quarta-feira, 1 de março de 2017

“A Volta ao Mundo em Oitenta Dias”, de Júlio Verne – da “Coleção eu Leio” – Francis Cromarty entre os passageiros para Calcutá; sobre suas impressões a respeito de Phileas Fogg e indagação a respeito de possíveis inconvenientes, como a intromissão de seu criado em templo hindu; território plano e atravessado por riachos que abastecem o Godavari; cultivos locais, palmeiras e florestas; Passepartout admira-se por estar no interior da Índia, tudo proporcionado pelo colonialismo inglês

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2017/02/a-volta-ao-mundo-em-oitenta-dias-de_26.html antes de ler esta postagem:

O trem para Calcutá partiu com considerável número de passageiros... Em seu meio, estavam negociantes e funcionários, em geral da administração colonial. Entre os negociantes havia os que lidavam com ópio e os que vendiam índigo e buscavam as terras mais a leste.
Passepartout foi instalado no mesmo compartimento onde estava Phileas Fogg... O general Francis Cromarty, que também estivera no Mongólia, tinha bilhete para a mesma composição. De Suez até Bombaim, o militar fora companheiro de Fogg nas partidas de uíste...
A respeito de Cromarty, o texto destaca que se tratava de um tipo alto, louro, que contava uns cinquenta anos. Havia se destacado no último confronto com os sipaios (1857-1859) e conhecia tanto a Índia que, exceto por sua constituição física, podia mesmo ser confundido com um dos nativos... Além de a maior parte de sua existência ter se dado no subcontinente, retornava poucas vezes à Inglaterra.
De bom grado responderia qualquer dúvida a respeito da região... Todavia Fogg jamais manifestara qualquer curiosidade. As cartas do baralho eram o vínculo que estabeleceram no Mongólia, mesmo assim Francis Cromarty notou a singularidade de Fogg...
Phileas Fogg estava fazendo a viagem ao redor do mundo, e isso era tudo o que importava. Sua falta de interesse pelo percurso em si chamava a atenção do militar. Ele até gostaria de discutir a respeito, pois jamais conhecera alguém com aquele perfil, produto das “ciências exatas”.
O general sabia dos objetivos de Fogg. Este lhe falara a respeito. Mas para ele o projeto carecia de “finalidade útil”... Lamentava que o cavalheiro passasse a vida sem produzir algo de interessante para si ou pelos demais.
(...)
O trem seguia a estrada... Tudo em volta era escuridão. Muitos passageiros acomodaram-se em sacos de dormir. Em seu silêncio, Fogg calculava o percurso, o tempo que se passou desde a saída de Londres, e o que ainda tinha pela frente.
Uma hora se passou... Viadutos foram vencidos e a ilha de Salsette ficou para trás... A composição alcançou Pauwell e dali rumou para paisagens montanhosas. As áreas mais elevadas eram cobertas de florestas.
Neste ponto, o general puxou assunto que se referia aos planos de Fogg e os eventuais transtornos que a viagem pudesse enfrentar. Ele disse que houve tempo em que a estrada terminava naquele ponto, junto às montanhas. Então teriam de prosseguir até Kandallah em montarias como pôneis.
Phileas Fogg respondeu que situações como aquela haviam sido previstas por ele, assim a demora não o prejudicaria, já que em seu planejamento previra obstáculos variados. O general olhou para Passepartout, que dormia tranquilamente, e disse que o governo inglês não admitia o tipo de confusão em que o criado havia se metido. Ele desrespeitou os costumes religiosos hindus e podia ter sido preso.
Fogg ouviu a observação e respondeu que, neste caso, seu criado podia ser julgado e condenado... Cumpriria a pena estabelecida e depois retornaria “tranquilamente para a Europa”. Sendo assim, não via como o fato poderia atrasá-lo.
Finalizaram o assunto...
(...)
O trem prosseguiu pela paisagem montanhosa e passou por uma localidade chamada Nasik. A 21 de outubro alcançou a região de Khandeish, mais plana... A campina era bem cultivada e muitas aldeias podiam ser contempladas... Cada uma delas possuía seu templo (ou pagode) caracterizado pelo minarete.
À luz do dia podia-se contemplar riachos que seguiam para o Godavari... Isso explica a irrigação e a fertilidade do lugar.
Passepartout olhava admirado... Mal podia crer que viajava pela Índia numa composição da “Great peninsular railway”... Um maquinista inglês conduzia o trem abastecido por carvão inglês!
Os cultivos eram variados: algodão, café, noz moscada, cravo, pimenta... Muitas palmeiras embelezavam ainda mais o ambiente. De vez em quando podiam ser vistos viharis, que são “monastérios abandonados” e muitos templos com arquitetura tipicamente indiana.
A estrada férrea cortava uma imensidão territorial... A máquina assustava as ferozes criaturas com o seu apito. Serpentes, tigres e elefantes buscavam refúgios no interior da densa floresta.
Leia: A Volta ao Mundo em Oitenta Dias – Coleção “Eu Leio”. Editora Ática.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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