Alfredo melhorou das indisposições causadas pelo resfriado. Iniciou sua carta para Abner tratando da questão da velhice. Considerou que a condição do outro (sua velhice) não era algo do qual estivesse disposto a refletir. Por tratar-se de um jovem com muitas possibilidades, gostaria de viver muito e não tinha tempo para “pensar a velhice”... Sobre a proposta do jardim, descartou-a completamente porque é uma atividade da qual não tem a menor ciência. Suas férias estavam apenas se iniciando e queria aproveitá-las para atualizar as leituras, embora reconhecesse que isso era tarefa cada vez mais difícil, pois Clara não lhe saía do pensamento... O moço reforçava a ideia de que, para ele, “envelhecer” se relacionava a “decadência”. Ele se confessa, concordando com o professor, que sofria mesmo era de “juventude”.
Encerrou sua carta registrando que a passagem do tempo não estava melhorando sua condição, já que a ausência da amada era uma tortura... Era como “ter sede no deserto” e delirar com visões de oásis... “O amor provoca delírios”. Suas palavras são as de desespero daquele que espera cegamente porque não aceita outra possibilidade que não seja o retorno de Clara, que permanece artificialmente em suas visões... Terminou com mais essa pergunta para Abner: “O que é a felicidade para você?”

Mas Abner diz que a Felicidade é mais profunda que essas sensações, pois não depende de alegrias... A pessoa pode ser feliz e “não ser permanentemente alegre”... A Felicidade se relaciona à nossa condição de vivenciarmos com propriedade as situações de nossas escolhas... Eventualmente a realidade pode se apresentar pesada, mas é ali mesmo que devo estar... Assim, serei feliz em minhas motivações para superar as dificuldades.
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Leia: Tempo de Esperas. Editora Planeta.
Um abraço,
Prof.Gilberto