segunda-feira, 18 de novembro de 2013

“Resistir é Preciso...” – Centro Cultural Banco do Brasil – São Paulo

O fim de semana prolongado pelo Feriado da Proclamação da República (marcado por “iniciativas republicanas”) foi ocasião perfeita para visitar “Resistir é Preciso”...
Nenhuma fila e bem pouca gente nas instalações.
A exposição, que já esteve em Brasília, será montada também no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte no próximo ano.

Graças à parceria Ministério da Cultura e Banco do Brasil com o Instituto Vladimir Herzog, até o dia 6 de janeiro de 2014 é possível conhecer a exposição “Resistir é Preciso”. Ela está montada no Centro Cultural Banco do Brasil (Rua Álvares Penteado, 112 Centro – São Paulo-SP). Há uma “complementação fotojornalística” no Centro Cultural dos Correios...
A entrada é franca e o espaço pode ser acessado entre as quartas e segundas-feiras das 9h às 21h.

É claro, a temática é a resistência e a luta de artistas, estudantes, trabalhadores, jornalistas, políticos, religiosos e de pessoas de todos os setores da sociedade civil em busca da redemocratização ao tempo da ditadura militar em nosso país (1964-1985)...

Emocionante. Reveladora. Imperdível.
A estudantada não pode deixar escapar a oportunidade... Cada documento exposto nos leva a conhecer melhor aquele período de intolerância...
É preciso conhecer (é preciso lembrar) para resistirmos às tentativas de retrocesso... Não será difícil encontrar pessoas emocionadas ao se aproximarem do acervo...

Iniciar a visitação pelo quarto andar permite contemplar trabalhos inspirados na Declaração Universal dos Direitos Humanos (10/12/1948). São telas que nos levam à reflexão sobre as arbitrariedades e desrespeito contra a pessoa... As produções artísticas instigam... Lemos e relemos os artigos, fazemos um esforço de interpretação para detectar a intenção do autor...
As obras de Sérgio Freire, Flávio Império, Sérgio Ferro e Takaoka escancaram a covardia dos torturadores e a violência a que submetiam os presos políticos.

A produção do jornalismo independente (de sindicatos; grupos revolucionários e imprensa alternativa) constitui capítulo à parte... Panfletos, primeiras páginas e cartazes (há alguns de “tribunais” e atos em solidariedade - realizados em outros países - aos perseguidos políticos no Brasil) estão expostos de modo didático.
A arte engajada de Cildo Meireles não poderia ficar de fora... A nota de 1 Cruzeiro carimbada (Quem matou Herzog?) e parte do “projeto coca cola” estão lá. E há ainda uma série de objetos e documentos que pertenceram ao Vlado ou dizem respeito ao seu assassinato.

Nunca vi tanta gente atenta a uma linha de tempo montada em uma exposição como em “Resistir é Preciso”... Muito bem organizada ela contempla fatos que se estendem desde o governo Jânio até 1985. Nada escapa (as passeatas; a mobilização estudantil; as greves operárias; o AI-5; os sequestros de embaixadores; a perseguição a lideranças como Lamarca e Mariguella; a Campanha pela Anistia; os partidos políticos; as Diretas; a eleição indireta de Tancredo...). O organograma a respeito dos grupos revolucionários no Brasil (organizado no Chile) também é observado com muita atenção.


Na área do antigo cofre (subsolo) há exibições de diversos momentos históricos (como o comício das “Diretas Já”) e também a projeção dos nomes dos mortos e desaparecidos políticos... Um a um eles percorrem toda a extensão da parede até despencarem... Enquanto isso uma triste música faz o fundo... Muito triste... Observar o desfile de nomes que pertencem a mártires... Ao final eles se confundem, são esmagados e desaparecem... Isso pode ocorrer na memória dos brasileiros. Nesse sentido, a exposição também é uma forma de nos chamar a resistir.


Para finalizar por aqui, segue a frase de Herzog destacada no encarte da exposição:
Quando perdemos a capacidade de nos indignarmos com as atrocidades praticadas contra os outros, perdemos também o direito de nos considerarmos seres humanos civilizados.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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