segunda-feira, 11 de novembro de 2013

“Os Mandarins”, de Simone de Beauvoir – Henri deixa o apartamento de Lambert e segue para o escritório; nada revela a Luc; no estúdio, onde Paule o aguarda, também não entra em detalhes sobre a conversa com Trarieux; sua peça é devolvida mais uma vez e Paule apresenta suas opiniões; impaciente, Henri diz que poderia mostrar-lhe a peça futuramente e que o livro teria de ser recomeçado; Perron quer apenas descansar do longo dia de chateações

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/11/os-mandarins-de-simone-de-beauvoir_8.html antes de ler esta postagem:

Henri se despediu de Lambert e de seu pai... O Sr. Lambert lamentou, disse que já havia lido a todos os seus textos e que gostaria de conversar com ele a respeito. Henri garantiu que não faltaria ocasião para um futuro encontro. Na sequência ele apertou a mão do velho, que sabia muito bem que dificilmente se reencontrariam...
O pai de Lambert era um ex-chefe colaboracionista... Era certo que logo estaria preso e sem a menor possibilidade de sair da cadeia (veremos que ele chegou a ser libertado). Lambert seguiu com Henri até a porta e ao se despedir esclareceu que havia tido uma ideia sobre a qual poderiam tratar no dia seguinte... Perron solicitou apenas que aparecesse mais tarde porque pretendia se encontrar com Victor Scriassine... Para Lambert pareceu perfeito porque já havia reservado a tarde para Nadine, com quem permaneceria até as dez da noite.
(...)
Para Luc, Henri disse simplesmente que a conversa com Trarieux não havia ocorrido ainda... Lidou com a redação e cortes... Depois foi para o estúdio e esperava encontrar Peule em sono profundo. Definitivamente não queria falar-lhe sobre o seu destino ou o do jornal.
Paule estava acordada. Sentada no divã, apresentava-se maquiada em seu vestido de seda com as cores do arco-íris... Dirigiu-se até ele para um beijo de recepção. Na sequência quis saber como havia sido a conversa com Trarieux. Henri respondeu que o milionário estava de acordo.
A moça problematizou perguntando se aquela situação o aborrecia... Discutir a respeito da situação era o que Henri menos queria, então respondeu simplesmente que “o problema já havia sido resolvido há muito tempo”.
Henri se irritava com aquilo... Paule pretendia poupá-lo... E ao mesmo tempo a sua condição permitia-lhe o “requinte” de não ser pressionada por ele a respeito dos testes para voltar a cantar... Mas ela não desconfiava que o amado, além de desprezá-la, considerava a sua acomodação merecedora de aniquilação.
Foi com solicitude que ela passou-lhe o envelope com a carta de Poncelet... Mais uma vez recusavam a peça que Henri havia escrito... Os originais eram devolvidos com felicitações e as observações sobre a “grandiosidade da obra”, e também sobre os inconvenientes devido aos escândalos que expunha. Evidentemente ninguém pretendia correr riscos bancando a peça... Percebe-se que o conteúdo referia-se ao passado, que tanta gente desejava esquecer ou alterar de acordo com suas convicções.
Henri ficou chateado porque prezava mais a sua produção dramatúrgica do que os seus livros... Gostaria de vê-la encenada... Paule, dando a entender que sabia o que ele pensava, disse que a peça tinha de ser representada... Sentenciou que Henri não voltaria ao seu texto literário enquanto não se libertasse da peça. Disse isso convicta... Mas Henri esclareceu que a peça não tinha nada a ver com o seu romance.
Paule insistiu em continuar a falar da produção literária de Henri... Ele se esquivava e respondeu que era por preguiça que o livro não tinha saído, e que até poderia refazê-lo porque havia “começado mal”... A moça observou que ninguém nunca o vira daquela maneira, e que gostaria de ter lido o manuscrito para, quem sabe, aconselhá-lo...
Henri não deu a menor importância ao zelo que ela demonstrava... Disse apenas que poderia mostrar-lhe a peça... Depois, como a se despedir do dia, esclareceu que estava caindo de sono e que, devido ao compromisso com Scriassine, não apareceria no estúdio no dia seguinte.
Ele quis finalizar a conversa e o contato físico com um leve beijo de boa noite na têmpora dela... Deitou-se e virou-se para a parede... Ele sabia que em ocasiões como aquela ela o agarraria, iria tremer e resmungar até que se atracassem... Ele desconfiava que aquilo produzisse pouca satisfação para Paule, embora o seu comportamento sugerisse o inverso... É claro que Perron detestava aqueles momentos... Felizmente para ele, a moça se comportou e permaneceu tranquila até adormecer... Certamente ela concluiu que o amado necessitava de descanso para a mente mais do que qualquer outra coisa.
Leia: Os Mandarins. Editora Nova Fronteira.
Um abraço
Prof.Gilberto

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