domingo, 30 de outubro de 2016

“O Homem Duplicado”, de José Saramago – sem saber o que prende Tertuliano à cidade, dona Carolina aguarda ansiosamente a sua visita; especulações sobre a relação com Maria da Paz; cartas devem ser postas à mesa

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2016/10/o-homem-duplicado-de-jose-saramago_29.html antes de ler esta postagem:

Tertuliano estava satisfeito com a expedição que fizera ao sítio onde se encontraria com Antônio Claro...
Estava de bem consigo mesmo, pois se sentia em vantagem em relação ao outro.
De volta ao lar, de banho tomado, usando roupas limpas e bebericando um refresco de limão... O que mais poderia desejar?
Resolveu telefonar à mãe.
(...)
Dona Carolina o atendeu sem se queixar de qualquer problema... Nada demais se passava com ela... Estava tudo bem “na forma do costume”...
Salientou que estranhava o longo período sem notícias do filho... Tertuliano pediu desculpas e acrescentou que tinha muitas coisas para resolver. A mãe quis saber em que pé estavam os seus afazeres... Ele respondeu que tudo se encaminhava e que em breve tudo estaria solucionado... Ela não precisava se preocupar.
Dona Carolina respondeu que sossegaria quando pudessem passar uns dias juntos... Tertuliano garantiu que logo teria condições de viajar. A mulher quis saber como estava a relação com Maria...
O professor argumentou que a situação com a da Paz não era de fácil explicação... Disse que gostava dela e que até precisava dela... Dona Carolina salientou que muitos homens se casavam por razões menores. Mas para Tertuliano sua relação com Maria só ocorrera por causa de sua solidão... Em certo momento deparara-se com uma mulher simpática, e foi apenas isso.
Esse fato não representava motivação suficiente para que se arriscasse novamente num casamento. Dona Carolina quis lembrá-lo de que ele amara a esposa, então essa capacidade ele devia ter... Tertuliano argumentou que havia se passado seis anos desde que romperam e nem lembrava mais dos sentimentos que nutria pela esposa, talvez os dois tenham se equivocado em relação um ao outro.
Dona Carolina entendeu que o filho não quisesse que se repetisse com Maria da Paz o mesmo que se sucedera com o seu primeiro casamento... Mas não deixou de comentar que toda aquela prevenção pouco considerava as expectativas da moça.
Tertuliano ouviu o que a mãe tinha a dizer... Ao final respondeu que “assim é”... Dona Carolina mostrou-se intrigada com as duas palavras... Tanto é que insistiu para que ele as repetisse... O rapaz não se conformou imediatamente com a implicância... Mas de tanto ouvir que o modo como havia se pronunciado despertara uma sensação estranha como um “piscar de lâmpada em meio à escuridão”, disse novamente o “assim é”.
Dona Carolina sentenciou não havia sido a mesma coisa... Tertuliano pediu para que ela parasse de fantasiar... Emendou que as fantasias nos distanciam da “paz de espírito”...
Ela pediu para o filho não se zangar... Mas é certo que aquilo só podia se relacionar a um pressentimento... E Tertuliano ficava desassossegado em relação aos pressentimentos da mãe. Afinal, qual filho reage de modo diferente?
Ela quis saber quando a visitaria... Ele respondeu que logo chegaria o dia.
Dona Carolina adiantou que precisavam conversar... Tertuliano confirmou que poderiam conversar sobre o que ela quisesse.
A mãe respondeu que só queria ter uma conversa específica... Tertuliano quis saber qual... Dona Carolina disse que ele sabia muito bem o que ela pretendia conversar. Queria saber o que se passava com ele, e em tom de ameaça concluiu que não adiantava aparecer com “histórias preparadas” ou truques... Esperava que o filho fosse franco ao colocar as “cartas sobre a mesa”.
Tertuliano respondeu que não esconderia nada e contaria tudo o que a mãe quisesse saber... Dona Carolina manifestou sua satisfação, então o rapaz comentou que também esperava saber o que ela diria quando ele lhe apresentasse “a primeira carta”.
A mãe argumentou que já tinha visto de tudo em sua vida... Nada a surpreenderia... Tertuliano sentenciou que ela podia permanecer com aquela ilusão até que começassem a falar.
Essas palavras despertaram mais curiosidade em dona Carolina... Tertuliano dera a entender que era sério o que se passava com ele.
Mas não havia como adiantar o assunto pelo telefone... Ela teria de esperar.
Despediram-se... Ela desejando que ele aparecesse logo... Ele sustentando que em poucos dias isso ocorreria.
Leia: O Homem Duplicado. Companhia das Letras.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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