quarta-feira, 13 de maio de 2015

“A Legião Negra – A luta dos afro-brasileiros na Revolução Constitucionalista de 1932”, de Oswaldo Faustino – o pai de seu Orlando havia se refugiado no quilombo do Jabaquara; a revolta liderada por João Cândido é motivo de orgulho para todos os negros; Luvercy se compromete a cuidar do pai; publicações relacionadas ao movimento negro

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2015/05/a-legiao-negra-luta-dos-afro_34.html antes de ler esta postagem:

O seu Orlando sabia muito bem que a história de sua família era marcada por dor e sofrimento... Mas também por resistência! O seu pai, por exemplo, não permaneceu escravizado pelo administrador do cemitério...
Tomado de incertezas a respeito de seu futuro, ele fugiu para o quilombo Jabaquara, que existia desde 1880 (Faustino registra que o “líder mais proeminente” do Jabaquara “foi o sergipano Quintino de Lacerda, primeiro vereador negro do país”).
Há que se destacar também que os episódios de 1910, marcados pela revolta dos marinheiros sob a liderança de João Cândido contra os castigos corporais que sofriam (Revolta da Chibata) jamais se apagaram da consciência de Orlando.
Mas em relação às críticas de Luvercy, ele procurou manter-se firme... Disparou que o filho se assemelhava aos comunistas que frequentavam o sindicato... Ele quis que o moço entendesse que, para São Paulo, os comunistas eram os piores tipos que podiam existir... Eles eram mais rejeitados do que os que se recusavam a se vincular à revolução constitucionalista.
(...)
Luvercy “não dava o braço a torcer”... Argumentou que no final das contas eles iriam para a guerra para matar pretos e pobres como eles mesmos, pois era certo que os oficiais brancos permaneceriam bem protegidos...
Não seria a primeira vez... Luvercy lembrou que também a Guerra do Paraguai havia sido ocasião em que os negros foram atraídos para a matança com a promessa de alforria, o que não foi cumprido...
(...)
Dona Arminda percebeu que não adiantava interferir na discussão dos dois... Então chamou as filhas para lidarem com as roupas dos ricos clientes da cidade.
Seu Orlando sussurrou ao filho que a esposa era a melhor lavadeira... Observando os finos panos (camisas de cambraia e calças de casimira) confessou que esperava vê-lo bem vestido após a guerra, e com emprego garantido.
(...)
No dia em que o trem partiu para São Paulo com os voluntários devidamente fardados, Arminda se emocionou... Ficou apavorada com a realidade que se avizinhava... Aos prantos pediu ao Luvercy que tomasse conta do pai e ficasse de olho em seus abusos...
Ela sabia que o seu Landão (como Orlando era conhecido pelos estivadores) estava muito empolgado com a guerra... Aquilo não podia acabar bem.
O rapaz garantiu que não tiraria os olhos de cima do pai.

(...)

O velho Tião se recorda do domingo em que estava de sentinela e pôde ouvir a conversa do tenente Raul Joviano do Amaral com Miro...
O oficial explicava que ele faria parte da caravana que visitaria seis cidades do interior para conseguir donativos e novos voluntários para a Legião Negra...
Também o “soldado mudo” faria parte da comitiva... Logo que retornassem seriam encaminhados com o batalhão do qual faziam parte para o Vale do Paraíba.
Joviano contou um pouco da história da Legião para Miro... Também revelou que permanecia um frente-negrino... E que, por iniciativa do doutor Guaraná Santana, foi fundado o Partido Radical Nacionalista... Isso indicava que, apesar da tendência fascista da agremiação, pretendiam marcar presença na política nacional.
Miro deu a entender que pretendia atuar no movimento, e sua contribuição podia ser na produção textual para os periódicos da Legião... Então o tenente pôs-se a falar a respeito das históricas publicações da “imprensa negra”: O Melenik, de 1915; A Rua e o Xauter, de 1916; O Alfinete, de 1918; O Bandeirante e A Liberdade, de 1919; A Sentinela, de 1920; O Kosmos, de 1922; O Getulino, de 1923; O Clarim d’Alvorada e o Elite, de 1924; o Auriverde, O Patrocínio e O Progresso, de 1928... Em 1931 haviam lançado A Chibata... A Frente Negra estava se preparando para lançar A Voz da Raça...
(...)
Miro não tinha ideia de que o movimento tivesse produzido tanto... A si mesmo dizia que após a revolução conheceria a sede da Frente Negra... Sentia-se animado a escrever textos para os patrionovistas...
De fato, suas opiniões a respeito do movimento negro e da própria vida estavam bem mudadas.
Leia: A Legião Negra. Selo Negro Edições.
Um abraço,
Prof.Gilberto

Páginas