sexta-feira, 16 de junho de 2017

“A Volta ao Mundo em Oitenta Dias”, de Júlio Verne – da “Coleção eu Leio” – considerações sobre a grande São Francisco a partir do olhar de Passepartout; sobre o International Hotel, seu bar e restaurante; seguindo para a obtenção de mais um visto; rifles e revólveres para a viagem?

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2017/06/a-volta-ao-mundo-em-oitenta-dias-de_11.html antes de ler esta postagem:

Fogg, Aouda e Passepartout desembarcaram no “cais flutuante” de São Francisco às sete da manhã.
A “flutuação” do cais varia com as oscilações das marés, o que facilita o embarque e desembarque das mais variadas cargas. A movimentação de todo tipo de embarcação (dos mais próximos e longínquos países – “México, Peru, Chile, Brasil, Europa, Ásia, ilhas do Pacífico”) chamaram a atenção de Passepartout.
O rapaz estava tão feliz por ter chegado à América que realizou um “salto mortal” em grande estilo... Seu intento incluía replicar o salto no sentido contrário logo que batesse os pés no chão, mas, como o madeiramento estava muito carunchado, não pôde finalizar a manobra como pretendia.
O rapaz não deixou de soltar um grito de satisfação e assim espantou inúmeros pelicanos e outras aves que são habituais do lugar.
Fogg partiu imediatamente em busca das informações a respeito da saída do trem com destino a Nova York... Como a composição partiria às seis da tarde, teria o dia para fazer passeios e compras na cidade, que Verne chama de “a capital californiana”.
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Na sequência, o inglês providenciou o transporte que os conduziu ao International Hotel. Passepartout observou a cidade a partir do alto da boleia... Assim, Verne pôde descrever uma urbe efervescente, com amplas avenidas ladeadas por calçadas com suas lojas (nem todas de tijolos) repletas de artigos variados e procedentes de todos as partes do mundo.
O casario de baixa altura era muito bem alinhado. As igrejas e templos também impressionavam por sua grandiosidade e estilo (gótico anglo-saxão)... Carruagens e ônibus transportavam também europeus, chineses e indianos. O trânsito dos mais agitados correspondia à população estimada em “mais de duzentas mil almas”.
Era possível notar os traços de um passado não muito distante... A “legendária cidade de 1849”, conhecida pela mobilização dos que buscaram se enriquecer na exploração de ouro (que resultou na agitação dos típicos ambientes de “velho oeste”), foi vista pelo francês.
A fama de São Francisco estava muito mudada... Não havia como não reconhecê-la como importante centro comercial e de negócios. Não se viam tipos com sombreros ou indígenas de aparência sisuda e enfeitados com penas. Os transeuntes eram pessoas “apresentáveis” com indumentária à europeia.
O desenho urbano fascinou Passepartout... As ruas e avenidas se entrecruzavam sempre “em ângulos retos”, lembrando a um tabuleiro de xadrez... Praças bem arborizadas tornavam o caminho mais alegre.
Alguns bairros se destacavam por sua peculiaridade. Esse era o caso da “cidade chinesa”, que parecia importada diretamente do “Império Celestial”. Entre as avenidas, a que mais chamava a atenção era a Montgomery Street, dotada de “lojas maravilhosas”.
(...)
Os recém-chegados podiam se sentir em Londres...
No andar térreo do hotel, os recém-chegados poderiam tirar proveito de um grande bar. O local é chamado pelo texto de “café-restaurante” onde os mais variados petiscos eram servidos gratuitamente. E havia muitas opções: “carne seca, queijo, sopa de ostras, biscoitos”... O hóspede só pagava pelas bebidas que desejasse consumir.
Fogg e Aouda sentaram-se a uma mesa do restaurante e foram muito bem servidos por garçons negros. Verne deixa escapar a sua aprovação a tudo o que os aventureiros podiam experimentar na América, inclusive o tratamento oferecido por esses “apresentáveis funcionários de hotel”.
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Após o breve almoço, os aventureiros seguiram para o consulado inglês, pois Philleas Fogg esperava obter o visto em seu passaporte.
No caminho toparam com um tipo que parecia criado da agência que negociava os bilhetes para a estrada de ferro do Pacífico... Ele sugeriu que comprassem “algumas dúzias de rifles Enfield ou de revólveres Colt” antes de embarcarem.
Passepartout logo associou a precaução à possibilidade de o trem ser bloqueado por indígenas Sioux ou Pawnies que, “como simples ladrões espanhóis”, apavoravam os passageiros das composições em meio às longas viagens.
Leia: A Volta ao Mundo em Oitenta Dias – Coleção “Eu Leio”. Editora Ática.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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