quinta-feira, 14 de junho de 2012

Tempo de Esperas, de Fábio de Melo (PE.) – a vida segue sua trajetória, é passagem; mesquinharias não merecem nossos esforços

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/06/tempo-de-esperas-de-fabio-de-melo-pe-as.html antes de ler esta postagem:

Do que Abner escreveu, ainda podemos registrar:
É preciso envolver-se nos dinamismos que a vida proporciona a todo instante, é preciso “acolher a novidade de cada dia”. A memória possibilita-nos o acesso a recordações valiosas, que fazem parte de nossa história, mas não podemos nos prender a sucessos ou fracassos (do passado) que eventualmente gerem bloqueios para a vivência presente.
O tempo passa e com ele nos modificamos. Há uma dinâmica nisso. Algumas situações significam perdas, mas devemos aprender a “enterrá-las” definitivamente para que novas oportunidades se concretizem. Abner refere-se às perdas provocadas pela morte de pessoas queridas... E também aquelas de pessoas que se ausentam afetivamente de nosso convívio (esse é o caso de Clara).
O que é próprio do tempo é “passar”, e não “ficar”. O professor esclarece que o amadurecimento que o tempo nos proporciona traz também a condição de “revisitarmos” o passado e entendermos os traumas com outro olhar (o nosso, do momento presente), assim podemos compreender as situações que outrora pesaram em nossas consciências. Essa terapia, de “revisita ao passado”, pode curar...
Abner insiste que a relação com Clara devia ser enterrada no passado; de sua lembrança, Alfredo só devia resgatar situações positivas. Mas a convivência com a amada não seria novamente uma realidade. Aquele relacionamento devia ser “sepultado” por ele... Apenas ele poderia fazer isso.
Ao final da carta, Abner revela que se sente nos momentos finais de sua vida. Essa sua condição assustadora convoca-o para aproveitar ao máximo o que lhe resta de tempo. Registra que as mesquinharias não merecem seus esforços... Sentindo-se velho, decidiu abandonar a Universidade e o cotidiano de aparências. É claro que o seu repouso é também marcado pelas limitações naturais que chegam com a idade. Ele quer mostrar que percebe a morte como algo “não definitivo”, um ponto final, mas como passagem natural... A vida cumpriu sua trajetória e levou-o ao envelhecimento... A vida é passagem... O corpo morre um pouco a cada dia... O resfriado do amigo recorda essa condição.
Depois de profundas reflexões, o professor parece voltar a tratar de situações mais amenas e a sugerir procedimentos ao rapaz, que bem poderia aproveitar a condição de convalescente para interiorizar-se, refletir sobre a necessidade de dar novas oportunidades à vida... E mais: deixar os livros de lado, já que, estando de férias, poderia dedicar-se a algo mais lúdico... Por que não plantar um jardim?
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/06/tempo-de-esperas-de-fabio-de-melo-pe_23.html
Leia: Tempo de Esperas. Editora Planeta.

Um abraço,
Prof.Gilberto

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