Por ocasião das postagens sobre Corações Sujos, de Fernando Morais, o presídio da ilha Anchieta (Ubatuba) foi citado diversas vezes porque para lá foram encaminhadas as lideranças da Shindo Renmei e seus colaboradores mais graúdos. É só digitar presídio da Ilha Anchieta “ali na busca” neste blog que você encontrará vários textos. Os episódios aqui tratados deram-se anos depois daqueles referidos em Corações Sujos.
O antigo presídio da ilha Anchieta foi fundado em 1908 e, no começo, tinha o nome de Colônia Correcional da Ilha dos Porcos. Só em 1934 é que passou a se chamar Anchieta em homenagem ao centenário do missionário jesuíta português (personagem marcante no litoral da região Sudeste ao tempo da colonização do Brasil... A propósito, não há como tratar da história da fundação de São Paulo sem citarmos Anchieta).
Devido ao seu isolamento, o presídio era considerado extremamente seguro. Lugar do qual a fuga era impensável... Não é por acaso que a ilha era conhecida como Alcatraz brasileira. Conta-se que a primeira rebelião no lugar data de 1933, quando 100 presos realizaram depredações e chegaram a tomar conta da situação, mas foram devidamente controlados, tanto é que não se registraram mortos no episódio.
No dia 20 de junho de 1952 ocorreu a mais sangrenta rebelião de presos da ilha Anchieta. Tudo começou depois que a direção do presídio determinou que 117 presos, acompanhados por dois soldados, fossem buscar lenha... Os detentos dominaram os soldados e mataram um deles. José Salomão das Chagas, soldado da Força Pública, era sentinela e trocou tiros com os rebelados. Quatro deles morreram logo no começo... A turba assassinou outros dois soldados a pauladas... Salomão das Chagas foi deixado apenas com as roupas de baixo, mas sobreviveu aos episódios.

Como o plano havia falhado, os rebeldes decidiram se apoderar de uma embarcação menor. Mas ela ficou superlotada e começou a afundar... Decidiram lançar os feridos ao mar... Seu sangue atraiu tubarões... Dezenas de criminosos foram mortos também por tiros de soldados e dos próprios comparsas. Ao todo, 108 detentos e dez funcionários foram mortos durante a rebelião.

O Estado de São Paulo, de 21 de junho de 1952, destacou a ocorrência em seus textos.
Em 1955, três anos depois da rebelião, o presídio foi fechado... Os presos foram encaminhados à Casa de Custódia de Taubaté, onde se diz que uma facção criminosa teve seu embrião...
O massacre do presídio da ilha Anchieta só foi superado pelo do presídio do Carandiru (região norte da cidade de São Paulo), em 1991, que somou 111 vítimas...
Um abraço,
Prof.Gilberto