sexta-feira, 24 de março de 2017

“A Volta ao Mundo em Oitenta Dias”, de Júlio Verne – da “Coleção eu Leio” – ação no início da madrugada; perfurando a parede do templo; correria em meio à escuridão; da impossibilidade de resgatar a jovem viúva; de decepção e devaneios

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2017/03/a-volta-ao-mundo-em-oitenta-dias-de_16.html antes de ler esta postagem:

Fogg e seus companheiros de resgate esperaram por muitas horas pelo momento adequado para agir.
De vez em quando o guia parse retirava-se do sítio seguro sob a copa da árvore para observar os guardas... Era desanimador, pois os tipos mantinham-se firmes e com seus sabres desembainhados.
O interior do templo também devia estar bem protegido. Pelo visto aqueles que cuidavam de vigiar a prisioneira não participavam do entorpecimento que alucinava os demais fanáticos.
Calcularam que fosse meia-noite e entenderam que teriam de agir de outra forma. Talvez perfurando a parede. Mesmo essa possibilidade não era de toda segura, pois os sacerdotes certamente dificultariam ao máximo qualquer resgate até que os guardas viessem em seu socorro.
(...)
O parse conduziu os companheiros de viagem até a parede dos fundos do templo. Caminharam protegidos pela escuridão e não encontraram nenhum guarda ou qualquer obstáculo. No ponto em que se posicionaram podiam se sentir seguros também graças às altas árvores. Todavia restava a tarefa de abrir uma passagem pela parede.
Contavam apenas com os seus canivetes! Apesar disso animaram-se para a tarefa porque as paredes do templo de Pillaji eram bem frágeis. Aos poucos a mistura de tijolos e madeira foi cedendo aos golpes. Depois de tirarem o primeiro tijolo, planejaram fazer uma abertura de uns sessenta centímetros. O guia parse e Passepartout trabalhavam em sintonia e tudo indicava que obteriam êxito.
De repente, gritos vindos do interior do templo foram ouvidos. Deu para perceber que gritaram também do lado de fora. Passepartout e o parse pararam o que estavam fazendo porque imaginaram que os hindus haviam descoberto tudo.
(...)
Ainda bem protegidos pela escuridão, os quatro se retiraram para a segurança que as árvores proporcionavam. De onde estavam podiam observar a movimentação dos guardas. Bem podia ser que se tratasse de um alerta e que em pouco tempo os brutamontes retornassem às suas posições.
Mas puderam notar que alguns deles foram deslocados para a parede do fundo do templo, no lugar mesmo em que haviam iniciado a perfuração.
(...)
Aquilo foi como que um “balde de água fria”.
Não haveria como salvar a jovem viúva. Ao seu modo, cada um descarregou a indignação que trazia no peito. O general Cromarty “mordeu os punhos”; Passepartout agitou-se a deu passos desordenados; o parse preocupava-se em acalmá-lo.
Apenas Phileas Fogg não esboçava fisionomia ou reação que revelassem qualquer sentimento. O general perguntou se a única coisa que tinham a fazer era partir. O guia parse concordou que era isso mesmo o que lhes restava.
Fogg rompeu o próprio silencio ao sentenciar que ele precisaria estar em Allahabad antes do meio-dia. Cromarty quis saber o que ele queria dizer com aquilo e emendou que em poucas horas o dia amanheceria.
O excêntrico Fogg respondeu que no “momento supremo” poderia surgir outra oportunidade de resgatar a prisioneira. O general ficou estarrecido a pensar que tipo de ação Fogg estava planejando. Se lançaria contra os fanáticos armados no instante do suplício? Mas aquilo seria loucura! Seria aquele inglês tão louco assim?
(...)
De qualquer modo o general decidiu permanecer até o fim junto aos companheiros. Em seus pensamentos pairava a constatação de que o plano de Fogg tinha tudo para dar errado.
O cuidadoso parse também estava preocupado e conduziu os três europeus para a segurança da clareira afastada. A atmosfera tornou-se mais calma e ao longe os fanáticos adormecidos podiam ser contemplados.
Passepartout acomodou-se nos galhos de uma árvore. Permaneceu em silêncio, mas nitidamente pensava a respeito da confusão em que haviam se metido. Deixou escapar um “Que loucura!” e depois um “Por que não, apesar de tudo?”
Leia: A Volta ao Mundo em Oitenta Dias – Coleção “Eu Leio”. Editora Ática.
Um abraço,
Prof.Gilberto

Páginas