terça-feira, 6 de março de 2012

Considerações sobre "Política Educacional e Prática da Gestão Escolar", de Vitor Henrique Paro

Tomei conhecimento do texto durante uma reunião do grupo de estudos do qual participo na EE Adolfo Casais, a diretora da escola apresentou o material para discussão e reflexões... Em minha opinião realizamos um debate bastante proveitoso. Deixo aqui algumas considerações.

Política Educacional e Prática da Gestão Escolar é texto de Vitor Henrique Paro, professor da FEUSP. A leitura leva-nos a refletir sobre a responsabilidade dos gestores nas escolas e suas práticas numa sociedade democrática.
Não podemos deixar de ressaltar que se trata, então, mais especificamente, de uma sociedade que há pouco tempo superou um longo período de repressão política e que, por isso mesmo, ainda carece de fortalecer a Democracia nas diversas relações entre suas classes para a concretização de uma realidade mais justa, em que todos exerçam a cidadania... A Política Educacional em vigor deve ser entendida como produto dessa sociedade.
O autor destaca que é por meio da Educação que ocorre a formação de “personalidades autônomas” na convivência com outros. A Administração Escolar tem de ser um reflexo dessa Política Educacional. Ela deve ser democrática, levando em conta as condições dos protagonistas da comunidade escolar, notadamente professores e alunos.
A Democracia, nos dizeres de Faro, tem o sentido de “mediação para a realização da convivência pacífica e livre entre os indivíduos e grupos na sociedade”... É em sua relação com o mundo, interpretando-o, transformando-o, e criando, que o ser humano se faz... O não convívio democrático implica em “desumanizar-se” porque corresponde a negar ao outro a sua condição de sujeito, anulá-lo... A condição de minha plenitude, nesse sentido, relaciona-se a admitir que o meu semelhante tenha o seu “direito de ser”... Democracia requer convivência pacífica entre sujeitos que se respeitam mutuamente.
As ações pedagógicas (como as aulas) também possuem muito de administrativo. Sim, porque elas ocorrem para que o fim da educação se concretize... A administração torna-se meramente burocratizada quando realizada como “fim em si mesma”... A papelada e as cobranças que advém dela não contribuem para um trabalho docente de melhor qualidade... No ambiente de sala de aulas os resultados desse tipo de procedimento são as repetições de fórmulas que acabam exigindo das crianças e adolescentes apenas os resultados imediatistas para que etapas sejam superadas até que a aprovação no sistema seja alcançada... Bem o oposto disso são as ações pedagógicas que têm por fim a formação do indivíduo cidadão.
Assim, a Educação torna possível ao indivíduo atualizar-se “histórica e culturalmente”. A Educação Formal deve proporcionar a transformação desse indivíduo. Se não fosse assim, não haveria motivos para existirem escolas... As escolas não podem ser ambientes em que os alunos são reduzidos a “receptáculos de conteúdos” sem vínculos com a sua realidade, ou que pouco contribuam para a apropriação da cultura historicamente produzida. Como o processo é democrático, devemos considerar ainda que o aluno só se engaja nas atividades se quiser.
É claro que aí temos um entrave. Muitos recorrem a condicionar os registros favoráveis ao comportamento ajustado e a determinados “rituais”... Quer dizer, os alunos considerados aptos a prosseguir os estudos são aqueles que, além de manter disciplina exemplar, realizam todas as tarefas solicitadas pelos professores.
Então, o que fazer? A prática pedagógica deve propor atividades que contribuam para o reconhecimento e valorização do outro, e que sejam voltadas para o exercício da cidadania e Democracia conforme tratado aqui.
A situação não é simples... Se assim fosse, seria o caso de pensarmos sobre cursos que tivessem Cidadania e Democracia como temáticas... A conclusão é a de que esses valores são construídos nas diversas relações que são estabelecidas na cotidiana formação de sujeitos mais autônomos.

Um abraço,
Prof.Gilberto

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