terça-feira, 12 de maio de 2015

“A Legião Negra – A luta dos afro-brasileiros na Revolução Constitucionalista de 1932”, de Oswaldo Faustino – Luvercy ingressa na Legião Negra; Miro vê possibilidades de ascensão

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2015/05/a-legiao-negra-luta-dos-afro_9.html antes de ler esta postagem:

De fato, aquele senhor (chamava-se Orlando) que pretendia alistar o filho retornou ao local do comício trazendo o rapaz... O moço contava 18 anos e estava visivelmente contrariado... O pai não escondia a justificativa para a sua atitude e muitos podiam ouvi-lo.
Ele dizia que não podia exigir de suas quatro filhas que participassem do movimento revolucionário, mas o filho tinha obrigação de juntar-se a ele na luta em defesa do estado.
Por mais que o rapaz demonstrasse contrariedade, não podia deixar de obedecer ao pai... Então ele forneceu os dados necessários para a sua ficha de inscrição: Luvercy Tarquínio de Moraes, curso ginasial completo, residente em Santos.
Luvercy não acreditava que se enquadrasse nos perfis solicitados... Não tinha conhecimentos sobre armas ou práticas militares... Não poderia se tornar auxiliar de enfermeiro ou ajudante de cozinha. Qual seria a sua utilidade na Legião?
O jovem disse à moça da inscrição que o seu negócio era o esporte... Pretendia apenas se tornar jogador de futebol...
(...)
O “Comando Revolucionário” prometia um tipo de indenização aos pais dos jovens alistados nos casos de graves traumas físicos e de morte... O pai de Luvercy certamente não esperava que tivesse de recorrer a este expediente.
Miro entendia perfeitamente a posição do rapaz que viria a se tornar seu amigo na Legião... Lembrou-se de Neo e da sua rejeição à guerra... Entendeu que os dois tinham suas razões... Ninguém deveria ser obrigado a abraçar a causa.
(...)
O comício ainda nem havia terminado e o doutor Guaraná Santana se aproximou de Miro para elogiar a sua boa formação... Ele disse que a caravana devia aproveitar o seu talento. É por isso que entraria em contato com o major Gastão Goulart e com o tenente Arlindo Ribeiro para sugerir que lhe cedessem a patente de cabo...
Miro imaginou-se retornando à Marilândia para promover o alistamento de voluntários... Seria a sua “redenção”...

(...)

Ficamos sabendo como Luvercy ingressou na Legião... Já sabíamos de Bento, o rei da Tiririca e amigo folgazão de Tião...
O mulherengo Bento tornou-se voluntário para escapar da perseguição de sua amada Madalena... É verdade que também considerava que a condição de soldado era melhor do que a maioria dos que não possuíam emprego estável.
Luvercy não sentia a menor atração pela Legião Negra ou pela revolução que os seus voluntários defendiam... O interesse do jovem estava na prática esportiva... A verdade é que só se alistara porque o pai o obrigara.
(...)
Tião, Bento e Luvercy formavam o trio que se acomodou nas proximidades de Queluz após conflito contra as tropas do governo federal... Como sabemos, enquanto se aqueciam próximos à fogueira, entre talagadas de cachaça, ouviam com atenção a história que Miro narrava na escura madrugada.
Leia: A Legião Negra. Selo Negro Edições.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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