quinta-feira, 28 de maio de 2015

“Os Mandarins”, de Simone de Beauvoir – Lambert anuncia que pretende se desvincular de L’Espoir; em defesa de De Gaulle e de Volange; o “Festival de Lenoir”, um programa para a noite; o pessoal de Julien e as críticas aos novos inscritos no partido; o telegrama de Belhomme ainda intrigava

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2015/05/os-mandarins-de-simone-de-beauvoir-um.html antes de ler esta postagem:

Trarieux, Samazelle e Luc deixaram o prédio onde ficava L’Espoir... A reunião havia sido surpreendente porque Lambert acabou dando voto contrário à publicação dos textos de Volange...
Isso foi uma afronta ao pensamento de Trarieux e Samazelle, que esperavam abrir campanha aberta contra o PC... Mas também não se pode dizer que o rapaz estivesse plenamente seguro do que havia feito... Como sabemos, já fazia algum tempo que ele flertava com Volange e seus “ideais metafísicos”... Henri bem sabia que o rompimento era questão de tempo.
(...)
A sós com Henri, Lambert manifestou o desejo de conversar... Já fazia um bom tempo que não se falavam... Henri quis adivinhar e disse que o rapaz pensava que “a situação não era mais sustentável”.
Lambert concordou, era isso mesmo... Disse ainda que o amigo tinha o direito de não gostar de De Gaulle... Mas os textos de Volange não associavam o gaullismo à reação... Ao menos Henri poderia manter “neutralidade bondosa”...
Henri desprezou o raciocínio e disse que “dissociar as ideias é brinquedo de criança”... Depois perguntou se Lambert desejava revender suas cotas de L’Espoir... O moço respondeu afirmativamente e admitiu que pudesse trabalhar no Beaux Jours, de Volange.
Henri não lamentou... Apenas quis que o outro visse que ele tinha razão... Volange falava de abstração, mas logo que viu oportunidade “mergulhou na política”... Lambert respondeu que Henri tinha sua parcela de culpa na situação, já que ele mesmo havia “semeado política por toda parte”... Assim, até os que desejavam um mundo “menos politizado” tinham de fazer política.
Depois disso, Henri voltou a tratar das cotas e disse que deveriam entrar em acordo para definir quem o substituiria... Lambert esclareceu que não se importava e que, assim sendo, Henri e Luc podiam escolher quem quisessem. Desejava apenas que a mudança ocorresse logo porque não suportaria outras reuniões como a que haviam acabado de encerrar.
Henri pediu paciência e esclareceu que a mudança não seria de uma hora para outra... Lambert parecia querer apressamento, tanto é que garantiu que (como já não diziam a mesma linguagem) qualquer um que se interessasse seria “melhor do que ele”.
Apesar de aparentar ressentimento, Lambert arrematou o seu entendimento... Não bastavam as ideias conjuminarem, também havia que se levar em consideração o indivíduo.
(...)
Lambert convidou Henri para o “Festival de Lenoir”.
Perron quis sugerir que o cinema seria programa melhor, mas o rapaz insistiu que o evento era imperdível.
(...)
Aconteceria a leitura da obra de Lenoir... Peça em “quatro atos e seis quadros”... Os periódicos comunistas estavam anunciando que o autor “conciliava as exigências da pureza da poesia com a preocupação de outorgar aos homens uma mensagem amplamente humana”.
Julien era daqueles que pretendiam sabotar o encontro. No entendimento de seu pessoal, depois que se converteu ao partido, Lenoir havia se tornado um fanático totalmente submisso... O que havia de “humano” nesse tipo de postura?
Pelo menos era um “programa para a noite”... E é por isso que Henri topou o convite de Lambert... Os dois se encontraram às oito e meia e seguiram de carro para o evento, que teria lugar em ambiente totalmente adverso para Henri...
(...)
Ele levou em consideração que ultimamente sua condição não era a de quem recebe apoios e solidariedade... Incriminavam-no pela doença de Paule... Andava solitário... E o que dizer do telegrama de Belhomme? Isso também o intrigava.
Leia: Os Mandarins. Editora Nova Fronteira.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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