sábado, 16 de novembro de 2013

“Os Mandarins”, de Simone de Beauvoir – ao deixar a mansão de Claudie, Henri teve a confirmação do entendimento de Lambert com as ideias de Volange; revelações sobre a vivência sem afinidades intelectuais substanciais com Louis Volange; para Lambert, que conhecia a situação da Alemanha Oriental, tanto Henri quanto Scriassine eram parciais; Perron vê que L’Espoir tem uma missão a cumprir entre os jovens intelectuais; as mudanças se processam sem maiores traumas e Lambert é aceito no comitê; Vincent expõe suas desconfianças

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/11/os-mandarins-de-simone-de-beauvoir_15.html antes de ler esta postagem:

Já fora da mansão de Claudie, Henri comentou sobre a reunião que haviam deixado para trás... Lambert assumiu que concordava com Louis em relação às discussões políticas, que “deviam ser proibidas”... Disse também que enquanto Scriassine se mostrava parcial em relação à URSS, Henri se posicionava totalmente a favor, e ambos ignoravam o que se passava na Alemanha Oriental.
Henri argumentou que não era parcial, pois era daqueles que desconfiavam que não houvesse perfeição na URSS... Acrescentou que, em sua opinião, seria de admirar se nada ocorresse bem por lá... Completou dizendo que (todavia) os soviéticos é que estavam “no caminho bom caminho”.
Depois os dois pensaram sobre os reais motivos de Victor Scriassine pretender aquela reunião... Enquanto falavam sobre isso, Lambert sugeriu que, da parte de Louis, talvez ele almejasse a reaproximação junto a Henri... Perron explicou que a amizade entre os dois no passado havia sido estranha e, a rigor, não se gostavam... Conheceram-se no Liceu de Tulle (Louis vinha de Paris e se aproximou de Henri por considerá-lo menos provinciano). Isso explicava a proximidade que vivenciaram, mas era só, Henri fazia questão de garantir...
Lambert manifestou sua simpatia por Volange... Henri entendeu que aquele vínculo tinha a ver com o desprezo do rapaz em relação à política e a defesa da “literatura pura” que o outro fazia. Então ele explicou que entendia que a maneira como a pessoa se situa no mundo e perante suas demandas revela quem ela é e o que deseja.
Já na motocicleta, Henri pensou sobre os tipos da geração de Lambert e suas ideias... Sentenciou que era preciso fazer-lhes oposição... Ao desembarcarem, disse a Lambert que aceitava sua proposta de participação no jornal, e que esse fato o deixava feliz. Disse isso para agradecer decentemente a dedicação e desprendimento do moço em ajudá-lo a manter L’Espoir.
(...)
Já em seu quarto, Perron pensou ainda no rancor que vinha nutrindo contra Dubreuilh... Aquilo não passaria tão cedo... Sobre Lambert pertencer ao comitê do periódico, considerou que deveria ser bom... Pensou que Lambert se afinaria ao cotidiano do jornal, onde poderia vivenciar uma formação política. Mas sabia que isso não seria fácil... Em relação ao trabalho em L’Espoir, constatou que não podia abrir mão porque se tratava de “trincheira” para lutar contra o retorno de tipos como Louis Volange.
Através da literatura poderia mostrar aos outros o modo como “enxergava o mundo”... Será que havia tentado com sinceridade escrever o seu “livro gratuito”? Poderia reiniciá-lo... É claro que estava contente com a sua peça... Pensava nessas coisas... Demorou para dormir.
(...)
Lambert foi mesmo aceito no comitê do jornal sem maiores dificuldades por Trarieux e Samazelle... Os que faziam parte dos círculos de L’Espoir não deram conta do que se passava no jornal... As mudanças notadas eram vistas como ajustes administrativos... Vincent quis saber de Henri o que se passava... Estava de mau humor... Disse que não conhecia Trarieux, mas, considerando o muito dinheiro que possuía, só podia ser um tipo perigoso... Deu sua opinião dizendo que seria melhor para o jornal não vinculá-lo... Henri garantiu que não era possível prescindir da verba que ele injetava. Vincent reclamou também da participação de Lambert, e a seu respeito destacou a reconciliação com o pai. Perron disse que confiava em Lambert e que não havia provas de que o velho havia entregado Rosa aos nazistas.
Vincent demonstrava-se desolado... Luc lamentava terem de depender do dinheiro de Trarieux... Enquanto Vincent se retirou irritado, Luc perguntou a Henri se ele havia dito que sabia do socorro (certamente ilícito) que ele havia providenciado anteriormente ao jornal. Perron tranquilizou-o garantindo que nada disse e que nada diria.
Leia: Os Mandarins. Editora Nova Fronteira.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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