quinta-feira, 7 de novembro de 2013

“Os Mandarins”, de Simone de Beauvoir – Henri disse a Dubreuilh que Trarieux fizera exigências e que, em seu entendimento, ele já sabia de tudo; Dubreuilh tenta se justificar; Henri se sente amargurado e anuncia que deixará L’Espoir

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/11/os-mandarins-de-simone-de-beauvoir-na.html antes de ler esta postagem:

Perron estava disposto a disparar palavras agressivas contra Robert Dubreuilh, mas a verdade é que se sentia humilhado e desgastado...
(...)
Enfim Dubreuilh chegou. Quis saber o que estava ocorrendo, e Henri disse que chegava da casa de Trarieux... Robert concluiu que o amigo se aproximara do outro para sanar as dificuldades financeiras do jornal e que o endinheirado certamente havia criado “alguma dificuldade”...
Perron não se demorou a expor sobre a exigência de Trarieux em substituir Luc por Samazelle, e que Dubreuilh devia saber a respeito dessas imposições e nunca lhe disse nada.
Robert disse que conhecia os termos de Trarieux desde julho e que tentava obter dinheiro junto a Mauvanes... Sabia que deveria tratar da situação com Henri, mas confiava que tudo se resolvesse sem que o socorro de trarieux se tornasse necessário... Perron emendou que o milionário disse-lhe que não havia negociado nada em relação a um “apoio incondicional” e, no entanto, Robert garantia que tudo estava bem encaminhado.
A conversa não fluiu amistosamente... Dubreuilh esquivava-se de qualquer culpa ao mesmo tempo em que lamentava a desagradável situação de Henri em relação às condições (que passou a conhecer) impostas por Trarieux... Perron deixava claro que o erro do amigo havia sido grosseiro demais.
Num dado momento, Robert chegou a perguntar se Perron estava querendo dizer que ele havia mentido... Henri disse apenas que ele não parecia ter se preocupado com os interesses dele e, em vez disso, considerou apenas os seus desejos, que se resumiam a potencializar o SRL utilizando-se de L’Espoir como ferramenta de propaganda política... Henri lamentou a indiferença de Dubreuilh... Este se esquivou dizendo que até poderia ser que levasse em conta os próprios desejos, mas se suspeitasse alguma trama de Trarieux não teria investido na obtenção de seu apoio...
Robert garantiu ainda que naquela mesma noite falaria com Trarieux e Samazelle. Henri disse que aquele esforço não teria nenhum efeito. Sobre isso, Robert explicou que Samazelle era mais suscetível ao controle... Então, Perron, demonstrando toda a sua angústia e insatisfação, esclareceu que a única solução era a saída dele do imbróglio que se estabeleceu... Disse que estava disposto a abandonar tudo...
Dubreuilh disparou que Henri não podia fazer aquilo... Insistiu que a falência de L’Espoir e a derrocada do SRL seriam grandes trunfos para os opositores. Então Perron disse que não havia como o SRL piorar e, além disso, o periódico podia ser passado ao controle de Samazelle... De sua parte, estava disposto a retirar-se para Ardèche...
Dubreuilh notou a amargura de Henri... Pronunciou o mea culpa e pediu que o amigo deixasse a teimosia de lado para que, juntos, saíssem das dificuldades... Perron não queria ouvir ou considerar as palavras do outro... Ele sabia que o certo a fazer era romper com Robert que, no fundo, só se interessava por si mesmo.
(...)
Henri contemplou o escritório e tudo o que aquele ambiente representara em sua vida nos últimos quinze anos... Também refletiu sobre tudo aquilo ser uma síntese do egocentrismo de Dubreuilh, “o autor do universo”, o único capaz de definir o que é o Bem ou a Verdade...
Poderia Henri fechar atrás de si aquela porta para sempre?
(...)
Perron foi se retirando ao mesmo tempo em que garantia que sua saída de L’Espoir não prejudicaria o jornal e nem o SRL... Robert disse que em dois dias resolveria toda situação, mas ele nem se importou com as palavras que pretendiam ser reconciliadoras.
Leia: Os Mandarins. Editora Nova Fronteira.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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