quinta-feira, 8 de junho de 2017

“Minha Vida de Menina”, de Helena Morley – os registros de 18 de agosto de 1895; a tia inglesa não aceita a desistência de Helena; a menina sofre com a pressão da madrinha e por não poder negar-lhe a substituição; desabafo com dona Carolina a respeito das diabruras dos alunos; a tática dos docinhos “queimados”; início do segundo dia

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2017/06/minha-vida-de-menina-de-helena-morley_7.html antes de ler esta postagem:

Helena recorreu à tia Madge para solucionar o grave problema que estava enfrentando por substitui-la.
A menina insistiu que não tinha jeito para “ensinar menino burro e malcriado” e nem para “ser escrava de hora”... A tia inglesa não admitiu sua desistência porque a considerava capaz do desafio e, além disso, tinha planos de passar-lhe a escola de modo definitivo depois que se aposentasse.
No fim do diálogo, Madge sentenciou que Helena havia feito mal em dispensar os alunos tão cedo. Todavia a desculpava por reconhecer sua dificuldade de principiante. Então pediu que ela retornasse na manhã seguinte.
Mais uma vez Helena quis explicar que não tinha como substitui-la. Disse que ela precisava conferir como os meninos a tratavam. Acrescentou que teria de pedir, ela mesma, que outra professora assumisse as aulas.
A tia inglesa não gostou do que ouviu... Exclamou que Helena não devia dizer coisas como aquelas. De sua parte, jamais desanimaria com a afilhada, pois ela era “a única esperança” de sua vida. Depois sugeriu que ela retornasse para casa e que descansasse para o dia seguinte.
(...)
Helena voltou para casa o mais rápido que pôde.
Seguiu imediatamente para o seu quarto.
Dona Carolina notou a agitação da filha e quis saber se a tia lhe chamara a atenção.
A menina explicou que não tinha levado bronca. Mas entendia que o fato de ser afilhada de tia Madge a colocava numa situação que não podia suportar. Era loucura!
Dona Carolina perguntou sobre o que havia ocorrido. Helena disse que tinha sofrido na escola “quase tanto como Jesus Cristo”. A mãe a advertiu... Como podia dizer uma coisa dessas?
Helena respondeu que “Jesus Cristo sofreu porque quis”. Ela sofria desesperada! Emendou que pensava mesmo que podia quebrar uma perna só para não ter de retornar à escola... Os meninos eram “piores do que demônios”. Era muito sofrimento!
Disse também que se preocupava com a insistência da tia, que a queria substituindo por quinze dias. E nem mesmo podia dizer o que pensava a respeito! Aquilo era muita “ruindade e maldade”. Só podia ser!
(...)
Helena contou à mãe tudo o que havia ocorrido na escola.
Então dona Carolina pensou que nem tudo estava perdido. Ela teve a ideia de fazerem uns “queimados” (caramelos). Com os docinhos, Helena poderia convencer os meninos a se comportarem melhor.
Dirigiram-se à cozinha e prepararam vários “queimados”.
(...)
No dia seguinte, Helena apanhou os caramelos e já estava de saída para a escola da tia Madge quando sua mãe sugeriu que levasse só a metade dos doces, assim restaria uma porção que poderia ser utilizada na próxima semana.
Logo que chegou, Helena percebeu que o dia seria de novos tormentos. Os alunos a aguardavam na maior bagunça. Sua primeira providência foi bater com a régua na mesa e anunciar que trazia os “queimados” para os que se comportassem bem.
Ela disse também que a “mestra” Madge a havia orientado que os indisciplinados sofreriam castigo exemplar, além de permanecerem presos na escola até à noite.
Em vez de preocupação, as advertências da substituta suscitaram brincadeiras diversas... Uns diziam aos outros com seu linguajar da gente de interior: “ih, ‘ocê é que vai ficar preso”; “ih, hoje a coisa é séria!”.
Leia: Minha Vida de Menina. Companhia das Letras.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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