quinta-feira, 28 de novembro de 2013

“Os Mandarins”, de Simone de Beauvoir – as gentilezas de Henri proporcionaram-lhe uma noite com Josette; troca de frases descompromissadas pela manhã; um passeio a pé pela cidade; as pequenas preocupações de Josette; as expectativas de Henri em relação ao que ela pensava a seu respeito; a verdadeira idade; conclusões sobre mãe e filha

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/11/os-mandarins-de-simone-de-beauvoir_27.html antes de ler esta postagem:

Mesmo a ideia de Henri sobre a “decepção” anunciada pela cartomante (de que se algo de errado ocorresse poderia ser com o vestido encomendado por ela) a entristecia... O que vestiria para o jantar? Henri achava graça daquela frustração burguesa por algo tão pequeno...
Josette se mostrou encantada com o “modo gentil de arranjar as coisas” de Henri... Para ela, era uma pena que Deus não lhe cedesse o dom de “determinar as coisas”. Ficaram bem próximos um do outro e Henri tomou-a nos braços.
(...)
No parágrafo seguinte vemos Perron despertando ao lado de sua pequena Josette... Estava feliz... Não queria interromper o sono dela, mas logo ela também despertou e o impediu de seguir para o bar, onde esperava tomar café.
Josette fez questão de fazer-lhe um chá... Abraçaram-se e trocaram palavras descompromissadas... Ela a chamava de “meu pequeno fauno” e ela protestava dizendo que, então, era uma “fauna”. O estado de graça era tal que Henri poderia chamar à sua parceira de “princesa persa, pequena índia, raposa, trepadeira”...
Enquanto tomavam chá, ele se perguntava como é que a moça que se vestia tão bem poderia viver num ambiente de decoração tão sem harmonia... Ficou sabendo que Lulu “havia ajudado na instalação". Gostaria de fazer-lhe perguntas sobre o seu modo de vida, mas disse apenas que tudo era bem bonito ali...
Depois Perron sugeriu que passeassem a pé pelas ruas... Por algum tempo Josette se dedicou a abrir gavetas e a remexer em roupas para definir o que vestiria... Caminhar pelas ruas a passeio (às nove da manhã) não era programa habitual para ela.
A moça se vestia e se exibia para Henri com ares de preocupada, sem saber se estava agradando ou não. De sua parte, Henri pensava apenas em como ela se sentia internamente e se a noite havia sido satisfatória para ela... Ele significava algo para ela?
(...)
Henri apontou para o seu romance que estava a um canto e perguntou-lhe se havia lido. Ela respondeu que não, pois tinha dificuldades para ler e logo a sua mente a conduzia a devaneios, perdendo completamente o sentido da leitura...
Ele quis detalhes a esse respeito, mas ela mesma não sabia definir o que ocorria... Então a pergunta seguinte foi sobre se ela já havia se apaixonado muitas vezes... Josette deu de ombros, enquanto ele insistia que muitos deveriam ter se apaixonado por ela, que era tão linda.
Josette inspirava compaixão em Henri... Uma moça delicada, que não trabalhava e “tinha mãos de senhorita”... Tão vulnerável... Ela estranhando andar pelas ruas àquela hora do dia; ele estranhando tê-la como companhia... A moça tinha certa dificuldade de caminhar com sapatos altos e tropeçava várias vezes... Henri quis saber a sua idade e ela disse que tinha 21... Ele insistiu para que dissesse a idade verdadeira. Então Josette confessou que contava 26 anos, mas pediu que não falasse nada a respeito daquela revelação à sua mãe.
Henri deixou-a tranquila, disse que já havia esquecido aquela conversa. Emendou que a aparência dela era de muito jovem... Josette esclareceu que se cuidava muito, porém isso a fatigava...
Os dois caminhavam de braços dela e ela apertava.
(...)
Henri se sentia muito bem em poder caminhar com a bela Josette... Pediu a ela que não se fatigasse, e perguntou se o seu desejo de representar era antigo... A moça respondeu que nunca quis ser manequim e que não gostava de homens mais velhos.
Então concluía que Lulu devia escolher os amantes da filha... Podia ser mesmo que nunca tivesse se apaixonado... Pensava nessas coisas e também no significado que ele poderia ter para ela... A noite havia sido bem significativa, então esses escrúpulos o acompanhavam.
Leia: Os Mandarins. Editora Nova Fronteira.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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