quarta-feira, 15 de abril de 2015

“A Legião Negra – A luta dos afro-brasileiros na Revolução Constitucionalista de 1932”, de Oswaldo Faustino – Marieta padecia de graves complicações; Vamparazzo vai à falência; Marcolino Afonso Cavalcante de Britto se torna o coronel mais poderoso de Marilândia; Marcela, outrora garota que vivia no Barreiro, aparece na clínica para tratamento especial

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2015/04/a-legiao-negra-luta-dos-afro_14.html antes de ler esta postagem:

As pessoas falavam sobre o casamento de Miro... Alimentavam os mais diversos tipos de boatos... Diziam até que Marieta de Santa Luccia só se satisfazia com relações que envolviam as mais secretas fantasias, e que o doutor era a pessoa mais apropriada para atender as suas demandas sexuais.
O que ninguém sabia era que o casal vivia o “pleno inferno astral”... Miro não se empolgava com a esposa... Também ela não escondia o seu desgosto por tanto esforço em vão para atrai-lo.
Marieta sofria anemia profunda... Ela não podia gerar filhos... Sangrava ininterruptamente durante 20 dias por mês. Tratava-se de uma hemorragia menstrual... Miro não tinha a menor ideia de como curá-la, e também não demonstrava interesse pelo padecimento da esposa.
(...)
Algum tempo passou e a situação de Miro começou a se alterar drasticamente. Isso aconteceu porque Vamparazzo entrou em falência... O italiano nada dizia, mas era certo que ele estava se desfazendo de várias propriedades. Cada dia que passava se tornava mais difícil manter as aparências também para o genro.
Certo dia o coronel Marcolino Afonso Cavalcante de Britto apareceu na clínica... Ele havia comprado muitas das terras de Vamparazzo e na prática isso significava que ele se tornara o “novo dono do lugar”. O tipo tinha mais de 80 anos, usava chapéu, terno, botas longas e trazia um chicote às mãos. O homem tinha ares de “selvagem autoritarismo”.
O velho Marcolino chegou exigindo que o doutor examinasse sua mulher. Marcela era (em tudo) o seu contrário. Ele a havia retirado do Bairro do Barreiro, onde era uma das garotas de Brigitte, e a levou para o seu casarão na fazenda São Valentim.
Marcolino tinha origem nordestina, era um tipo bruto... Marcela era uma lindeza de moça, seus traços indígenas, longos cabelos, cintura fina, quadris e seios fartos chamavam a atenção de qualquer um...
(...)
Por incrível que pareça, o velho Marcolino insistia que Marcela devia ter algum problema de saúde porque não conseguia deixa-lo apto “para o coito”.
Enquanto o doutor fazia o atendimento, ele tirava um cochilo na cadeira de espera.
Obviamente Miro não entendeu por que devia examinar Marcela... Foi ela quem lhe revelou o motivo da consulta, e também lhe lembrou de que já se conheciam desde que ele havia tratado das meninas de Brigitte.
Acontece que Marcela transpirava sensualidade... A todo o momento insinuava e dava a entender que Miro poderia se envolver com ela quando bem entendesse... Como sabemos, ele não era dado a essas ousadias, e foi sem jeito que auscultou o coração de sua paciente, mediu-lhe a pressão e testou seus reflexos...
A moça fazia “caras e bocas” enquanto deixava escapar gemidos sensuais... É claro que ela estava ótima de saúde, mas o que ele poderia dizer ao coronel? O homem estava ali para “solucionar o seu caso”!
Miro chegou a dizer à moça que talvez pudesse sugerir um tratamento... Mas o velho tinha absoluta certeza de que era a sua companheira quem necessitava de cura.
O doutor explicou a ela que, então, não havia nada que pudesse ser feito... De modo malicioso, Marcela respondeu que um tratamento poderia ser ministrado a ela.
A situação estava ficando cada vez mais complicada...
Depois de refletir um pouco, Miro disse que talvez fosse interessante preparar algo no laboratório... Sua receita poderia ser acrescentada às refeições do coronel sem que ele notasse... Havia alguma chance de o seu organismo reagir positivamente...
Porém Marcela se mostrava tarada pelo doutor... Ela queria tirar proveito da situação... Sem perder tempo, despertou o velho e ordenou-lhe que pagasse pela consulta... Na sequência explicou-lhe que o tratamento se iniciaria no dia seguinte.
(...)
E que tratamento!
Marcela passou a comparecer com assiduidade à clínica... A quem perguntasse, respondia que tinha de “tomar injeções”... A sós com o doutor, insinuava-se o mais que podia. Ela nem mesmo usava roupas íntimas por baixo do vestido!
Aquilo se tornou uma tortura... As noites de Miro passaram a ser mergulhadas em pensamentos sobre a fogosa e jovem Marcela.
Miro resistiu o mais que pôde...
Um dia “ocorreu a desgraça”.
Leia: A Legião Negra. Selo Negro Edições.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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