Phileas Fogg previra certos entraves à sua viagem... Registrava em sua planilha os horários de chegada e de partida, portanto tinha noção exata do tempo que lhe restava para cumprir a volta ao mundo em oitenta dias... Sabia se estava atrasado ou adiantado.
Para tranquilizar o general, Fogg explicou que estava tudo sob controle, pois até ali conseguira uma “folga de dois dias”. Era 22 de outubro e ele sabia que podia chegar a Calcutá no dia 25, quando sairia um vapor para Hong Kong ao meio-dia.
(...)
Era apenas uma questão de
encontrar um meio de transporte que os levasse até Allahabad... Chegariam a
tempo!
Os demais passageiros já haviam providenciado os
veículos para a viagem de oitenta quilômetros. No povoado encontraram “palkigharis
de quatro rodas (charretes puxadas por zebus), carruagens, palanquins,
pôneis...”
Phileas Fogg e o amigo general deram uma volta, mas já não havia nada
que pudessem alugar... O aventureiro sentenciou que percorreria o trajeto a pé.
Foi então que Passepartout,
que também havia saído em busca de transporte, interveio dizendo que encontrara
alternativa: um elefante que pertencia a um senhor que morava a poucos passos
de onde estavam.
Fogg decidiu que deviam tratar com o indiano.
(...)
Seguiram para o casebre indicado por Passepartout. O homem os recebeu e
logo falaram a respeito do interesse dos viajantes.
O grande animal não era criado para se tornar “besta de carga”, mas para
ser usado “em combate”... O proprietário cuidava de alimentá-lo com açúcar e
manteiga com a intenção de torná-lo mais agressivo. Já fazia três meses que
iniciara o “tratamento”.
O animal originalmente dócil se tornaria agressivo, adquiriria o “mutsh”,
que na língua dos indianos era algo como “temperamento da raiva”. Mesmo assim, Fogg
entendeu que não podia perder a oportunidade. Não era possível que o elefante
saísse a derrubar tudo o que encontrasse pela frente, pois ainda não dera tempo
de transformá-lo tal como o indiano desejava.
O elefante chamava-se Kiuni... Seu porte avantajado dava a entender que avançaria
a boa velocidade. O transporte até Allahabad não seria mais problema.
Todavia não seria fácil convencer
o dono. Ele sabia que os elefantes estavam escassos. Os circos os adquiriam a
elevados preços...
Fogg manifestou o seu interesse de alugar o animal,
mas o indiano recusou no mesmo instante.
Por mais que Fogg se
mostrasse disposto a pagar bem pela utilização da montaria (chegou a 40 libras
por hora!), o indivíduo negava terminantemente.
(...)
Phileas Fogg não
desistiu e perguntou ao homem se ele venderia Kiuni por mil libras.
Passepartout se espantou com a oferta anunciada... O general Cromarty
achou que o excêntrico companheiro de viagem precisava refletir melhor a
respeito do que estava tratando, por isso o chamou a um canto.
Fogg explicou que seus atos
eram resultado de apuradas reflexões... Sua prioridade era cumprir a “volta ao
mundo em oitenta dias”, o que poderia render-lhe 20 mil libras. Sabia que
precisava do elefante e que, se fosse necessário, ofereceria ainda mais por
ele.
Depois de responder ao general, Fogg voltou-se para o
indiano e aumentou sua oferta... 1200, 1500, 1800, até chegar às duas mil libras!
Passepartout ainda mais se espantou com a impetuosidade do patrão.
(...)
O dono do elefante aceitou a irrecusável oferta.
Fogg contratou um rapaz parse, conhecedor do ofício de “mahut”, para
conduzi-los de elefante até a estação de Allahabad. Prometeu-lhe uma boa
recompensa assim que chegassem ao destino.
O moço ajeitou uma manta no lombo do elefante e dois cestos nas laterais
do grande animal.
Cromarty aceitou a carona...
Ainda em Kholby compraram
algumas provisões... Fogg e o general acomodaram-se cada um num dos cestos...
Passepartout instalou-se no lombo do elefante. O parse tomou sua posição de
condutor ao montar no pescoço de Kiuni.
Partiram às nove da manhã.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2017/03/a-volta-ao-mundo-em-oitenta-dias-de_20.html
Leia: A
Volta ao Mundo em Oitenta Dias – Coleção “Eu Leio”. Editora Ática.
Um abraço,
Prof.Gilberto