terça-feira, 14 de abril de 2015

“A Legião Negra – A luta dos afro-brasileiros na Revolução Constitucionalista de 1932”, de Oswaldo Faustino – o rádio transmitia que a Legião Negra reunia a elite da população de cor; mobilização militar do dia nove de julho; Francisco Morato e Pedro de Toledo; boatos sobre o doutor Miro em Marilândia

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2015/04/a-legiao-negra-luta-dos-afro_13.html antes de ler esta postagem:

O rádio anunciou que o poder pertencia à elite paulista... Os verdadeiros donos do poder o reconquistariam à força. E isso não bastaria para justificar a mobilização paulista?
Maria precisava entender aquela situação... É claro que era paulista... Mas não pertencia à elite... Ela se lembrava de uma ocasião quando foi barrada no “Clube Elite”, numa cidade vizinha a Limeira, por ocasião de um “Baile da Primavera”... Pretos não podiam participar...
Todavia os dias de preparação para a revolução eram também “aglutinação”... E não era por acaso que o rádio propagava que a Legião Negra “é a elite da população negra”, que dava o “seu sangue para defender São Paulo”.
O raciocínio de Maria era simples... Os pretos também podiam fazer parte da elite desde que ingressem na Legião.
(...)
No dia 9 de julho a revolução teve início... Na manhã daquele sábado os coronéis Euclydes Figueiredo e Palimércio de Rezende chegaram à capital... Não demorou e o quartel general da 2ª região militar (que tinha lugar na Chácara do Carvalho) tornou-se “QG do Exército Revolucionário Constitucionalista”.
Ao final do dia todas as rádios tinham algum controle de rebeldes civis... À meia-noite foi transmitida uma mensagem em cadeia... Faustino apresenta o registro:

                        De acordo com a Frente Única Paulista e com a unânime aspiração do povo de São Paulo e por determinação do general Isidoro Dias Lopes, o coronel Euclydes Figueiredo acaba de tomar de assalto o comando da 2ª Região Militar, tendo como Chefe do Estado Maior o coronel Palimércio de Rezende. A oficialidade da região assistiu, incorporada no QG, à posse do coronel, nada havendo ocorrido de anormal. Reina em toda a cidade intenso júbilo e o povo se dirige, em massa, aos quartéis pedindo armas para a defesa de São Paulo.

O dia seguinte foi de tomada de posições... Toda a cidade estava repleta de militares... Bertoldo Klinger também havia chegado de Mato Grosso conforme prometera... De fato trouxe alguns oficiais, mas nada de tropas ou canhões.
Klinger e Figueiredo recebiam comando de Isidoro Dias Lopes, o veterano general que havia liderado a revolta de 1924 e participado da Coluna Prestes... Todos se encheram de confiança na vitória... O Exército Revolucionário foi reforçado pela incorporação da Força Pública paulista... Miguel Costa, que comandava essa Companhia acabou sendo preso. Essa iniciativa foi um claro recado ao presidente Vargas, que havia nomeado Costa para a chefia da Força Pública.
Francisco Morato, o presidente do Partido Democrático que as lideranças paulistas esperavam ver indicado interventor, tornou-se o “comandante supremo” da Junta Revolucionária...
Também Pedro de Toledo, nomeado por Vargas, debandou para a Junta Revolucionária... Vargas telefonou-lhe para saber sobre o que estava acontecendo na capital paulista... Toledo explicou-lhe que renunciara o cargo de interventor... Os revolucionários o aclamaram “governador civil” da Revolução.

(...)

Os dias de sossego de Miro em Marilândia Paulistas chegaram ao fim...
Não parecia que isso ocorreria em algum momento... O trabalho na clínica ia tão bem que ele até tinha contratado duas auxiliares de enfermagem e um motorista para a ambulância...
O comendador o tratava muito bem... Suas tardes eram sempre muito agradáveis e podiam trocar ideias em italiano por longas horas enquanto experimentavam vinhos e iguarias da terra de Verdi.
Ao mesmo tempo em que Vamparazzo falava-lhe a respeito de seu cansaço, sugeria que poderia voltar a se candidatar a prefeito, ou mesmo lançar a candidatura do doutor...
Também os habitantes da pequena cidade pareciam querer-lhe bem... Tanto é que viviam a convidá-lo para apadrinhar seus filhos, para fazer parte da comissão organizadora da festa do padroeiro, ou para “ingressar na sociedade dos homens justos”...
Aconteceu que depois de um ano do casório com a filha de Vamparazzo, alguns boatos sobre a vida do doutor Miro começaram a circular... Para alguns, ele havia aplicado o “golpe do baú” já que aparecera do nada e tornou-se um tipo prestigiado socialmente... Para outros, era a filha do comendador que “conseguiu desencalhar” ao casar-se quando não passava de “solteirona desprezada”.
Leia: A Legião Negra. Selo Negro Edições.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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