Depois dos fragmentos expressivos da filosofia iluminista, suas referências sobre a sociedade e a justiça, o texto lembra que o movimento produziu ideias econômicas que reforçaram a desigualdade.
(...)
Sem
entrar em maiores detalhes, o autor problematiza o Liberalismo que foi
impulsionado desde meados do século XVIII com a Revolução Industrial. Ele vê
como contraditório o fato de os iluministas defenderem “a pessoa humana, seus direitos,
a igualdade, a liberdade, a fraternidade” e ao mesmo tempo consolidarem “os
interesses da burguesia”.
Aconteceu que os “patrões” interpretaram a liberdade como
a possibilidade de lucrarem sem nenhum obstáculo... Sua relação com os
empregados, por exemplo, não podia ter nada que restringisse o seu poder de
impor o que bem entendessem... Nenhuma lei deveria determinar salários, jornada
ou condições mínimas de trabalho. O lucro estava acima de tudo para os que
possuíam os meios de produção...
Ari Herculano de Souza cita a “doutrina” do “laissez
faire, laissez passer” para mostrar que os ideais de igualdade do Iluminismo
haviam ficado comprometidos, pois a “igualdade” ficava para os que detinham
poder econômico, os patrões... Aos operários restava a exploração.
Embora
essas contradições tivessem impedido maiores avanços, não se deve deixar de
reconhecer que os ideais iluministas proporcionaram o engajamento de várias
sociedades em movimentos por uma realidade mais justa. Alguns deles defenderam
direitos humanos e mereceram o destaque no capítulo sobre os “Direitos Humanos
na Atualidade”.
Assim, a Independência dos Estados Unidos é lembrada
como parte de um processo de lutas intensas entre o reino inglês e os colonos
da América do Norte, que desejaram se livrar das taxações excessivas que não
contavam com qualquer representatividade de seus pares... Influenciados pelo Iluminismo
lançaram a Declaração que definia a liberdade e a felicidade como “direitos
naturais e inalienáveis”.
Abaixo
segue o trecho selecionado pelo autor:
“Da Declaração de
Independência dos Estados Unidos – 1776”
“Nós consideramos como
evidentes as seguintes verdades:
Todos os homens foram criados
iguais; foram dotados pelo Criador de certos direitos inalienáveis; entre estes
direitos se encontram a vida, a liberdade e a busca da felicidade, e os
governos foram estabelecidos pelos homens para garantir estes direitos, e seu
justo poder emana do consentimento daqueles que são governados. Todas as vezes
que uma forma de governo se torna destruidora destes objetivos, o povo tem o
direito de mudá-lo ou aboli-lo e estabelecer um novo governo, fundado nos
princípios e organizado na forma que lhe parecerem mais convenientes à sua
segurança e à sua felicidade”.
Também aí o autor vê uma contradição...
Ao
mesmo tempo em que o país declara a “busca da felicidade” um direito do povo,
impede muitos outros de serem livres para buscarem a plenitude que melhor lhes
aprouver... Vários deles desejosos de estabelecerem “governos fundados em princípios
e organizados na forma que lhes parece mais conveniente à sua segurança e à sua
felicidade”.
Obviamente a crítica evidenciada no parágrafo anterior está
relacionada à política imperialista dos Estados Unidos sobre as demais nações,
e mais determinantemente durante o período de “Guerra Fria” no decorrer da
década de 1980, época em que o livro foi publicado... O autor reforça que essa
política imperialista impedia que os povos submetidos exercessem em plenitude
os direitos básicos, pois “o fruto de seu trabalho, sua riqueza, é explorado
por nações mais poderosas”.
Continua em https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2019/06/os-direitos-humanos-de-ari-herculano-de_2.html
Leia: Os
Direitos Humanos. Editora Do Brasil.
Um abraço,
Prof.Gilberto