sexta-feira, 23 de junho de 2017

“A Volta ao Mundo em Oitenta Dias”, de Júlio Verne – da “Coleção eu Leio” – neve e duzentos quilômetros de percurso até a meia-noite; sobre o vagão-leito dos passageiros; avanço por Sierra Nevada durante a madrugada; acompanhando o rio Humboldt até Utah

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2017/06/a-volta-ao-mundo-em-oitenta-dias-de_23.html antes de ler esta postagem:

Longo percurso a ser percorrido de trem... O que encontrariam mais adiante? Difícil saber. No peito de Phileas Fogg apenas o desejo de finalizarem a viagem até o dia 11, quando esperava estar em Nova York com passagem para a embarcação que o levaria a Liverpool.
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O vagão é descrito como “uma espécie de ônibus” colocado sobre dois trens, cada um com quatro rodas... Essa formatação possibilitava boa performance até mesmo nas curvas de pequenos raios.
Havia duas filas de assentos “perpendiculares aos eixos”... De qualquer lugar que se estivesse podia-se acessar os banheiros do vagão. Havia corredores específicos para isso. E também para se alcançar os demais carros de passageiros e outros vagões com diversos serviços (salões, terraços, restaurantes, cafés).
Não era muito, mas nos corredores circulavam vendedores de todo tipo de mercadoria (livros, jornais, bebidas, quitutes e charutos).
A noite fria não demorou a cair, e o céu carregado de nuvens ameaçava nevasca.
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A velocidade da composição era em torno de trinta e dois quilômetros por hora. Apesar de não ser tão rápido, era o suficiente para que a planilha de Fogg não apresentasse déficits de tempo.
Não se ouviam conversas entre os passageiros... Passepartout estava logo atrás do banco de Fix, mas não fazia a menor questão de dirigir-lhe palavra. O francês preferiu não se arriscar em relação àquele tipo, e em seu íntimo guardava a disposição de estrangulá-lo como reação a qualquer atitude suspeita do tira.
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Depois de uma hora após a partida do trem em São Francisco, uma fina neve começou a cair. Ela não oferecia riscos ao avanço da máquina. Pela janela não se via nada além da “brancura enegrecida” pela escuridão da noite e a fumaça eliminada pela locomotiva.
Exatamente às oito horas, um camareiro anunciou o horário de dormir... Logo o vagão modificou-se em dormitório. Os bancos se desdobraram e um mecanismo acionou os colchonetes... Os passageiros puderam contar com privacidade e o conforto de leitos cobertos por lençóis brancos e travesseiros macios. Densas cortinas os mantinham isolados dos demais, como se estivessem num a embarcação.
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Todos adormeciam enquanto o trem passava por Sacramento (sede legislativa da Califórnia) à meia- noite. Em seis horas a composição havia avançado duzentos quilômetros. Na sequência avançou para Omaha.
Depois de Sacramento muitas outras estações foram deixadas para trás: Junction, Roclin, Auburn, e Colfax... Logo a composição passou a atravessar a Sierra Nevada.
Às sete da manhã a estação de Cisco havia sido alcançada. Uma hora mais tarde o dormitório foi despertado e voltou à condição de vagão comum...
O traçado do território montanhoso pôde ser contemplado pelos passageiros. Era basicamente a estrada de ferro, o trem, seu movimento e “silvo” que se misturava ao som das águas que caíam de cascatas diversas... Os pinheiros silenciosos recebiam as lufadas enfumaçadas da pesada máquina.
O traçado não era reto, pois os “contornos da natureza” foram respeitados na ocasião em que a ferrovia foi construída. Pelo menos neste trecho o avanço resultava em lento.
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Às nove horas o trem chegou ao estado de Nevada... O vale de Carson foi cortado no sentido nordeste. Ao meio-dia os passageiros almoçaram durante vinte minutos e deixaram Reno para trás.
Depois a ferrovia permitiu o avanço do trem junto à margem do rio Humboldt. Por isso a direção passou a ser norte por alguns quilômetros... Mais tarde, ainda em conformidade com o curso do Humboldt, a composição rumou para leste até as montanhas onde se localizam as nascentes, quase no limite do estado de Nevada com Utah.
Leia: A Volta ao Mundo em Oitenta Dias – Coleção “Eu Leio”. Editora Ática.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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