quinta-feira, 2 de abril de 2015

“A Legião Negra – A luta dos afro-brasileiros na Revolução Constitucionalista de 1932”, de Oswaldo Faustino – a pedido do comendador Vamparazzo, o doutor Miro tratou das meninas de Brigitte; o italiano oferece a companhia de Brigitte ao rapaz

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2015/04/a-legiao-negra-luta-dos-afro.html antes de ler esta postagem:

Miro era bem diferente de Tião... Este era um tipo modesto... Miro pretendia atingir uma posição de destaque na sociedade... De certo modo, dona Berenice o havia preparado para isso.
Não se pode dizer que Tião tivesse alguma ambição... Ele partia do princípio de que “quanto mais alto é o coqueiro, maior é o tombo do coco”.
Em seu banco de praça, o velho se lembrava do modo como Miro conquistou Marilândia Paulista em pouco tempo... Sua “ascensão” foi digna de um Napoleão. Mas também é verdade que sua “queda”, pouco mais de um ano depois de sua chegada (28 de julho de 1930) o deixou em posição análoga à do Napoleão ao perder a guerra.
Como se vê, a história de Miro em Marilândia se tornou motivo de piada...


(...)

Dois dias depois da conversa que teve com o comendador Vamparazzo, o pacote que ele havia prometido chegou de Belo Horizonte. E, conforme o combinado, o chofer apareceu na hospedaria para levar o doutor até o Barreiro.
Chegaram ao destino e o motorista fez o sinal da cruz ao estacionar em frente a uma casa azul com grades de cor amarela... Havia uma lâmpada vermelha acesa na varanda... Miro pôde observar que várias outras casas da vizinhança também tinham lâmpadas vermelhas acesas.
O motorista sabia que devia retornar às seis da tarde para buscar o moço que, em seu entendimento, só podia ser depravado. Alheio a essa interpretação, Miro tocou a sineta do portão...
(...)
Uma mulher alta, gorda e loira apareceu para recebê-lo... O doutor calculou que, no passado, ela devia ter sido bem bonita, ao contrário do mau gosto que aparentava então (penhoar extravagante e escandalosos sapatos vermelhos de saltos altos).
A mulher o saudou em francês: Oh la la! Bienvenue, cher médicin! Je suis Brigitte, la mère des jeunes dames (ulalá! Bem-vindo, querido doutor! Eu sou Brigitte, a mãe das garotas).
Vamparazzo surgiu na sequência e chamou a atenção da mulher... Disse-lhe que todos sabiam que ela não era francesa e que, além do nome, o máximo que podia sustentar era o fato de ter trabalhado para uma cafetina francesa em Salvador (capital do estado da Bahia)...
Depois ele se dirigiu ao Miro dizendo que “as garotas o aguardavam” na sala. Brigitte fazia caras e bicos e seguia-os dizendo que era sim francesa, e que falava em português apenas com dificuldade.
Em seus pensamentos, Miro se divertia com a cena...
(...)
Na “suíte presidencial”, o doutor começou a verificar as condições de saúde de quinze garotas... Logo percebeu que apenas uma delas estava livre de doenças.
Brigitte providenciou a espiriteira que permitiu a esterilização das agulhas e seringas... Uma a uma, as moças tomaram injeções, receberam comprimidos e orientações sobre prevenções.
Não demorou e a tarefa de Miro no Barreiro terminou... Ao Vamparazzo e à Brigitte disse que retornaria nos próximos dias... Organizou sua tralha de enfermeiro na maleta e cuidou de acomodar a penicilina que restou.
Vamparazzo levou-o a um canto e demonstrou sua surpresa com a rapidez do trabalho... Disse-lhe que ainda estava muito cedo e que demoraria até que o chofer viesse apanhá-lo... Sendo assim, o doutor poderia passar algumas horas com Brigitte.
O comendador parecia insistir ao dizer que ela não era como as outras meninas.
Mas no mesmo instante Miro se recusou a aceitar a proposta, pois não era “dado àqueles costumes”.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2015/04/a-legiao-negra-luta-dos-afro_3.html
Leia: A Legião Negra. Selo Negro Edições.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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