segunda-feira, 20 de março de 2017

“A Volta ao Mundo em Oitenta Dias”, de Júlio Verne – da “Coleção eu Leio” – viajando de elefante; Phileas Fogg mantém-se calmo e bem disposto; atravessando a cadeia das Vindhias; território do alto Bundelkund e os fanáticos hindus de violentos rituais

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2017/03/a-volta-ao-mundo-em-oitenta-dias-de_8.html antes de ler esta postagem:

Como sabemos, a estrada de ferro não estava terminada e era interrompida no povoado de Kholby. Vimos que os passageiros providenciavam outros meios para prosseguir a viagem até Allahabad.
Phileas Fog decidiu comprar o elefante Kiuni e contratou um parse para conduzi-lo.
O general Francis Cromarty aceitou a carona. Ele e o excêntrico Fog se posicionaram nos cestos acoplados na lateral do grande animal.
O parse sentou-se sobre o pescoço de Kiuni, enquanto que o lombo do paquiderme se tornou o posto de Passepartout.
(...)
O guia conhecia bem a região e sabia o que tinha de fazer para finalizar o percurso no menor tempo. Ele se afastou das áreas onde os operários trabalhavam para a conclusão da ferrovia. Aliás, a cadeia de montanhas Vindhias tornava o traçado muito sinuoso. Sua intenção era percorrer atalhos que encurtariam a distância em uns trinta quilômetros.
Os dois ingleses permaneceram em silêncio e resignaram-se à sua condição de viagem... Também Passepartout permaneceu calado.
O condutor não era de muita proza e parecia um equilibrista sobre a montaria. Conforme o elefante seguiu a passadas regulares, o rapaz era atirado para frente e para trás... Parecia que cairia para um dos lados, mas seguia com maestria e bom humor... Eventualmente retirava um torrão de açúcar de sua bolsa para agradar Kiuni, que levava a ponta da tromba para se apossar do regalo sem perder a marcha.
(...)
Depois das duas primeiras horas, o condutor fez uma parada... Kiuni avançou sobre uns arbustos e os viajantes puderam descansar.
O general sentia-se muito cansado. A experiência estava “quebrando seus ossos”, então, para ele, repouso de uma hora foi providencial. Ao notar que Phileas Fog mantinha-se com boa disposição comentou com Passepartout que ele só podia ser de ferro.
Por volta de meio-dia retomaram a marcha... Aos poucos a floresta mais densa ficou para trás. A paisagem alterou-se, viram muitas “touceiras de tamarindos e palmeiras anãs”. Depois notaram planícies cobertas por arbustos raquíticos.
Penetraram o alto Bundelkund, região evitada por viajantes, pois a população local era praticante de rituais hindus violentos. Verne destaca que “infelizmente o domínio inglês não havia submetido a área”, que sofria a influência de rajás. Evidentemente esses mantinham-se refugiadas graças às elevadas montanhas Vindhias.
O parse contratado para conduzir Kiuni sabia como evitar as complicações... Não perdia tempo e evitava contato com bandos de hindus nitidamente agressivos que faziam caretas e gestos de ataque quando notavam a passagem do elefante.
(...)
Passepartout distraía-se observando alguns poucos macacos que surgiam no percurso... Em silêncio refletia sobre os últimos acontecimentos... Jamais imaginaria passar por aquelas terras estranhas. Pensava também em seu patrão e no seu firme propósito de realizar a volta ao mundo em oitenta dias a qualquer preço. Não é que se dispusera a desembolsar duas mil libras pelo elefante? O que seria feito do animal logo que chegassem a Allahabad? Certamente o patrão não continuaria com ele, pois os custos pelo transporte seriam altíssimos... Podia vender o elefante ou deixá-lo em liberdade. Será que Phileas Fogg lhe daria de presente? Não se podia duvidar que isso viesse a ocorrer.
O pobre rapaz preocupou-se com essa última possibilidade.
(...)
Percorreram aproximadamente quarenta quilômetros e assim deixaram para trás porção significativa de montanhas da cadeia... Às oito da noite o parse parou o elefante junto a um bangalô abandonado. As instalações estavam deterioradas, mas o local era seguro para se repousar.
O rapaz fez uma fogueira e todos se acomodaram no interior da pousada. Jantaram parte das provisões que foi comprada em Kholby. Conversaram sobre o dia que tiveram e logo caíram em sono profundo.
O elefante foi acomodado junto a uma árvore, onde adormeceu em pé. O parse permaneceu junto ao seu lado e a vigiá-lo.
Ao longe podia-se ouvir gritos de macacos e rugidos de leopardos e panteras... A noite passou sem que nada de extraordinário ocorresse aos fatigados viajantes. Phileas Fogg adormeceu como se estivesse na tranquilidade de sua casa da Saville Row.
Leia: A Volta ao Mundo em Oitenta Dias – Coleção “Eu Leio”. Editora Ática.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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