quarta-feira, 20 de novembro de 2013

“Os Mandarins”, de Simone de Beauvoir – Lambert se mostra melindrado ao saber que seu texto não será publicado; cita o destaque de Peulevey em “Vigilance”; conselhos de Henri e conclusões sobre suas diferenças; Perron voltou a escrever seu romance, Paule insiste que ele estava muito mudado; nova discussão tem início

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/11/os-mandarins-de-simone-de-beauvoir_20.html antes de ler esta postagem:

Lambert lamentou a conclusão de Henri acerca de seu texto (que criticava Lachaume e também Dubreuilh)... Era com tristeza que concluía que se enxergava “anticomunista demais para L’Espoir ou para a Vigilance, e esquerdista demais para os tipos da direita”... Henri quis contemporizar e falou que aquela era a primeira vez que o censurava... Lambert disse que, de fato, suas reportagens e notas críticas não eram obstruídas, mas os textos que ele dedicava às suas opiniões sobre assuntos mais ou menos importantes recebiam apenas as lamentações de Henri.
Perron explicou que Lambert poderia experimentar apresentar mais materiais com aqueles conteúdos... O moço respondeu que não tinha nada de importante a dizer... E novelas, por que não escrevia mais? Lambert esclareceu que não se animava... E questionou em tom agressivo o motivo de a narrativa de Peulevey (mais sobre este tipo em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/08/os-mandarins-de-simone-de-beauvoir_18.html e http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/08/os-mandarins-de-simone-de-beauvoir_16.html) merecer publicações em Vigilance...
Disse que não entendia a admiração de Henri por aquele gênero de literatura... Henri justificou fazendo referências à abordagem de Peulevey a respeito da Indochina e a facilidade do “pequeno escritor” ao retratá-la... Para Lambert, era uma injustiça, pois a revista só publicava reportagens e, no entanto, dobrou-se em atenção ao rapaz só porque ele havia “passado a infância nas colônias”.
Henri defendeu Peulevey e emendou que o erro de Lambert era “nada contar”... Ele bem poderia falar das próprias experiências assim como o outro... Lambert explicou que havia experimentado uma narrativa a respeito de sua infância, mas desistiu por considerar que “suas experiências pessoais” não focavam o mundo; eram subjetivas... Sendo assim, referindo-se ao modo de Henri pensar, só podiam ser insignificantes. É claro que Henri discordou... Lambert esclareceu que nada escreveria... Assim as coisas se tornavam simples, já que não partilhavam do mesmo gosto literário...
Henri quis dizer que lamentava se o desinteresse de Lambert tinha motivo em sua opinião divergente... Poderiam sair e falar a esse respeito... Mas o rapaz se retirou dizendo que não valia a pena.
(...)
Perron considerou que a angústia de Lambert era apenas passageira...
As coisas, afinal, não tinham tomado um rumo desastroso como alguns talvez esperassem... Samazelle mostrava-se um tipo de fácil convívio... Apenas Luc se mostrava reticente em relação ao “sócio”... Trarieux não incomodava e, além disso, a tiragem de L’Espoir vinha aumentando...
Henri voltou a escrever um novo romance. E este tinha se iniciado muito bem...
O que o angustiava era Paule, que exigia que ele escrevesse próximo a ela.
(...)
Aconteceu de Paule apoquentá-lo pela manhã, enquanto faziam a refeição... Ela quis saber se ele estava produzindo e quando ela poderia ler o que havia escrito até então... Henri queria esquivar-se e dizia que ainda não podia notar uma “forma definida”, pois havia desconsiderado completamente a produção anterior e reiniciado tudo.
A moça cobrou explicações... Disse que Henri já não confiava nela como antigamente. E ela sabia que ele estava mudado desde que fizera a viagem de bicicleta com Dubreuilh e Anne pelo interior do país... Henri não conseguia entender o que uma coisa tinha a ver com a outra... Paule insistiu dizendo que ele já não dava crédito ao que ela dizia.
Ele pediu algum exemplo e Paule disparou que poderia citar uns vinte... Falou sobre a decisão dele em querer passar algumas noites no hotel (em vez de no estúdio)... Deu a entender que Henri sempre aparecia com “ares de culpado” e “pedindo permissão”... Ela lamentava que ele não entendesse a sua opção ao desprezar a própria felicidade para garantir a liberdade dele.
(...)
Não é difícil perceber que mais uma vez os dois terão uma nervosa discussão... Mas o seu desfecho deixaremos para a próxima postagem.
Leia: Os Mandarins. Editora Nova Fronteira.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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