sexta-feira, 22 de novembro de 2013

“Os Mandarins”, de Simone de Beauvoir – Perron está de saída para a conferência, mas Paule o provoca dizendo que vai conversar com Dubreuilh; ela diz que quer acabar de uma vez com a influência nefasta do outro sobre Henri, e revela que tratou de seus planos com Lambert; Henri a chama de “imunda” e ameaça não mais retornar ao estúdio; com a promessa de que não mais procuraria Dubreuilh, Paule tem acesso aos manuscritos; para Henri restou a dúvida, porém a palestra não podia ser cancelada

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/11/os-mandarins-de-simone-de-beauvoir_21.html antes de ler esta postagem:

Henri não quis alimentar a discussão... Silenciou... Mas ao passar por ela, ouviu-a dizer que iria até Vigilance ter com Dubreuilh. Então ele quis saber por que ela se dispunha àquilo... Paule disse que buscaria explicações e que tinha muitas coisas a falar-lhe, inclusive da parte do próprio Henri... O rapaz pediu que ela não se metesse na relação entre ele e Robert... Ela respondeu que o livraria de Dubreuilh, o “gênio do mal”.
Perron ficou perplexo... Precisava saber do assunto que Paule estava disposta a tratar com Dubreuilh, mas ao mesmo tempo devia se apressar para não atrasar o início da conferência na casa de Claudie... A moça estava decidida, já que havia refletido muito e, assim, descobrira que era Dubreuilh quem destruía o amado. Henri percebeu que só ameaçando romper com ela é que talvez a dissuadisse.
Paule garantiu que não estava “tendo visões”... Explicou que possuía informações seguras... Sobre isso, Henri descartou Anne (e Paule manifestou que essa era “ainda mais cega” do que ele)... Então a moça confessou que havia conversado com Lambert.
Paule esclareceu que telefonou para o rapaz e pediu-lhe que a visitasse... Ela disse que também Lambert não gostava de Dubreuilh (Henri tinha certeza disso). Perron teve vontade de esbofeteá-la... Segurou-a pelo punho, gritou que sua iniciativa havia sido rasteira, obra de uma “imunda”. Ela manteve-se passiva e proferiu palavras que ainda mais irritaram Henri, que teve de ouvir que a vida dele era também dela; que havia se sacrificado por ele; que, assim sendo, tinha direitos sobre a vida dele...
Henri irritou-se profundamente. Esbravejou garantindo que não havia exigido nenhum sacrifício dela... Disse que procurou ajudá-la a ter uma vida independente, mas ela mesma a recusava... Então concluía que a situação só dizia respeito a ela... Insistiu que ela não tinha nenhum direito sobre ele...
Paule ouviu sem ousar interrompê-lo, depois falou que não quis a própria independência porque sabia que ele necessitava de sua dedicação máxima.
Henri não conseguia argumentar... Falou que havia momentos em que tinha vontade de não mais retornar ao estúdio... E que se ela procurasse Dubreuilh nunca mais o viria...
Paule ainda quis fazê-lo entender que seu único intento era “salvá-lo”, pois ele estava se perdendo, “aceitando tudo quanto é compromisso” e “falando nos salões”. Chegou ao cúmulo de garantir que ele não queria lhe mostrar os manuscritos porque se reconhecia derrotado e envergonhado por uma produção textual “certamente ridícula”.
Numa última tentativa de evitar a loucura de Paule, Henri perguntou-lhe se ela desistiria de falar com Dubreuilh se tivesse acesso aos seus manuscritos... A troca foi acertada... Ele permitiu o acesso aos seus papéis, e ela deu sua palavra de não mais procurar Robert Dubreuilh. Henri abriu a gaveta e tirou o “volumoso caderno verde-acinzentado”... Ele deu-lhe autorização para ler tudo. A moça desmanchou-se de contentamento e disse que depois conversariam a respeito dos textos.
(...)
Perron estava prestes a se retirar enquanto refletia sobre o calhamaço... Paule gritou-lhe um “até logo”... Ele seguiu pela escada imaginando que quando retornasse a encontraria completamente transtornada pelas palavras que revelavam o seu desejo de rompimento... Parou como quem vacila... O grande cachorro preto do apartamento vizinho avançou contra ele... Então decidiu descer mais rapidamente... E não foi devido ao ataque do animal feroz.
(...)
Já na mansão de Claudie, tratando um pouco da história do jornalismo francês, Henri notava que seu público portava “pequenos chapéus, joias, peles...” Eram mulheres em sua maioria, mas Vincent e Lambert também estavam por ali. Ao final da falação seguiu-se a ovação geral.
Leia: Os Mandarins. Editora Nova Fronteira.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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