Helena recorreu à tia Madge para solucionar o grave problema que estava enfrentando por substitui-la.
A menina insistiu que não tinha jeito para “ensinar menino burro e malcriado” e nem para “ser escrava de hora”... A tia inglesa não admitiu sua desistência porque a considerava capaz do desafio e, além disso, tinha planos de passar-lhe a escola de modo definitivo depois que se aposentasse.
No fim do diálogo, Madge sentenciou que Helena havia feito mal em dispensar os alunos tão cedo. Todavia a desculpava por reconhecer sua dificuldade de principiante. Então pediu que ela retornasse na manhã seguinte.
Mais uma vez Helena quis explicar que não tinha como substitui-la. Disse que ela precisava conferir como os meninos a tratavam. Acrescentou que teria de pedir, ela mesma, que outra professora assumisse as aulas.
A tia inglesa não gostou do que ouviu... Exclamou que Helena não devia dizer coisas como aquelas. De sua parte, jamais desanimaria com a afilhada, pois ela era “a única esperança” de sua vida. Depois sugeriu que ela retornasse para casa e que descansasse para o dia seguinte.
(...)
Helena
voltou para casa o mais rápido que pôde.
Seguiu imediatamente
para o seu quarto.
Dona
Carolina notou a agitação da filha e quis saber se a tia lhe chamara a atenção.
A menina explicou que
não tinha levado bronca. Mas entendia que o fato de ser afilhada de tia Madge a
colocava numa situação que não podia suportar. Era loucura!
Dona Carolina
perguntou sobre o que havia ocorrido. Helena disse que tinha sofrido na escola “quase
tanto como Jesus Cristo”. A mãe a advertiu... Como podia dizer uma coisa
dessas?
Helena respondeu que “Jesus
Cristo sofreu porque quis”. Ela sofria desesperada! Emendou que pensava mesmo
que podia quebrar uma perna só para não ter de retornar à escola... Os meninos
eram “piores do que demônios”. Era muito sofrimento!
Disse também que se preocupava com a insistência da tia, que a queria
substituindo por quinze dias. E nem mesmo podia dizer o que pensava a respeito!
Aquilo era muita “ruindade e maldade”. Só podia ser!
(...)
Helena contou à mãe tudo o que havia ocorrido na escola.
Então dona Carolina pensou que nem tudo estava
perdido. Ela teve a ideia de fazerem uns “queimados” (caramelos). Com os
docinhos, Helena poderia convencer os meninos a se comportarem melhor.
Dirigiram-se à
cozinha e prepararam vários “queimados”.
(...)
No dia seguinte, Helena apanhou os caramelos e já estava de saída para a
escola da tia Madge quando sua mãe sugeriu que levasse só a metade dos doces,
assim restaria uma porção que poderia ser utilizada na próxima semana.
Logo
que chegou, Helena percebeu que o dia seria de novos tormentos. Os alunos a
aguardavam na maior bagunça. Sua primeira providência foi bater com a régua na
mesa e anunciar que trazia os “queimados” para os que se comportassem bem.
Ela disse também que
a “mestra” Madge a havia orientado que os indisciplinados sofreriam castigo
exemplar, além de permanecerem presos na escola até à noite.
Em
vez de preocupação, as advertências da substituta suscitaram brincadeiras diversas...
Uns diziam aos outros com seu linguajar da gente de interior: “ih, ‘ocê é que
vai ficar preso”; “ih, hoje a coisa é séria!”.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2017/06/minha-vida-de-menina-de-helena-morley_9.html
Leia: Minha
Vida de Menina. Companhia das Letras.
Um abraço,
Prof.Gilberto