quarta-feira, 6 de maio de 2015

“A Legião Negra – A luta dos afro-brasileiros na Revolução Constitucionalista de 1932”, de Oswaldo Faustino – o ocaso de Maria Soldado; Maria José Barroso; Maria Sguassábia

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2015/05/a-legiao-negra-luta-dos-afro.html antes de ler esta postagem:

Maria Soldado tornou-se nome comentado por todos...
Também os jornais estamparam matérias sobre a sua entrega à causa paulista. Faustino destaca fragmento de A Gazeta de 5 de setembro de 1932, cujo conteúdo encheu-a de orgulho e, por isso mesmo, “guardou pelo resto da vida”:

                        Uma mulher de cor, alistada na Legião Negra, vencendo toda a sorte de obstáculos e as durezas de uma viagem acidentada, uniu-se aos seus irmãos negros em pleno entrincheiramento na Frente do Sul, descrevendo a página mais profundamente comovedora, mais profundamente cheia de civismo, mais profundamente brasileira, da campanha constitucionalista, ao desafiar a morte nos combates encarniçados e mortíferos para o inimigo, MARIA DA LEGIÃO NEGRA! Mulher abnegada e nobre da sua raça.

Não demorou e os paulistas foram derrotados... Logo se esqueceram da Maria Soldado...
Conceder-lhe uma patente seria o mínimo... Mas para os militares era muito constrangedor admitir que ela fosse digna de reconhecimento... Uma mulher... Negra...
Maria simplesmente desapareceu... Não se ouviu falar mais dela... Ela simplesmente retornou à mansão dos antigos patrões e prosseguiu sua lida na cozinha por muitos anos.
Em 1957, quando São Paulo comemorou os 25 anos (Jubileu de Prata) da Revolução Constitucionalista, Maria recebeu medalha e o titulo de “Mulher Símbolo da Revolução”... Nessa ocasião se sentiu mais desconfortável do que na frente de combate.
Só mesmo o velho Tião poderia nos esclarecer a respeito do que se sucedeu a Maria depois... Ele a encontrou vendendo quitutes, doces e salgados, em frente ao Hospital das Clínicas... Ele também sabia que a Câmara Municipal prestara-lhe uma homenagem póstuma...


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De fato existiu uma mulher que ingressou na Frente Negra. E ela ficou mesmo conhecida como Maria Soldado.
Então o texto não é de todo fictício e rende-lhe uma homenagem fantástica. A leitura das páginas que Faustino dedicou à personagem nos leva aos cenários cotidianos da cozinheira sonhadora e também aos campos da guerra onde ela se tornou verdadeira heroína.
(...)
Há indicações em http://gingalimeira.blogspot.com.br/2013/07/maria-soldado-uma-mulher-negra.html (acessado nesta data) que confirmam algumas informações sobre a personagem de A Legião Negra...
                        A referida página cita Marcelo Manzatti e atribui a ele As Mulheres Negras do Brasil. Com este mesmo título encontramos (da Editora Senac Nacional) obra de Schuma Schumaher e Érico Vital Brasil.
Entre as informações verificadas (que coincidem com a personagem de A Legião Negra) podemos destacar a do nascimento na cidade de Limeira; as atividades de empregada doméstica; o engajamento nas tropas constitucionalistas; a venda de quitutes nas proximidades do Hospital das Clínicas para garantir a sobrevivência.
(...)
Também há o site http://pt.wikipedia.org/wiki/Maria_Sguass%C3%A1bia (acessado nesta data) que dá conta de que a verdadeira Maria Soldado, a única mulher a participar dos combates durante a Revolução Constitucionalista de 1932, era Stela Rosa Sguassábia (também conhecida como Maria Sguassábia)... Ela nasceu em Araraquara no ano de 1889, e faleceu em São João da Boa Vista em 1973.
A página informa que Sguassábia casou-se em abril de 1922 e que se tornou viúva poucos meses depois... Em janeiro do ano seguinte nasceu a sua filha Maria José.
Sguassábia foi professora rural em São João da Boa Vista... Decidiu partir secretamente entre os soldados que rumaram para a vizinha Espírito Santo do Pinhal, na fronteira entre os estados de São Paulo e Minas Gerais...
Ela acabou sendo descoberta... Após muita insistência conseguiu ser “aceita como soldado Mário”!
Depois da derrota dos paulistas, Sguassábia foi dispensada das armas pelo seu comandante (Romão Gomes)... Caminhou de Campinas a São João da Boa Vista.
Os anos que se seguiram foram de muita labuta, pois não pôde mais exercer o cargo de professora primária (foi punida “por ter rendido um tenente ditatorial”)... Trabalhou como costureira e inspetora de alunos num instituto de ensino em São João da Boa Vista...
Leia: A Legião Negra. Selo Negro Edições.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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