o fim do jantar na residência de Trarieux; os temores de Anne em relação às atitudes de Robert em sua tentativa de obter dinheiro; o futuro de L’Espoir e a direção de Perron estavam comprometidos

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/04/os-mandarins-de-simone-de-beauvoir_8632.html antes de ler esta postagem:

Anne notava que Samazelle não esboçava nenhum constrangimento... Em contrapartida, sua esposa manifestava desconforto... Robert prosseguiu falando que havia prometido a Perron que ele teria total independência no L’Espoir, e foi graças a isso que ele topou agregar o jornal ao SRL... Trarieux falou que aquele compromisso não o incluía. Além disso, não via nenhuma dificuldade para Henri aceitar suas condições, já que ele também era amigo de Samazelle. Robert disse que isso era o de menos. A questão estava no fato de Henri desconfiar que havia sido vítima de uma armação e, assim  sendo, protestaria... Robert manifestou que entenderia perfeitamente se isso ocorresse.
Anne sabia das reservas de Henri em relação a Samazelle... Mas Trarieux insistia e disse que também sabia “bater o pé”... Robert alertava-o para o fato de a posição de Samazelle tornar-se muito delicada dada a desaprovação de Perron. O moço concordou e falou que seria mesmo desconfortável participar de “um novo surto ao jornal” sem o sincero consentimento de Henri... Trarieux falou que, embora não visasse lucros, se recusava a investir milhões “em troca de nada”... Se concluísse que o projeto só resultasse em fracasso não participaria do empreendimento. Samazelle falou que não adiantava ficarem conversando, e que o melhor seria Robert falar pessoalmente com Perron. Disse que não acreditava que empecilhos fossem criados, pois o objetivo de todos era o “êxito do movimento”... Trarieux concordou e reforçou a ideia a Dubreuilh, que respondeu no mesmo instante que não tinha nenhuma disposição de tratar sobre aquilo com o amigo.
Por um tempo ainda falaram sobre o impasse, mas logo o encontro foi encerrado. À saída, Anne perguntou ao marido o que havia sido combinado com Trarieux meses antes... Robert confirmou que trataram apenas do “aspecto político do negócio”.
Anne quis saber se Robert não havia comprometido demasiadamente Henri e L’Espoir com Trarieux e sua verba... Dubreuilh confessou que provavelmente tivesse antecipado a situação e completou que, muitas vezes, se não é dessa maneira, torna-se impossível realizar algo. Anne advertiu que o melhor seria forçar Trarieux resolver a situação no encontro que tiveram e, dessa forma, ou cumpria o combinado ou haveria o desentendimento e (assim) a sua expulsão do SRL... Mas Robert ainda levava em consideração a provável necessidade de dinheiro por parte de L’Espoir... Antecipando-se aos fatos, lamentava-se com a possibilidade de Henri perder o jornal.
Anne não teve coragem de dizer a Robert sobre a conversa que tivera com Henri na “noite da vitória”, ocasião em que ele manifestou sofrimento por ter submetido o jornal ao SRL... Perron “gostava do jornal, da liberdade, não gostava de Samazelle”... Mas não fez rodeios ao dizer-se inconformada com o fato de Robert ter feito negócio com Trarieux, um tipo que ela não suportava... Dubreuilh admitiu ter errado e disse que, como alternativa, poderia tentar obter dinheiro com Mauvanes... Anne duvidou que conseguisse dinheiro com este ou com qualquer outro endinheirado filiado ao SRL... Ainda assim não podia descartar Trarieux... Robert pensava, nesse caso, em conversar com Samazelle... Se o moço fosse coerente recusaria que lhe impusessem a direção do periódico.
Robert pensou em Mauvanes e muitos outros que não demonstraram interesse pela situação. Anne lamentou o fato e concluiu que o marido havia comprometido intensamente Henri e L’Espoir... Mas não queria julgá-lo... Sabia que a pressa dele em perceber resultados de suas ações no mais breve tempo o fazia um tipo descuidado com os escrúpulos.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/04/os-mandarins-de-simone-de-beauvoir_24.html
Leia: Os Mandarins. Editora Nova Fronteira.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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