sábado, 10 de junho de 2017

“A Volta ao Mundo em Oitenta Dias”, de Júlio Verne – da “Coleção eu Leio” – o General Grant, uma potente máquina de navegar; Passepartout tranquiliza Aouda a respeito da possibilidade de êxito da viagem em oitenta dias e nota que a jovem nutre sentimentos mais do que cordiais pelo seu patrão; passagem pelo meridiano 180º no 52º dia de viagem; o relógio de Passepartout está de acordo com os cronômetros do navio

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2017/06/a-volta-ao-mundo-em-oitenta-dias-de.html antes de ler esta postagem:

A respeito do General Grant é bom que se saiba que os entendedores da navegação só tinham elogios a fazer àquela gigantesca máquina. Suas grandes rodas movimentadas pelo potente motor a vapor conduzia satisfatoriamente as duas mil e quinhentas toneladas pelas águas do Pacífico. A composição contava ainda com três mastros que sustentavam grande vela. Disso tudo resultava que a embarcação avançava à velocidade de doze milhas por hora.
Não havia dúvida de que a viagem voltara a um eixo satisfatória... Phileas Fogg calculava que a travessia do pacífico duraria uns 21 dias e acreditava mesmo que chegariam a São Francisco no dia 2 de dezembro... Mais uns nove dias e desembarcariam em Nova York... Outros nove dias de travessia do Atlântico e chegariam a Londres. Se tudo corresse como imaginava venceria a aposta com algumas horas de sobra, já que a data a ser batida era o 21 de dezembro.
(...)
Verne destaca que entre os passageiros contavam-se muitos americanos, mas também havia ingleses e entre eles vários militares que curtiam o período de licença para viajar pelo mundo.
A travessia foi das mais tranquilas e nenhum acidente foi registrado. A embarcação balançava bem pouco e isso tornava a viagem muito cômoda para todos... Algo muito apropriado a Fogg, que não era mesmo dado a agitações e a falações.
Aouda respeitava o silêncio de seu protetor e pouco o incomodava. Ela sabia que todo aquele tempo juntos os aproximava significativamente. Por isso a jovem entendia que seu vínculo com o inglês se tornava cada vez mais sólido.
Phileas Fogg não notava, mas a sua protegida passou a nutrir por ele muito mais do que o reconhecimento por sua nobreza. Ela se sentia atraída pelos projetos de Fogg e sinceramente fazia votos para que tudo desse certo em sua empreitada na “volta ao mundo”. A moça angustiava-se ao avaliar que certos imprevistos pudessem comprometer o sucesso de seus planos.
Ela conversava sobre suas inquietações com Passepartout, que não deixava de pensar sobre os seus sentimentos. Para ele estava claro que Aouda sentia-se atraída emocionalmente por seu patrão.
O francês também nutria por Fogg reconhecimento e fidelidade jamais experimentados. Depois de tudo o que havia passado, não se cansava de tecer elogios ao seu senhor... Para Passepartout, o seu patrão tornara-se modelo definitivo para tudo o que há de exemplar num bom homem (honestidade, generosidade, senso de justiça e dedicação).
Sobre as inquietações da jovem a respeito do prosseguimento da viagem, o criado dizia que a parte mais complicada havia ficado para trás... Não mais teriam pela frente terras e mares de atmosferas “fantásticas” e de temeridades (como as da China e do Japão)... À frente os aguardavam “regiões civilizadas” (São Francisco, Nova York, Londres...), e para atingi-las certamente contariam com um bem construído trem e um potente transatlântico. Assim não havia com o que se preocupar em relação ao cumprimento do prazo acertado pelos apostadores.
(...)
No dia 23 de novembro, o General Grant passou pelo meridiano 180º...
Isso significava que Phileas Fogg estava atingindo a metade da viagem. Estava do “lado oposto” em relação à Inglaterra. Se pensarmos em termos do tempo gasto até ali somos tentados a imaginar que ele perderia a aposta, pois já tinham se passado cinquenta e dois dias desde que deixara o Reform Club. Ou seja, a metade restante teria de ser finalizada em vinte e oito dias.
Quando pensamos no percurso realizado, levando-se em conta os vários e inevitáveis desvios, podemos dizer que mais de dois terços haviam sido superados. Se fosse possível realizar a volta ao mundo sem se desviar do paralelo 50º (que é o de Londres), teriam de vencer apenas vinte mil quilômetros... Todas as manobras e caprichos relacionados às dificuldades com os meios de transporte exigiam o esforço de quarenta mil quilômetros!
Tinham vencido vinte e oito mil quilômetros até então... O dado animador relacionava-se ao desenho da rota que se avizinhava... Um “caminho reto” e teoricamente mais fácil de ser coberto.
(...)
No mesmo dia 23, Passepartout sentiu que fizera muito bem em não acertar o seu relógio de família conforme o orientaram algumas vezes. Manteve o horário de Londres. Ao observar os cronômetros do navio, percebeu que os ponteiros combinavam com os de sua relíquia, tão valiosa e tão certa.
Leia: A Volta ao Mundo em Oitenta Dias – Coleção “Eu Leio”. Editora Ática.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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