Os policiais queriam obter de Jamal a revelação sobre o que fez com que ele tivesse tanto sucesso no programa televisivo, surpreendendo a todos... Queriam saber se ele conseguia respostas transmitidas através de algum minúsculo fone de ouvido sem fio... Ou se havia algum chip implantado em sua pele... O moço que não tinha nada a dizer sobre aquelas hipóteses apanhou muito, chegando a ficar inconsciente. Qualquer trauma mais grave que o rapaz sofresse poderia, mais tarde, depor contra a polícia...
Sem alternativas, o investigador passou a perguntar como é que ele conseguiu responder as questões “mais difíceis” e como teve dificuldades para responder as “mais fáceis”, que “qualquer criança saberia”... Jamal fala sobre sua vida de muito sofrimento desde a infância na favela de Juhu, em Mumbai... A sujeira e a falta de saneamento imperavam em meio ao aglomerado de barracos. Fala das divertidas partidas de cricket que ele e os amigos da infância disputavam na pista do aeroporto e que, invariavelmente, terminavam em disparada fuga devido à perseguição dos seguranças... Relata sobre o episódio em que conseguiu o autógrafo de Amitabh Bachchan, um antigo astro do cinema indiano... A narrativa do rapaz revelou por que ele não teve dificuldade para responder à questão alusiva ao ator durante o programa porque ele mesmo era um fã de Bachchan...
Então,
seguindo a narrativa do interrogado, o filme mostra a localidade em que
funcionavam as latrinas na favela do tempo da infância de Jamal... Rampas de
madeira levavam os necessitados a minúsculos barracos elevados sobre fossas
repletas de excrementos. Salim, o irmão mais velho de Jamal, alugava uma dessas
latrinas. Houve uma ocasião em que Bachchan visitou a favela... E Jamal
lembrava-se perfeitamente, pois estava usando a latrina quando o helicóptero do
artista sobrevoou chamando a atenção de todos... Salim irritou-se com o irmão
porque sua demora em retirar-se da “cabaninha” fez com perdesse um cliente. Sua vingança foi
travar a porta com uma cadeira e retirar-se anunciando aos gritos a chegado do famoso
astro de cinema. Jamal não podia abrir a porta, então, sem pestanejar, retirou
do bolso uma fotografia de Bachchan, elevou-a o mais alto que pôde e, em
seguida, lançou-se aos excrementos, mergulhando até a cabeça... Seguiu no rumo
da multidão e, completamente sujo e malcheiroso, ultrapassou a todos, entregando ao
artista a fotografia... O outro assinou... Jamal conta que exibia o autógrafo
como se troféu fosse. Mas não possuía mais a fotografia autografada porque
Salim surripiou-a e vendeu por algumas moedas.
Jamal fala sobre a escola
aonde sempre chegavam atrasados... O lugar é de boas recordações, apesar da
superlotação da sala... Jamal conta sobre a leitura dirigida do texto Os três Mosqueteiros (Dumas) em que o
professor deixava os meninos curiosos pelas aventuras e em descobrir quem seria
o terceiro dos mosqueteiros, já que haviam decorado os nomes de Athos e Phortos...Os trechos descritos acima são bem engraçados, mas a sequência da história daquela criança é repleta de dramas... A começar pelo massacre sofrido pela comunidade favelada provocado pela intolerância... Um dia chegaram vários homens armados com porretes para linchar até a morte as mulheres e crianças que encontrassem pelo caminho... Hinduístas que eram, estavam eliminando muçulmanos como os familiares de Jamal... O cenário vivido pelas crianças foi de terror completo ao testemunharem o assassinato da própria mãe enquanto lavava roupas com outras mulheres...
Atordoados, os dois irmãos fogem pelos becos em que se notam a destruição provocada pelos incêndios. Jamal recorda-se de uma “visão” que teve durante a fuga, tratava-se da divindade Rama. Isso explica como ele não podia deixar de saber a resposta da questão formulada pelo apresentador de Quem quer ser um milionário? sobre quais são objetos que estão nas mãos de Rama representado em gravuras. Aquilo estava impregnado em suas memórias...
Indicação (16 anos)
Continua em https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2012/03/filme-quem-quer-ser-um-milionario-jamal.html
Um
abraço,
Prof.Gilberto
