segunda-feira, 26 de agosto de 2019

Filme – “Vermelho Sol” – do caráter funesto do protagonista, sua macabra decisão e segredo; seguro retorno ao cotidiano de condição de superioridade; um pobre e apavorado cliente com demandas urgentes

Talvez seja interessante retomar https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2019/08/filme-vermelho-sol-do-inicio-no-qual-se.html antes de ler esta postagem:

O estranho atirou contra a própria cabeça... A cena é chocante e o que a torna mais dramática é o fato de o tiro não ter resultado em fatal. O moço caiu e começou a emitir uns grunhidos de agonia.
Susana se desesperou... Cláudio recolheu o tipo e o instalou no banco traseiro do veículo. Na sequência, dirigiu até o pequeno hospital local.
(...)
Imaginamos que o estranho que havia causado o tumulto no restaurante só podia sofrer de algum distúrbio mental... A iniciativa do doutor Cláudio talvez salvasse a vida do moço.
Logo que estacionou, pediu para a esposa permanecer no carro enquanto ele se dirigiria ao pessoal da emergência. A aflição tomou conta de Suzana enquanto o esperava, pois desde o banco detrás vinham os gemidos desesperados do desconhecido... A noite avançava e não se notava nenhuma movimentação de transeuntes.
Cláudio retornou e adiantou à mulher que não poderiam internar o rapaz, pois as instalações do pequeno posto hospitalar não atendiam às necessidades de exames e intervenção cirúrgica imediatos. Então explicou que conduziria o moribundo para uma cidade maior e com equipamentos mais adequados para as emergências. Decidiu que faria isso sozinho, por isso, antes de pegar a estrada, deixou Susana em casa.
(...)
O advogado rodou pela estrada que atravessa o deserto... Durante a viagem ouviu os desesperados gemidos do estranho.
Parou o carro e retirou o rapaz, arrastando-o até uma localidade erma, abandonando-o à própria sorte.
Cláudio voltou à estrada e tomou a direção que o levava para sua provinciana cidade. Um vermelho sol surgia no horizonte.

(...)

Aos poucos vamos entendendo melhor o caráter do protagonista.
Trata-se de um tipo nefasto! O episódio do restaurante serviu para mostrar a sua arrogância. Os frequentadores habituais o conheciam e o tinham em alta consideração. Convencido disso, fez os ataques desnecessários ao desconhecido e provocou toda confusão que se seguiu. Ficou claro que não se sentiu na obrigação de salvar a vida do moço. Talvez por misericórdia pudesse colocar termo ao seu sofrimento. Mas ele não fez isso. Pelo contrário! Largou-o no meio do nada para que apodrecesse e terminasse dilacerado por abutres.

(...)

Cláudio retornou ao seu cotidiano...
Os meses se passaram e nenhum escrúpulo o atormentou.
Sua vida seguiu sem maiores novidades, dividida entre o escritório, o lar e eventuais partidas de tênis. O trabalho no escritório rendia mais do que o necessário para lhe garantir o conforto da família.
Certamente sua situação era bem diferente da de certos clientes... E é bem verdade que um deles o atormentava por conta de sua desesperada condição de desempregado, um pai de família em dificuldade. É claro que não dá para comparar as duas realidades... Todavia elas se cruzaram.
O homem entrara com um processo de indenização contra o seu último empregador e Cláudio havia garantido que a causa estava ganha... Porém o processo já se arrastava por longo tempo e as necessidades apertavam o pobre homem mais do que ele podia suportar. O vemos desesperado e, em consulta ao advogado, falando dos problemas que só aumentavam e da necessidade urgente que tinha do dinheiro da indenização. Pacientemente Cláudio explica que não há o que fazer a não ser aguardar as decisões da Justiça.
Indicação (14 anos)
Um abraço,
Prof.Gilberto

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