O estranho atirou contra a própria cabeça... A cena é chocante e o que a torna mais dramática é o fato de o tiro não ter resultado em fatal. O moço caiu e começou a emitir uns grunhidos de agonia.
Susana se desesperou... Cláudio recolheu o tipo e o instalou no banco traseiro do veículo. Na sequência, dirigiu até o pequeno hospital local.
(...)
Imaginamos que o estranho que havia causado o tumulto no
restaurante só podia sofrer de algum distúrbio mental... A iniciativa do doutor
Cláudio talvez salvasse a vida do moço.
Logo que estacionou, pediu para a esposa permanecer no
carro enquanto ele se dirigiria ao pessoal da emergência. A aflição tomou conta
de Suzana enquanto o esperava, pois desde o banco detrás vinham os gemidos
desesperados do desconhecido... A noite avançava e não se notava nenhuma
movimentação de transeuntes.
Cláudio
retornou e adiantou à mulher que não poderiam internar o rapaz, pois as
instalações do pequeno posto hospitalar não atendiam às necessidades de exames
e intervenção cirúrgica imediatos. Então explicou que conduziria o moribundo
para uma cidade maior e com equipamentos mais adequados para as emergências.
Decidiu que faria isso sozinho, por isso, antes de pegar a estrada, deixou
Susana em casa.
(...)
O advogado rodou pela estrada que atravessa o
deserto... Durante a viagem ouviu os desesperados gemidos do estranho.
Parou
o carro e retirou o rapaz, arrastando-o até uma localidade erma, abandonando-o
à própria sorte.
Cláudio
voltou à estrada e tomou a direção que o levava para sua provinciana cidade. Um
vermelho sol surgia no horizonte.
(...)
Aos
poucos vamos entendendo melhor o caráter do protagonista.
Trata-se de um tipo nefasto! O episódio do restaurante
serviu para mostrar a sua arrogância. Os frequentadores habituais o conheciam e
o tinham em alta consideração. Convencido disso, fez os ataques desnecessários
ao desconhecido e provocou toda confusão que se seguiu. Ficou claro que não se
sentiu na obrigação de salvar a vida do moço. Talvez por misericórdia pudesse
colocar termo ao seu sofrimento. Mas ele não fez isso. Pelo contrário! Largou-o
no meio do nada para que apodrecesse e terminasse dilacerado por abutres.
(...)
Cláudio retornou ao seu cotidiano...
Os meses se passaram e nenhum escrúpulo o atormentou.
Sua
vida seguiu sem maiores novidades, dividida entre o escritório, o lar e
eventuais partidas de tênis. O trabalho no escritório rendia mais do que o
necessário para lhe garantir o conforto da família.
Certamente
sua situação era bem diferente da de certos clientes... E é bem verdade que um
deles o atormentava por conta de sua desesperada condição de desempregado, um pai
de família em dificuldade. É claro que não dá para comparar as duas realidades...
Todavia elas se cruzaram.
O homem entrara com um processo de indenização contra o
seu último empregador e Cláudio havia garantido que a causa estava ganha... Porém
o processo já se arrastava por longo tempo e as necessidades apertavam o pobre
homem mais do que ele podia suportar. O vemos desesperado e, em consulta ao
advogado, falando dos problemas que só aumentavam e da necessidade urgente que
tinha do dinheiro da indenização. Pacientemente Cláudio explica que não há o
que fazer a não ser aguardar as decisões da Justiça.
Continua em https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2019/08/filme-vermelho-sol-respeito-de-paula.html
Indicação (14 anos)
Um abraço,
Prof.Gilberto